«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

A mentira cai por terra!

Juro alto, falácia lucrativa

Clóvis Rossi

Juros altos representam uma impressionante transferência de renda de toda
a sociedade para uma parcela relativamente pequena, os portadores
de títulos da dívida, os chamados rentistas
 
Juros altos sufocam a economia e transferem renda para poucos!
André Lara Resende, um dos mais brilhantes cérebros do Brasil, fez bem em agitar o tema dos juros, mas faltou ir mais fundo no assunto.

Por isso, desencavo elementos de uma coluna de maio de 2003, na qual resumia um alentado estudo publicado pelo Fundo Monetário Internacional em 1999, que desmontava a sabedoria convencional que diz que aumentar os juros derruba a inflação e vice-versa.

Quem me chamou a atenção para o estudo foi o leitor e pesquisador Jacques Dezelin. Ele mergulhou em 1.323 casos de 119 países e verificou que, na maioria absoluta deles, a inflação caiu, qualquer que tivesse sido a ação do respectivo Banco Central (BC), aumentando, diminuindo ou mantendo a taxa de juros.

A maior porcentagem de êxito (ou seja, de casos em que a inflação caiu) se deu justamente quando o BC reduziu os juros. Nesse caso, a porcentagem de sucesso foi a 62,18% dos 476 casos examinados, contra 50,75% dos 398 casos em que a inflação caiu quando a taxa de juros aumentou.

A segunda maior porcentagem de sucesso se deu quando não se mexeu nos juros (53,45%).

Conclusão de Dezelin: «O que os dados estatísticos do FMI apontam é o caráter meramente aleatório da relação (ou melhor, a ausência de relação) entre a variação da taxa de juros do BC e a inflação».

Teoria alucinada de um pesquisador aloprado? Não foi a impressão que teve, por exemplo, Antonio Delfim Netto, do alto de sua tripla experiência como ministro da Fazenda (durante a ditadura), como deputado federal (à época) e como professor de economia (sempre).

Delfim me telefonou no dia em que saiu a coluna e perguntou se eu poderia lhe encaminhar o dossiê de Dezelin. Fiz mais: encaminhei a ele o próprio Dezelin. Depois, o pesquisador me contou que Delfim dissera, brincando ou não, que a única solução para o problema da dívida brasileira era queimar os papéis.

Outro profissional que me telefonou em seguida foi o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Queria saber quem era Dezelin.

Contei e perguntei: se eu lhe dissesse que se trata de um Nobel de Economia, você baixaria os juros (naquela altura estavam em obscenos 26,5%, em pleno governo de um PT que maldizia os juros e a dívida pública)?
CLÓVIS ROSSI
Jornalista autor deste artigo

Importante ressaltar dois dados desse estudo: primeiro, não foi feito pelo PSOL ou algum partido radical, mas pelo bastião da ortodoxia, o FMI.

Segundo, não foi analisado um caso isolado ou meia dúzia deles, mas 1.323 em 193 países (na verdade, menos, porque houve países estudados mais de uma vez).

Lara Resende, portanto, tocou a tecla certa, mas falta acrescentar um elemento essencial nessa história: juros altos representam uma impressionante transferência de renda de toda a sociedade para uma parcela relativamente pequena, os portadores de títulos da dívida, os chamados rentistas.

Basta dizer que, em apenas um ano, os rentistas (5 milhões de famílias?) recebem do governo, via juros, o que os beneficiários do Bolsa Família (14 milhões de famílias) levam 14 anos para ganhar.

Fonte: Folha de S. Paulo – Colunistas – Domingo, 19 de fevereiro de 2017 – 00h00 (Horário de Brasília – DF) – Internet: clique aqui.

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