«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Qual será o futuro religioso do Brasil?

FRANCISCO BORBA RIBEIRO NETO

O novo perfil do catolicismo brasileiro é marcado pelo êxodo dos católicos "por convenção" e pelo surgimento de comunidades dinâmicas

Na discussão sobre a redução do percentual de católicos no país, reavivada pelo "Novo Mapa das Religiões no Brasil", da FGV, frequentemente se imagina um passado em que a ampla maioria dita católica teria o perfil que se espera do católico urbano atual. Mas o "catolicismo popular" brasileiro é muito diferente disso.


Ele sempre foi mais um "cristianismo popular", permeado por sincretismos e particularismos, em que a influência do magistério romano foi muito relativa.


Por isso, a redução do percentual de católicos no país deve ser lida como a explicitação de uma diversidade religiosa camuflada e o aflorar de visões de mundo populares antes ocultas e recalcadas.


Entre os anos de 1991 e 2009, enquanto a porcentagem de católicos caiu 15%, a dos "sem religião" aumentou apenas 2%; a de evangélicos aumentou 10%.
Isso sugere que estamos num caminho diferente da Europa, onde a religião vem perdendo espaço na sociedade, e mais próximo ao norte-americano, onde há grande diversidade de religiões e estas permanecem influentes na vida social.


A presença do fator religioso nas eleições de 2010 ilustra essa tendência e mostra como ela poderá influenciar a relação entre religiões e sociedade no futuro do Brasil.
Quanto ao catolicismo brasileiro, seu novo perfil é marcado pelo êxodo dos católicos "por convenção" e pelo surgimento de um novo polo dinâmico, representado principalmente pelos movimentos e pelas novas comunidades.


Na arquidiocese de São Paulo, por exemplo, são reconhecidos mais de 40 grupos, que variam de poucas dezenas de participantes em uma paróquia a movimentos com centenas de pessoas, que já se ramificam na Europa e nos EUA.


O laicato tem papel preponderante nessas organizações, que contam com leigos consagrados à obra, muitos dos quais celibatários.


Contando, desde João Paulo 2º, com o apoio explícito do Vaticano, conseguem uma síntese entre pluralidade e unidade. Com isso, resolveram vários problemas do catolicismo do final do século 20, como a necessidade de pluralismo interno, a autonomia dos leigos, a falta de padres e o celibato.


No Brasil, seu grande desafio é formativo, pois se propõem à exigente tarefa de conciliar renovação litúrgica, mística cristã, evangelização, trabalho cultural e ação social.
Os dados indicam que continuaremos a ser, no futuro, um país cristão, com um povo marcado pela religiosidade. Isso diz muito, mas deixa muito ainda por dizer.


Fundamentalismo versus racionalidade, individualismo versus solidariedade, bem comum versus clientelismo, essas são algumas das questões que estão intimamente ligadas à forma como compreendermos e praticarmos nossas opções religiosas no futuro.


FRANCISCO BORBA RIBEIRO NETO é coordenador do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP, editor-assistente no Brasil da revista "Communio" e um dos organizadores dos livros "Um Diálogo Latino-Americano: Bioética & Documento de Aparecida" (Difusão, 2009) e "Economia e Vida na Encíclica Caritas in Veritate" (Companhia Ilimitada, 2010). 


Fonte: Folha de S. Paulo - Tendências/Debates - Quarta-feira, 12 de outubro de 2011 - Pg. A3 - Internet: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1210201108.htm

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