«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 4 de fevereiro de 2017

5º Domingo do Tempo Comum – Ano A – HOMILIA

Evangelho: Mateus 5,13-16

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos:
13 Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se tornar insosso, com que salgaremos? Ele não servirá para mais nada, senão para ser jogado fora e ser pisado pelos homens.
14 Vós sois a luz do mundo. Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte.
15 Ninguém acende uma lâmpada e a coloca debaixo de uma vasilha, mas sim num candeeiro, onde brilha para todos que estão na casa.
16 Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus.

JOSÉ ANTONIO PAGOLA

SER SAL E LUZ PARA TRANSFORMAR

Se os discípulos vivem as bem-aventuranças [como Jesus nos falou no domingo passado], sua vida terá uma projeção social. É o próprio Jesus quem diz isso empregando duas metáforas inesquecíveis. Mesmo que pareçam um grupo insignificante no interior do poderoso império controlado por Roma, serão "sal da terra" e "luz do mundo".

Não é uma pretensão ridícula? Jesus explica-lhes como isso será possível. O sal não parece grande coisa, porém começa a produzir seus efeitos, precisamente, quando se mistura com os alimentos e parece ter desaparecido. A mesma coisa acontece quando se acende uma luz: somente pode iluminar quando a colocamos em meio às trevas.

Jesus não está pensando numa Igreja separada do mundo, escondida atrás de seus ritos e doutrinas, fechada em si mesma e em seus problemas. Jesus quer introduzir na história humana um grupo de seguidores capazes de transformar a vida, vivendo as bem-aventuranças.

Todos sabemos para que serve o SAL. De um lado, não deixa os alimentos se corromperem. Do outro, dá-lhes sabor e permite que os possamos saborear melhor. Os alimentos são bons, porém podem se estragar; têm sabor, mas podem nos parecer insípidos. É necessário o sal.

O mundo não é ruim, porém pode se estragar. A vida tem sabor, porém pode tornar-se insípida e sem sentido. Uma Igreja que vive as bem-aventuranças, contribui para que a sociedade não se corrompa e se desumanize mais. Aqueles discípulos de Jesus que vivem seu evangelho, ajudam a descobrir o verdadeiro sentido da vida.

um problema e Jesus adverte os seus seguidores. Se o SAL se torna insosso, já não serve para nada. Se os discípulos perdem sua identidade evangélica, já não produzem os efeitos desejados por Jesus. O cristianismo se torna estragado. A Igreja fica anulada. Os cristãos passam a sobrar na sociedade.

O mesmo acontece com a LUZ. Todos sabemos que ela serve para clarear. Os discípulos iluminam o sentido mais profundo da vida, se podemos ver neles "as obras" das bem-aventuranças. Por isso, não devem esconder-se. Tampouco, devem atuar somente para serem vistos. Com sua vida devem trazer claridade para que, na sociedade, se possa descobrir o verdadeiro rosto do Pai do céu.

Não nos é permitido servir-nos da Igreja para satisfazer nossos gostos e preferências. Jesus a quis para ser sal e luz. Evangelizar não é combater a secularização moderna com estratégias mundanas. Menos ainda, fazer da Igreja uma "contra-sociedade". Somente uma Igreja que vive o Evangelho pode responder ao desejo original de Jesus.

"Vós sois a luz do mundo". Sem a luz do sol, o mundo fica às escuras e não podemos orientar-nos nem desfrutar da vida em meio às trevas. Os discípulos de Jesus podem trazer a luz que necessitamos para orientar-nos, aprofundar-nos no sentido último da existência e caminhar com esperança.

DAR SABOR À VIDA

Talvez, uma das tarefas mais urgentes da Igreja de hoje seja conseguir que a fé chegue aos homens como «boa notícia».

Com frequência, entendemos a evangelização como uma tarefa quase exclusivamente DOUTRINAL. Evangelizar seria levar a doutrina de Jesus Cristo àqueles que ainda não a conhecem ou a conhecem insuficientemente.

Então, nos preocupamos em assegurar o ensinamento religioso e a propagação do cristianismo frente a outras ideologias e correntes de opinião. Buscamos homens e mulheres bem formados, que conheçam perfeitamente a mensagem cristã e a transmitam de maneira correta. Tratamos de melhorar nossas técnicas e organização pastoral.

Naturalmente, tudo isto é muito importante, pois a evangelização implica o anúncio da mensagem de Jesus Cristo. Porém, isso não é a única coisa nem a mais decisiva.

Evangelizar não significa somente anunciar verbalmente uma doutrina, mas tornar presente na vida de um povo a força evangelizadora, libertadora e salvadora que se encerra no acontecimento e na pessoa de Jesus Cristo.

Entendida assim a evangelização, o mais importante não é contar com meios poderosos e eficazes de propaganda religiosa, mas saber atuar com o estilo libertador de Jesus e pôr uma energia salvadora entre os homens.

O mais decisivo não é ter homens e mulheres bem formados doutrinalmente, mas poder oferecer testemunhos vivos do evangelho. Pessoas de fé em cuja vida se possa ver a força humanizadora e salvadora que encerra o evangelho quando é acolhido com convicção e de maneira responsável.

Nós, os cristãos, temos confundido demasiado levianamente a evangelização com o fato de querer que se aceite socialmente o «nosso cristianismo».

Por isso, as palavras de Jesus que nos urgem ser «sal da terra» e «luz do mundo» nos obrigam a fazer-nos perguntas muito sérias:

* Nós que cremos somos uma «boa notícia» para alguém?
* Aquilo que se vive em nossas comunidades cristãs, o que se observa entre os fiéis, é uma «boa notícia» para as pessoas de hoje? Para quem?
* Os cristãos põem na atual sociedade algo que dê sabor à vida, algo que purifique, cure e liberte os homens da decomposição espiritual, da violência enraizada em nosso povo, do egoísmo brutal e ausência de solidariedade?
* Vivemos algo que possa iluminar as pessoas nestes tempos de incerteza e oferecer uma esperança e um horizonte novos a quem busca salvação?

Traduzido do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: Sopelako San Pedro Apostol Parrokia – Sopelana – Bizkaia (Espanha) – J. A. Pagola – Ciclo A (Homilías) – Internet: clique aqui.

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