É, APENAS, A "ELITE BRANCA" QUE ESTÁ DESCONTENTE?
Dora Kramer
Jornalista
Gilberto Carvalho (PT-PR) Ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República do Brasil |
Não parou em pé uma semana a
justificativa de que os insultos dirigidos à presidente Dilma Rousseff na
abertura da Copa foram obra de ação orquestrada pela “elite branca” presente ao
estádio.
E quem a derrubou foi o mesmo Gilberto Carvalho, secretário-geral da
Presidência da República, que em janeiro último pôs abaixo a versão oficial
sobre os protestos de junho de 2013. Segundo o governo e o PT, a ebulição era
produto do êxito das administrações petistas que tornaram as pessoas mais
exigentes e o “Brasil mais forte”, na expressão da presidente.
Na ocasião, Carvalho falava no
Fórum Social, em Porto Alegre, e desabafou com franqueza sobre as
manifestações: “Ficamos perplexos,
fizemos tanto por essa gente e agora eles se levantam contra nós”. Ele se
dirigia a uma plateia amiga, como anteontem, quando disse a um grupo de
blogueiros e militantes governistas que no
Itaquerão “não tinha só elite branca”.
Nesse movimento de duas
avaliações para o mesmo fato, o ministro relatou que viu “muito moleque” nas
imediações do estádio falando palavrão. Pôde constar, portanto, que “a coisa
desceu”.
Por “coisa” ele entende o
seguinte: “A história de que não
combatemos a corrupção, que aparelhamos o Estado, que somos um bando de
aventureiros que veio aqui para se locupletar”.
Não é exatamente uma “história”,
mas sim o que se ouve em toda parte, de todo tipo de gente que nos últimos 12 anos viu o PT [Partido dos
Trabalhadores]:
- contrariar antigas bandeiras,
- proteger corruptos,
- abafar escândalos,
- se aliar ao que de pior existe na política,
- zombar da ética,
- ter a sua antiga cúpula condenada à prisão,
- tratar a Petrobrás com desmazelo,
- ser tolerante com a inflação,
- irresponsável com o gasto público e
- governar pela lógica eleitoral.
Ora, o que o PT mais teve nesses anos todos foi espaço nos meios de
comunicação tanto para defesa quanto para ataque. Nos dois governos de
Lula, o presidente discursava todos os dias. Quando o partido e o governo
acharam desnecessário explicar suas propostas, ou apresentá-las à sociedade de
qualquer maneira na base da pura enganação, como fez com os “pactos” de junho
de 2013, foi em decorrência da soberba sustentada na certeza da popularidade
inesgotável.
Esse mesmo governo que agora
atribui suas dificuldades eleitorais à influência da “pancadaria” dos meios de
comunicação, quando estava com altos índices de aprovação jactava-se de “derrotar”
sistematicamente a imprensa num combate que só existia na cabeça do partido e do
Planalto.
As agruras, a mudança na
correlação de forças referida por Gilberto Carvalho tem origem nos fatos. O acúmulo de desmandos formou um passivo em que a realidade venceu o
marketing. Simples assim.
ÀS TURRAS
O clima entre PT e PMDB em São
Paulo desmente a assertiva da presidente Dilma de que o governo federal conta
com “dois candidatos, Alexandre Padilha e Paulo Skaf” para enfrentar, juntos, a
eleição no Estado.
Primeiro, o próprio Skaf tratou
de dizer que na Pauliceia o PT é “adversário”, e agora Padilha acusa o PMDB de
ter plagiado o slogan de sua campanha e ameaça ir à Justiça.
CESTA BÁSICA
De um espectador engajado: “Dilma
não precisa de mais tempo de televisão; precisa é de votos”.
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