«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 24 de junho de 2014

A crise do etanol

Editorial

A dívida de mais de R$ 60 bilhões acumulada pelas empresas do setor sucroalcooleiro, que limita sua capacidade de investimentos e ameaça a continuidade das atividades das que teimosamente continuam a produzir etanol com certa regularidade, é o resumo financeiro da desastrada política energética do governo do PT na área de combustíveis renováveis. Como fez com as empresas de energia elétrica, às quais prometeu competitividade e crescimento, mas apresentou uma dolorosa conta que lhes comprometeu o equilíbrio financeiro, às empresas sucroalcooleiras o governo do PT prometeu a liderança mundial na produção de energia renovável e limpa para o setor de transportes, mas entregou uma crise para a qual ele próprio não tem nem sequer um esboço de solução.

Para as empresas que acreditaram no governo e investiram pesadamente na expansão de sua capacidade de produção, hoje soam como escárnio as palavras pronunciadas pelo ex-presidente Lula em 2006, quando se referiu ao "novo momento para a humanidade" que, no seu entender, estava sendo aberto pelo memorando de cooperação para a produção de álcool combustível assinado pelos governos brasileiro e americano. Por convicção ou esperteza, Lula então previu que o Brasil se tornaria referência mundial na produção de etanol de cana, um combustível avançado, de alta produtividade e não poluente.

O etanol, com certeza, continua sendo um combustível com essas características, mas sua produção no Brasil foi severamente prejudicada pelo governo - o de Lula e mais ainda o de Dilma. Com a descoberta de petróleo da camada do pré-sal, no qual o governo petista viu, mais do que um alívio para a questão energética, um veio de grande valor político-eleitoral, seu interesse pelo etanol decresceu rapidamente.

Depois, sem se preocupar em conter as pressões inflacionárias por meio de uma política fiscal mais adequada - com redução de suas próprias despesas, para aliviar a demanda interna - e outros mecanismos mais eficazes, entre os quais o desestímulo ao consumo, o governo passou a controlar com mais rigor os preços que têm grande peso na composição dos principais índices de inflação, como o dos combustíveis. Isso prejudicou severamente o desempenho financeiro da Petrobrás, mas prejudicou ainda mais o setor sucroalcooleiro.

Com o estímulo dado pelo governo do PT, em seu primeiro ano, para a produção de veículos flex, que utilizam álcool e gasolina em quaisquer proporções, também a produção do etanol foi estimulada. Além disso, a obrigatoriedade de adição de álcool à gasolina - justificada por razões ambientais - assegurava uma atraente fatia do mercado para o biocombustível produzido a partir da cana. Este é o lado positivo da política petista para o setor sucroalcooleiro.

Tudo o que essa política podia ter de positivo, porém, foi destruído pelo controle de preços - conhecido viés petista - também na área de combustíveis. O congelamento por longos períodos do preço da gasolina, além de prejudicar financeiramente a Petrobrás, impôs perdas severas para o setor sucroalcooleiro. Como o álcool tem rendimento inferior ao da gasolina, para que o consumidor opte pelo biocombustível em detrimento do derivado de petróleo, é preciso que o preço seja adequado. O álcool só é competitivo se seu preço não superar 70% do da gasolina.

Por isso, o congelamento de um, o da gasolina, obviamente impõe também o do outro, do álcool. A Petrobrás teve compensações, embora não integrais, para as perdas que teve com o congelamento, pois foi subsidiada pelo governo, com a redução para zero da alíquota do tributo que incide sobre a gasolina (a Cide). Mas o setor sucroalcooleiro, cujos custos de produção subiram enquanto o preço do álcool estava congelado, teve perdas.

É a pior crise já enfrentada pelo setor. Nas últimas cinco safras, 44 usinas fecharam. Outras 33 estão em regime de recuperação judicial e 12 não moerão cana neste ano. O espectro do desemprego ronda mil municípios onde se planta cana.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Notas & Informações – Domingo, 22 de junho de 2014 – Pg. A3 – Internet: clique aqui.

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