«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 9 de julho de 2013

"HÁ UMA CRISE DE LEGITIMIDADE DO ATUAL SISTEMA POLÍTICO"

Entrevista com Manuel Castells

Gabriel Manzano

Para estudioso espanhol, as instituições têm de buscar novas formas de democracia, 
pois as atuais se esgotaram
Manuel Castells - sociólogo espanhol

O que há no mundo, como mostram há tempos os protestos de rua, "é uma crise de legitimidade do atual sistema político", adverte o sociólogo espanhol Manuel Castells. "É uma rejeição aos partidos e o clamor por transparência e participação", acrescenta. Estudioso, desde os anos 1990, da cultura digital e de seu impacto na sociedade, Castells afirma que "a democracia atual deixou de ser democrática, segundo a maioria dos cidadãos do mundo". Nesta entrevista ao O Estado de S. Paulo, desde Barcelona, onde vive, ele avisa: "Cabe às instituições encontrar novas formas de democracia, porque as que temos já estão esgotadas".

Pela rápida mobilização do governo e do Congresso, o sr. vê nos protestos do Brasil um êxito maior que em outros países?

Manuel Castells - Sim, e isso se deve ao caráter mais democrático da presidente Dilma, embora essa abertura às demandas populares não se verifique também na classe política - incluindo a maioria do PT. Mas é claro que os movimentos não vão acreditar nessa abertura até verem resultados concretos nas políticas sociais e na reforma política.

A ausência, nesses atos, de movimentos tradicionais, como CUT, MST, UNE e os sem teto, indica que esses grupos, e mesmo os sindicatos, estão perdendo espaço na sociedade em rede? 

Manuel Castells - Os novos movimentos sociais dispõem de autonomia de organização, debate e mobilização. As entidades burocratizadas, com uma cúpula profissional que negocia em nome dos filiados, estão tão ameaçadas quanto os partidos políticos. 

Como descreveria o impacto dessas redes, em especial na democracia contemporânea?

Manuel Castells - Elas apontam para uma crise de legitimidade do atual sistema político, organizado na partidocracia, na política midiática e na dominação da política pelo dinheiro, legal e ilegalmente. Analisei todo esse processo em meu livro Comunicação e Poder (não lançado ainda no Brasil). Em todos os casos, em diferentes contextos e condições econômicas, o que há de comum é a rejeição aos partidos e o clamor por transparência e participação. Os cidadãos lembram aos políticos que o governo não é deles, mas dos cidadãos que os elegem e pagam. Agora cabe às instituições encontrar novas formas de democracia, porque as que temos estão esgotadas no mundo inteiro.

Mas os protestos organizados em rede têm limites. Não oferecem interlocutores e as demandas são muito amplas. Como superar essa contradição?

Manuel Castells - Não é uma contradição. Eles rechaçam a gestão dos governos por entender - provavelmente com razão - que a gestão dos políticos é em benefício próprio, não para os cidadãos. Eles criticam a corrupção, a arrogância, a falta de transparência e de participação. A essa rejeição cabe às instituições responder com diálogo e propostas de mudança. Não se trata de negociar com uma cúpula, mas de responder às demandas do movimento. O que é seguro é que a democracia atual deixou de ser democrática, segundo a maioria dos cidadãos em todo o mundo, e que sua recuperação terá de ocorrer a partir dos movimentos autônomos surgidos na rede. O maior perigo para a democracia é a atual classe política.

Fonte: O Estado de S. Paulo - Política - Terça-feira, 9 de julho de 2013 - Pg. A4 - Internet: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,ha-uma-crise-de-legitimidade-do-atual-sistema-politico-diz-castells,1051538,0.htm

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.