«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Solenidade da Santíssima Trindade – Tempo Comum – Ano A – HOMILIA

Evangelho: João 3,16-18

16 Deus amou tanto o mundo,
que deu o seu Filho unigênito,
para que não morra todo o que nele crer,
mas tenha a vida eterna.
17 De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo
para condenar o mundo,
mas para que o mundo seja salvo por ele.
18 Quem nele crê, não é condenado,
mas quem não crê, já está condenado,
porque não acreditou no nome do Filho unigênito.

JOSÉ ANTONIO PAGOLA

CONFIAR EM DEUS

O esforço realizado pelos teólogos ao longo dos séculos para expor, com conceitos humanos, o mistério da Trindade não ajuda aos cristãos, hoje, a reavivar sua confiança em Deus Pai, a reafirmar sua adesão a Jesus, o Filho encarnado de Deus, e a acolher, com fé viva, a presença do Espírito de Deus em nós.

Por isso, pode ser bom fazer um esforço por aproximar-nos ao mistério de Deus com palavras simples e coração humilde, seguindo de perto a mensagem, os gestos e a vida inteira de Jesus: mistério do Filho de Deus encarnado.

O mistério do Pai é amor profundo e perdão contínuo. Ninguém está excluído de seu amor, a ninguém nega o seu perdão. O Pai nos ama e nos busca a cada um de seus filhos e filhas por caminhos que somente Ele conhece. Olha para todo ser humano com ternura infinita e profunda compaixão. Por isso, Jesus O invoca sempre com uma palavra: “Pai”.

Nossa primeira atitude diante desse Pai deve ser a confiança.  O mistério último da realidade, que os crentes chamam “Deus”, não nos deve jamais causar medo ou angústia: Deus pode, somente, amar-nos. Ele entende nossa fé pequena e vacilante. Não devemos sentir-nos tristes por nossa vida, quase sempre, tão medíocre nem desanimados ao descobrir que vivemos durante anos distanciados desse Pai. Podemos abandonar-nos a Ele com simplicidade. Nossa pouca fé basta.

Jesus, também, nos convida à confiança. Estas são suas palavras: “Não vivais com o coração perturbado. Crede em Deus. Crede também em mim”. Jesus é o vivo retrato do Pai. Em suas palavras estamos escutando o que nos diz o Pai. Em seus gestos e em seu modo de agir, dedicado totalmente a fazer a vida mais humana, descobrimos como Deus nos quer. Por isso, em Jesus podemos encontrar-nos, em qualquer situação, com um Deus concreto, amigo e próximo. Ele põe paz em nossa vida. Faz-nos passar do medo à confiança, do receio à fé simples no mistério último da vida que é, somente, o Amor.

 Acolher o Espírito que anima o Pai e a seu Filho Jesus, é acolher, dentro de nós, a presença invisível, silenciosa, porém real do mistério de Deus. Quando nos fazemos conscientes desta presença contínua, começa a despertar em nós uma confiança nova em Deus.

Nossa vida é frágil, cheia de contradições e incertezas: crentes e não crentes vivem rodeados de mistério. Porém, a presença, também misteriosa do Espírito em nós, ainda que débil, é suficiente para sustentar nossa confiança no Mistério último da vida que é, somente, Amor.

A FESTA DE DEUS

Como Jesus se comunicava com Deus? Quais sentimentos despertava em seu coração? Como O experimentava no dia a dia? Uma cuidadosa investigação conduz a uma dupla conclusão: Jesus sentia Deus como Pai, e o vivia impulsionado, completamente, por seu Espírito.

Jesus se sentia “filho querido” de Deus. Sempre que se comunica com Ele, chama-o Pai. Não lhe sai outra palavra da boca. Para ele, Deus não é o “Santo” do qual todos falam, mas o “Compassivo”. Não habita no Templo [de Jerusalém], acolhendo somente aos de coração limpo e mãos inocentes. Jesus O vê preenchendo a criação inteira, sem excluir ninguém de seu amor compassivo. Desfruta de cada manhã, porque Deus faz nascer o sol sobre bons e maus.

Esse Pai tem um grande projeto em seu coração: fazer da Terra uma casa habitável. Jesus não duvida. Deus não descansará até ver seus filhos e filhas desfrutando, juntos, de uma festa final. Ninguém O poderá impedir: nem a crueldade da morte nem a injustiça dos homens. Como ninguém pode impedir que chegue a primavera e encha tudo de vida!

Jesus vive cheio de Deus e movido por seu Espírito, somente se dedica a uma coisa: fazer um mundo mais humano para todos. Todos hão de conhecer a Boa Notícia, sobretudo, aqueles que menos se espera: os pecadores e os desprezados. Deus não dá ninguém por perdido. A todos busca, a todos chama. Não vive controlando seus filhos, mas abrindo, a cada um, caminhos para uma vida mais humana. Quem escuta até o mais profundo de seu próprio coração, está escutando a ele.

Esse Espírito empurra Jesus para os que mais sofrem. É normal, pois ele vê gravados no coração de Deus os nomes dos mais sozinhos e desprezados. Aqueles que, para nós, não são ninguém, esses são, exatamente, os prediletos de Deus. Jesus sabia que os grandes não entendem esse Deus, mas os pequenos. Seu amor é descoberto por aqueles que O buscam porque não têm ninguém que lhes enxugue suas lágrimas.

A melhor maneira de crer no Deus trinitário não é buscar entender as explicações dos teólogos, mas seguir os passos de Jesus que viveu como Filho querido de um Deus Pai e que, movido por seu Espírito, dedicou-se a fazer um mundo mais amável para todos. É bom recordar isso, hoje, que celebramos a festa de Deus.

Traduzido do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: MUSICALITURGICA.COM – Homilías de José A. Pagola – Segunda-feira, 9 de junho de 2014 – 17h18 – Internet: clique aqui.

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