«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 27 de julho de 2013

17º Domingo do Tempo Comum - Ano C - HOMILIA

Evangelho: Lucas 11,1-13

11,1 Um dia, num certo lugar, estava Jesus a rezar. Terminando a oração, disse-lhe um de seus discípulos: “Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou a seus discípulos”. 
2 Disse-lhes ele, então: “Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o vosso nome; venha o vosso Reino; 
3 dai-nos hoje o pão necessário ao nosso sustento; 
4 perdoai-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos àqueles que nos ofenderam; e não nos deixeis cair em tentação”. 
5 Em seguida, ele continuou: Se alguém de vós tiver um amigo e for procurá-lo à meia-noite, e lhe disser: “Amigo, empresta-me três pães, 
6 pois um amigo meu acaba de chegar à minha casa, de uma viagem, e não tenho nada para lhe oferecer; 
7 e se ele responder lá de dentro: ‘Não me incomodes; a porta já está fechada, meus filhos e eu estamos deitados; não posso levantar-me para te dar os pães’; 
8 eu vos digo: no caso de não se levantar para lhe dar os pães por ser seu amigo, certamente por causa da sua importunação se levantará e lhe dará quantos pães necessitar. 
9 E eu vos digo: pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. 
10 Pois todo aquele que pede, recebe; aquele que procura, acha; e ao que bater, se lhe abrirá. 
11 Se um filho pedir um pão, qual o pai entre vós que lhe dará uma pedra? Se ele pedir um peixe, acaso lhe dará uma serpente? 
12 Ou se lhe pedir um ovo, dar-lhe-á porventura um escorpião? 
13 Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que lho pedirem”. 


JOSÉ ANTONIO PAGOLA

APRENDER O PAI-NOSSO

Recitamos, tantas vezes, o Pai-nosso e, frequentemente, de maneira tão apressada e superficial, que acabamos, às vezes, por esvaziá-lo de seu sentido mais profundo.

Esquecemo-nos que esta oração nos foi presenteada por Jesus, como a oração que melhor recolhe o que ele vivia no mais íntimo de seu ser e a que melhor expressa o sentir de seus verdadeiros discípulos. 

De certo modo, ser cristão é aprender a recitar e viver o Pai-nosso. Por isso, nas primeiras comunidades cristãs, rezar o Pai-nosso era um privilégio reservado unicamente aos que se comprometiam a seguir Jesus Cristo.

Talvez, necessitemos "aprender" de novo o Pai-nosso. Fazer que essas palavras que pronunciamos tão rotineiramente, nasçam com vida nova em nós, cresçam e se enraízem em nossa existência.

Eis aqui algumas sugestões que podem ajudar-nos a compreender melhor as palavras que pronunciamos e deixar-nos penetrar pelo seu sentido.

Pai nosso que estais nos céus. Deus não é, em primeiro lugar, nosso juiz e Senhor e, muito menos, nosso rival e inimigo. É o Pai que, das profundezas da vida, escuta o clamor de seus filhos.

Ele é nosso, de todos. Não sou eu aquele que reza a Deus. Isolados ou juntos, somos nós aqueles que invocamos o Deus e Pai de todos os homens. Impossível invocá-lo sem que cresça e aumente em nós o desejo de fraternidade.

Está nos céus como lugar aberto, de vida e plenitude, para onde se dirige o nosso olhar em meio às lutas de cada dia.

Santificado seja o vosso Nome. O único nome que não é um termo vazio. O Nome do qual vivem os homens e a criação inteira. Bendito, santificado e reconhecido seja em todas as consciências e lá onde pulsa algo de vida.

Venha a nós o vosso Reino. Não pedimos para ir, o quanto antes, ao céu. Gritamos que o Reino de Deus venha, o quanto antes, à terra e se estabeleça uma ordem nova de justiça e fraternidade onde ninguém domine ninguém, mas onde o Pai seja o único Senhor de todos.

Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. Não pedimos que Deus adapte a sua vontade à nossa. Somos nós aqueles que nos abrimos à sua vontade de libertar e irmanar os seres humanos.

O pão nosso de cada dia, dai-nos hoje. Confessamos com alegria a nossa dependência de Deus e lhe pedimos o necessário para viver, sem pretender agarrar-nos ao supérfluo e desnecessário que perverte o nosso ser e nos fecha aos necessitados.

Perdoai as nossas dívidas, egoísmos e injustiças, pois estamos dispostos a estender esse perdão que recebemos de vós a todos os que nos tenham feito algum mal.

Não nos deixeis cair na tentação de esquecer vosso rosto e explorar os nossos irmãos. Preservai-nos em vosso seio de Pai e ensinai-nos a viver como irmãos.

E livrai-nos do mal. De todo mal. Do mal que cometemos cada dia e do mal do qual somos vítimas constantes. Orienta nossa vida para o Bem e a Felicidade.

TRÊS CHAMADOS DE JESUS

"E eu vos digo: pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á". É provável que Jesus tenha pronunciado estas palavras quando se movia pelas aldeias da Galileia pedindo algo para comer, buscando acolhida e batendo à porta dos vizinhos. Ele sabia aproveitar as experiências mais simples da vida para despertar a confiança de seus seguidores no Pai Bondoso de todos. 

Curiosamente, em nenhum momento nos diz o que temos de pedir ou buscar nem a qual porta temos de bater. O importante para Jesus é a atitude. Diante do Pai temos de viver como pobres que pedem o que necessitam para viver, como pessoas perdidas que buscam o caminho que não conhecem bem, como desvalidos que batem à porta de Deus.

Os três chamados de Jesus nos convidam a despertar a confiança no Pai, porém o fazem com matizes diferentes:
  • "Pedir" é a atitude própria do pobre. A Deus devemos pedir o que não podemos dar a nós mesmos: o alento, a vida, o perdão, a paz interior, a salvação.
  • "Buscar" não é somente pedir. É, além disso, dar passos para conseguir o que não está ao nosso alcance. Desse modo, temos de buscar, antes de tudo, o Reino de Deus e sua justiça: um mundo mais humano e digno para todos.
  • "Bater" é dar golpes na porta, é insistir, gritar a Deus quando o sentimos distante. 
A confiança de Jesus no Pai é absoluta. Deseja que seus seguidores não esqueçam nunca: "todo aquele que pede, recebe; aquele que procura, acha; e ao que bater, se lhe abrirá". Jesus não diz que recebem, concretamente, aquilo que estão pedindo, que encontram o que andam buscando ou que alcançam aquilo que gritam. Sua promessa é outra: àqueles que confiam nele, Deus lhes dá; àqueles que vão até Ele, recebem "coisas boas".

Jesus não dá explicações complicadas. Propõe três exemplos que podem ser compreendidos pelos pais e mães de todos os tempos. Que pai ou mãe, quando o filho lhe pede um pão, lhe dá uma pedra redonda, como aquelas que se podem ver pelas estradas? Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma daquelas cobras d'água que, às vezes, aparecem nas redes de pesca? Ou, se lhe pedir um ovo, lhe dará um escorpião desses amontoados que se veem pelas margens do lago?

Os pais não zombam de seus filhos. Não os enganam nem lhes dão algo que possa fazer-lhes mal, mas "coisas boas". Jesus tira, rapidamente, a conclusão: "quanto mais vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que lho pedirem". Para Jesus, aquilo de melhor que podemos pedir e receber de Deus é seu Alento que sustenta e salva a nossa vida.

"Pois todo aquele que pede, recebe; aquele que procura, acha; e ao que bater, se lhe abrirá."

Tradução do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: MUSICALITURGICA.COM - Homilías de José A. Pagola - Segunda-feira, 22 de julho de 2013 - 19h55 - Internet: http://www.musicaliturgica.com/0000009a2106d5d04.php

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.