«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Disputa por água pode afetar oferta para o campo

Liana Melo
Valor Econômico
05-06-2014

Com a população mundial se aproximando da marca dos nove bilhões de pessoas em 2050, a produção de alimentos terá que aumentar em 70% para fazer frente a essa explosão populacional projetada pelos demógrafos. A demanda global de energia, por sua vez, terá que sofrer um incremento de 36% nas próximas duas décadas. Nesse cenário a água passou a ser alvo de uma disputa acirrada entre a agricultura, as cidades e a indústria. Se existia ainda alguma dúvida de que esse recurso natural está se transformando na "coluna vertebral da economia verde do amanhã", como já previu a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO, na sigla em inglês), hoje a tese já virou certeza absoluta.

O Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD, na sigla em inglês) lançou, no último dia 20, um relatório que discutia exatamente isso: o nexo causal entre recursos naturais, especialmente a água, e a produção de alimentos num cenário de mudanças climáticas. O documento 'Cootimizando soluções: água e energia para o alimento, ração e fibra' foi divulgado em Bonn, na Alemanha, durante a conferência 'Sustentabilidade em Água-Energia-Alimentos'.

Pelas projeções do WBCDS, a competição mundial pelos recursos hídricos pode causar uma redução de até 18% na disponibilidade de água para a agricultura. O setor é disparado a atividade econômica que mais demanda água no mundo: 70% contra 22% da indústria e 8% do consumo doméstico.

Apesar de não estar citado nominalmente no documento, o Brasil, que sempre foi identificado como rico em recursos naturais e abundante em água, já começa a sentir os impactos das mudanças climáticas. A crise no Sistema Cantareira, que levou consumidores e indústria a sofrerem com falta de água na capital paulista, chamou a atenção para uma situação até há pouco tempo circunscrita às regiões mais áridas do país. A falta de água em São Paulo virou exemplo simbólico dos efeitos da crise que se avizinha.

Não à toa o estresse hídrico passou a fazer parte das discussões das empresas, inclusive daquelas para as quais a água é um recurso secundário. "O risco hidrológico passou a fazer parte do planejamento estratégico das empresas brasileiras", afirma Fernando Maia, diretor de Relacionamento Institucional do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds).
 A Ambev [fabricante de cervejas e refrigerantes], para quem a água é um recurso prioritário, vem tentando mitigar o problema. Há quatro anos iniciou o Projeto Bacias com vistas a melhorar a qualidade da água e aumentar a sua disponibilidade. "A empresa vem desenvolvendo modelos customizados de intervenção", explica Simone Veltri, gerente de relações socioambientais da empresa, comentando que o projeto começou pela cidade satélite do Gama, no Distrito Federal, onde a empresa tem uma fábrica.

A região é abastecida pela Bacia Hidrográfica Corumbá-Paranoá. O projeto é tocado em parceria com a ONG ambientalista WWF. O objetivo da Ambev é melhorar a qualidade da água do rio Crispim, que sofre com esgoto in natura. As intervenções ocorrem através do plantio de mudas nativas e educação ambiental com a população do entorno.

Em 2013, o projeto-piloto do Gama foi replicado para São Paulo, onde a empresa tem uma fábrica em Jaguariúna, nos arredores de Campinas. Lá, em parceria com a TNC, o esforço é pela preservação da Bacia Hidrográfica dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí e o foco é a venda de serviços ambientais via restauração da mata ciliar e a manutenção do que resta de floresta em pé. O próximo passo será estender o Projeto Bacias para Sete Lagoas, em Minas Gerais.

Nos dois últimos anos a empresa diminuiu em 7% o consumo de água na produção, volume suficiente para abastecer uma cidade grande, de 800 mil habitantes, durante um mês. A Ambev gasta 3,34 litros de água para cada litro de bebida envasado. A redução drástica do consumo de água na produção levou a empresa a virar benchmark ["marca de referência"] no mercado global de bebidas.

Como a mudança climática não é mais uma preocupação do futuro, e sim do presente, como enfatiza o professor Carlos Martinez, da Universidade de São Paulo (USP), a escassez de água já preocupa pecuaristas. É que o Brasil é um dos maiores exportadores mundiais de carne e, a cada incremento da temperatura, o prejuízo aumenta.

Testes vêm comprovando que a adubação da gramínia com ureia aumenta a emissão de óxido nitroso na atmosfera. O fertilizante é usado em larga escala por apresentar uma excelente relação custo benefício, ou seja, a combinação de preço baixo com alto desempenho. Só que o óxido nitroso aumenta a temperatura em três vezes. A pesquisa tem por objetivo criar alternativas para a ureia na pecuária brasileira.

Pepsico, DuPont, Monsanto, Dow e Syngenta vêm testando soluções alternativas para o desafio de integrar produção de alimentos e energia à disponibilidade de água no mundo. Há testes para produzir arroz mais tolerante à salinidade, além do uso de plástico biodegradável na agricultura para reduzir a evaporação de água.


Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Sexta-feira, 6 de junho de 2014 – Internet: clique aqui.

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