«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

domingo, 15 de junho de 2014

PREÇOS: Bomba-relógio

Celso Ming
Bombas sempre podem ser desarmadas. Mas ninguém sabe ainda como o próximo governo, seja ele qual for, desarmará a bomba dos preços administrados.

Nada menos que um quarto dos preços da economia está represado por decisão do governo. Entre eles, os da energia elétrica, dos combustíveis e dos transportes urbanos. O objetivo foi segurar a inflação para evitar problemas políticos, especialmente em tempos de eleição. Há entre os analistas certo consenso de que esse represamento pesa entre 1,5 e 2,0 pontos porcentuais sobre a inflação. Ou seja, não fosse essa artificialidade, a inflação medida em 12 meses estaria acima dos 7%.

É uma situação que cria insegurança e, como o Banco Central (BC) tem avisado, também cria inflação, já que os formadores de preços estão levando em conta que, cedo ou tarde, as comportas serão levantadas e produzirão vagalhões. O problema é que a expectativa do represamento também cria inflação e insegurança, porque não deixa noção antecipada sobre que tamanho de tranco enfrentará a economia a partir de quando os ajustes forem providenciados. Em termos mais técnicos, a administração das expectativas fica prejudicada pela falta de clareza no horizonte.

A presidente Dilma já sugeriu que esses preços serão realinhados por um processo prolongado, a começar, provavelmente, logo depois das eleições. Questionado sobre os atrasos no reajuste dos combustíveis, o principal candidato da oposição à Presidência da República, Aécio Neves, respondeu um tanto vagamente que mais importante do que o tamanho do ajuste é a definição de regras do jogo. Mas não adiantou quais seriam.

Maquiavel ensinou que, em política, as maldades devem ser feitas de uma vez e as bondades, aos poucos. Isso sugere que melhor seria se as correções fossem feitas numa paulada só. Doeria mais, mas ficaria a certeza de que o problema estaria resolvido. Pior é ficar esperando mais pauladas de intensidades variáveis.

Interlocutor da presidente Dilma, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo tem recomendado que, iniciado o novo mandato, ou mesmo antes, os reajustes venham de uma só vez, para não deixar serviço por fazer.

Esse raciocínio vem levando observadores a prever para 2015 uma inflação de 7% a 8%. É um cálculo difícil porque implica variáveis fora de controle, como o realinhamento das cotações do dólar, também em fase de represamento (âncora cambial), e o nível de aperto da política de juros a ser adotada.

Por ora, o BC [Banco Central] parece ter enveredado para a heterodoxia. Diz que ainda espera pelos efeitos do aperto dos juros, mas, na prática, parece ter desistido de contra-atacar a inflação, mesmo sabendo que, nos próximos meses, estará estourando o teto da meta (os tais 6,5% em 12 meses). Está mais impressionado com a desaceleração (para não dizer eventual retração) da atividade econômica.

A falta de direção clara deverá deixar o mercado financeiro descalço sobre brasas de fogueira de São João. Como está difícil prever as trajetórias da inflação, do nível dos juros e do próprio câmbio, também a formação dos preços financeiros futuros está sujeita a turbulências.


Fonte: O Estado de S. Paulo – Economia – Sábado, 14 de junho de 2014 – Pg. B2 – Internet: clique aqui.

O Brasil pior na foto entre países ricos e emergentes

Editorial Econômico


A desaceleração da economia brasileira está evidente também no exterior. O Banco Mundial prevê que o crescimento do País será de apenas 1,5%, neste ano, muito inferior à média dos países emergentes (4,8%). E, o que é pior, também inferior à média dos países desenvolvidos (1,9%) e à média global (2,8%). Afinal, a recuperação esperada para 2015/2016 será modesta, segundo a publicação Global Economic Prospects, distribuída pelo Banco Mundial.

O Banco Mundial também reduziu as projeções do PIB para o mundo, de 3,2%, em janeiro, para 2,8%, no relatório deste mês, mas a de 2015 foi mantida em 3,4%. A América Latina deverá ter uma desaceleração leve neste ano e uma melhoria gradual, em 2015 e 2016.

Mais do que uma desaceleração cíclica, analisam os especialistas do Banco Mundial, há a preocupação de que o crescimento reduzido a longo prazo "se transforme numa nova normalidade", pois a demanda de produtos básicos pela China crescerá menos e o desafio será aumentar a produtividade.

A indústria brasileira sabe perfeitamente do que se trata, pois a produtividade cresceu, entre janeiro e abril, menos do que a queda do emprego.

Neste ano, o Brasil só deverá crescer mais, na América Latina, do que Argentina, Venezuela, Jamaica e Santa Lucia - ilha do Caribe dependente da banana e do turismo. E não será muito diferente em 2015, prevê o Banco Mundial: além dos quatro que ficarão atrás do Brasil, em 2014, apenas dois serão adicionados - República Dominicana e El Salvador.

A queda de 2013 deveu-se à estabilização ou perda de valor das cotações das commodities, à desaceleração da China, ao crescimento volátil dos Estados Unidos - resultando, em conjunto, na fragilidade das exportações - e em problemas internos. No Brasil, as reformas estruturais foram interrompidas. Gargalos na energia e na infraestrutura foram agravados pelo ambiente de negócios desfavorável e a consequência foi uma perda de crescimento econômico e de produtividade.

O crescimento inexpressivo deste ano se deve "à confiança enfraquecida dos empresários, ao aperto do crédito e a outros impedimentos macroeconômicos". A inflação em alta afeta o País e outros emergentes, como a Turquia e a África do Sul.

Em resumo, não fazem sentido as repetidas declarações das autoridades brasileiras de que os problemas vêm do exterior. O Banco Mundial sugere que boa parte deles é daqui.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Economia – Sábado, 14 de junho de 2014 – Pg. B2 – Internet: clique aqui.

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