«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

REFORMAS, NAS MÃOS DOS CORRUPTOS

CLÓVIS ROSSI *
Quando era criança, ouvia seguidamente uma frase de minha avó, filha de italianos, quando as coisas não andavam bem:

"Piove, governo ladro" [Chove, governo ladrão!], resmungava a afável dona Josefa.

Eu achava graça no fato de minha avó culpar o governo (leia-se, os políticos) supostamente ladrão até pela chuva.

Não acho mais, agora que verifico que oito de cada dez brasileiros têm a mesma opinião de dona Josefa sobre os políticos em geral. É o que mostra o Barômetro 2013 da Transparência Internacional.

Para 81% dos brasileiros consultados, os partidos políticos são corruptos. A nota para os partidos é de 4,3, quando 5 é o sinal de que são "extremamente corruptos". Os parlamentos, compostos necessariamente por políticos, não se saem melhor, como é óbvio: são corruptos para 72% e ficam com nota 4,1.

É nas mãos dessa gente que acabou ficando a reforma política depois que a presidente Dilma Rousseff desistiu, a jato, de um processo constituinte exclusivo. Se o grito das ruas, ainda que implicitamente, era por "novas formas de atuação dos poderes do Estado, em todos os níveis federativos", como disse a presidente, então as ruas perderam.

É quase impossível que instituições tão desprestigiadas quanto os partidos e os parlamentos encampem "novas formas de atuação".

Até porque o Barômetro-2013 é um feio retrato de todas as instituições públicas brasileiras, exceto os militares, apontados como corruptos pela menor porcentagem dos pesquisados (30%).

Sorte nossa que a rua brasileira, bem ao contrário da egípcia, não pediu um golpe militar, instrumento que torço para que esteja definitivamente enterrado.

A polícia é vista como corrupta por 70% dos entrevistados, e mesmo o Judiciário não escapa de um resultado ruim (50%).

Corruptos para menos da metade dos consultados são apenas as Organizações Não Governamentais, a mídia, as entidades religiosas, os homens de negócio e o sistema educacional. Ah, os serviços de medicina e saúde, outro ponto da agenda agora, são corruptos para 55%.

É natural que, no conjunto, o Brasil seja percebido, este ano, como muito ou um pouco mais corrupto que no ano anterior por 47% dos entrevistados, enquanto outros 35% acham que o país ficou na mesma, ou seja, com idêntico - e elevado - teor de corrupção de 2012.
Clóvis Rossi - jornalista

A pesquisa põe números científicos na crise da democracia representativa, tema de 11 de cada 10 comentários recentes, a partir do momento em que as ruas promoveram cenas explícitas e maciças de desconfiança nas instituições.

Não é um problema só brasileiro, o que já foi dito neste espaço uma e mil vezes. O relatório diz:
"No mundo todo, os partidos políticos, a força dirigente das democracias, são percebidos como as instituições mais corruptas".

É um cenário dramático porque, pelo menos no Brasil, as chances de que os partidos se reinventem tendem a zero. O que só reforça a necessidade de buscar formas alternativas de participação popular no jogo político-administrativo.

* Clóvis Rossi é repórter especial e membro do Conselho Editorial da Folha de S. Paulo, ganhador dos prêmios Maria Moors Cabot (EUA) e da Fundación por un Nuevo Periodismo Iberoamericano. É autor, entre outras obras, de "Enviado Especial: 25 Anos ao Redor do Mundo" e "O Que é Jornalismo". 

Fonte: Folha de S. Paulo - Colunistas - 11/07/2013 - 03h42 - Internet: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/clovisrossi/2013/07/1309360-reformas-nas-maos-dos-corruptos.shtml

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