Não a uma economia que mata
Sim a uma economia de comunhão!
Redação
Papa Francisco acolhe 1200 empresários, jovens e
estudiosos da
Economia de Comunhão de 54 países:
«O melhor e o mais concreto modo para não fazer do
dinheiro um ídolo
é partilhar o mesmo com outros»
“Economia e comunhão. Duas palavras que
a cultura atual conserva bem separadas e, frequentemente, considera opostas.
Duas palavras que vós, ao contrário, unis, aceitando o convite feito há 25 anos
por Chiara Lubich [fundadora do
movimento católico dos Focolares],
no Brasil, quando, diante do escândalo da desigualdade na cidade de São Paulo,
pediu aos empresários que se tornassem agentes de comunhão.”
Com
essas palavras o papa Francisco saúda os 1200 empresários, jovens e estudiosos
reunidos para festejar os 25 anos de
vida da Economia de Comunhão [4 de fevereiro de 2017]: “Há tempo eu estou sinceramente interessado
ao vosso projeto.” “Vós fazeis ver, com a vossa vida, que economia e comunhão
tornam-se mais belas quando se coloca uma ao lado da outra. Mais bela a
economia, certamente; mas, mais bela torna-se também a comunhão, porque a comunhão espiritual dos corações é ainda
mais plena quando se torna comunhão de bens, de talentos, de lucros.”
Diante
de um público extremamente atendo, o papa
Francisco expressou três votos e fez recomendações.
1º) O dinheiro. “É muito importante que no cerne da Economia de Comunhão exista a
comunhão dos vossos lucros. A Economia
de Comunhão é também comunhão dos lucros, do dinheiro, expressão da
comunhão de vida.” O Papa disse que o dinheiro: “torna-se ídolo quando se
torna o objetivo (…). Foi Jesus que atribuiu ao dinheiro a categoria de Senhor.”
E ainda: “Entende-se, portanto, o valor ético e espiritual da vossa escolha
de colocar em comum os lucros. O melhor e o mais concreto modo para não
fazer do dinheiro um ídolo é partilhar o mesmo com outros, especialmente com os
pobres (…). Quando partilhais e doais os
vossos lucros, estais fazendo um gesto de alta espiritualidade, dizendo com os
fatos, ao dinheiro: tu não és Deus, tu não és senhor, tu não és patrão!”
2º) A pobreza. “O principal problema ético do
capitalismo é a criação de descartáveis para, depois, procurar escondê-los ou
cuidar para que não sejam mais vistos (…). Os aviões poluem a atmosfera,
mas, com uma pequena parte do dinheiro das passagens plantarão árvores, para
compensar parte do dano à criação. As empresas dos jogos de azar financiam
campanhas para cuidar dos jogadores patológicos que elas criam. E, no dia em que as empresas de armas
financiarão hospitais para cuidar das crianças mutiladas pelas suas bombas, o
sistema terá atingido o seu ápice. A hipocrisia é isto!”
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PAPA FRANCISCO com empresários que participaram do Encontro |
Diante
desta abominação: “a Economia de
Comunhão, se quiser ser fiel ao seu carisma, não deve somente curar as vítimas
do sistema, mas, construir um SISTEMA no qual as vítimas sejam sempre menos, SISTEMA
no qual, possivelmente, não existam mais vítimas. Enquanto a economia
produzir uma vítima e existir uma só pessoa descartável, a comunhão não é ainda
realizada, a festa da fraternidade universal não é plena.”
3º) O futuro. “Esses 25 anos da vossa história demonstram que a comunhão e a empresa
podem crescer e estar juntas”, uma experiência limitada ainda a um pequeno
número de empresas, se comparado ao grande capital do mundo, “Mas, as
transformações na ordem do espírito, portanto, da vida, não são ligadas aos
grandes números. O pequeno rebanho, a lâmpada, uma moeda, um cordeiro, uma
pérola, o sal, o fermento: são essas as imagens do Reino que encontramos no
Evangelho. Não é necessário ser muitos
para mudar a nossa história, a nossa vida: basta que o sal e o fermento não se
tornem desnaturados (…), o sal não exerce a sua função crescendo em
quantidade; ao contrário, muito sal torna a comida salgada; mas, salvando a sua
‘alma’, a sua qualidade.” E, lembrando o tempo no qual não existia geladeira e
se partilhava porções de fermento para fazer um novo pão, o Papa estimulou os
empresários da Economia de Comunhão a
“a não perder o princípio ativo, a ‘enzima’ da comunhão”, praticando “a
reciprocidade.” “A comunhão não é
somente divisão, mas, também, multiplicação dos bens, criação de novo pão, de
novos bens, de novo Bem, com letra maiúscula.” E recomendou: “Doem-na a
todos, e, em primeiro lugar, aos pobres e aos jovens (…). O capitalismo conhece a filantropia, não a comunhão.”
E
ainda: “Vós já fazeis essas coisas. Mas, podeis
partilhar mais os lucros para combater a idolatria, transformar as estruturas
para prevenir a criação das vítimas e dos descartáveis; doar ainda mais o
vosso fermento para fermentar o pão de muitas pessoas. Que o ‘não’ a uma economia que mata torne-se um ‘sim’ a uma economia
que faz viver, porque partilha, inclui os pobres, usa os lucros para criar
comunhão.” “Faço votos de que continueis no vosso caminho, com coragem,
humildade e alegria… Continuar a ser
semente, sal e fermento de outra economia: a economia do Reino, no qual os
ricos sabem partilhar as suas riquezas e os pobres são chamados bem-aventurados.”
Esta
é a nova consciência com a qual se retoma a caminhada, com alegria e renovado
compromisso.
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