«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 3 de junho de 2014

Mercado de trabalho torto [Impressionante!]

Editorial

O mais recente estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a partir de dados de seu Cadastro Central de Empresas (Cempre), referentes a 2012, ajuda a dimensionar a imensa presença do Estado na economia, demonstra o erro do processo de desindustrialização em curso no País e comprova que a estratégia de desenvolvimento que privilegia o consumo estimula setores que geram emprego de baixa qualidade.

O Cempre reúne informações sobre todas as empresas e organizações devidamente registradas no País, incluindo as das diversas esferas de governo, além de pessoas físicas e entidades sem fins lucrativos. Suas conclusões traçam, portanto, um perfil bastante abrangente do estado do mercado de trabalho nacional - e revelam os erros causados pelo voluntarismo estatal como política de empregos e salários.

Embora responda por apenas 0,4% das organizações registradas no Cempre, a administração pública paga nada menos que 29,8% dos salários e outras remunerações de todo o Brasil. A distorção é ainda mais clara quando se observa que os servidores de carreira estável, além de ganharem mais que seus pares na iniciativa privada, não correm risco de demissão, privilégio que a sociedade é obrigada a bancar.

A média salarial dos empregos estatais atingiu R$ 2.723,29, contra R$ 1.722,71 pagos pelas empresas privadas e R$ 1.943,16 na média geral do País. O setor estatal concentra também o maior porcentual de empregados com nível superior, saltando de 35,8% em 2009 para 41,3% em 2012. No mercado em geral, apenas 17,7% têm diploma universitário - uma alta de 6% em relação a 2011, mas ainda assim muito inferior ao que se verifica no serviço público.

O estudo indica ainda que as organizações estatais, mesmo tendo baixa participação, empregaram 17,2% do pessoal ocupado total e 19,9% do pessoal ocupado assalariado. Isso significa que órgãos e empresas do governo federal, dos Estados e dos municípios em geral são grandes e generosos empregadores, um sintoma do gigantismo estatal no Brasil.

Como comparação, o setor de comércio (incluindo "reparação de veículos automotores e motocicletas"), que aparece como o maior empregador pelo terceiro ano consecutivo, responde por 41,8% das empresas registradas, mas emprega somente 22,2% do pessoal ocupado total e 19,1% do pessoal ocupado assalariado.
 Já a indústria de transformação, que vem definhando nos últimos anos, representa apenas 8,4% das empresas, enquanto emprega 16,7% do pessoal ocupado total e 17,9% do pessoal ocupado assalariado. Mesmo enfraquecido, portanto, o setor ainda consegue empregar proporcionalmente mais que o comércio e paga salários melhores - a participação da indústria na massa salarial é de 19,1%, contra 12,1% do varejo.

Mas esse fôlego está claramente no fim, fruto de investimentos erráticos e da inexistência de uma política industrial digna desse nome. Tal situação começa a condenar a indústria de transformação a um papel menor na economia, sem que o processo de industrialização tenha cumprido sua missão, qual seja, a de elevar a renda per capita a um nível sustentável, como ocorreu nos países desenvolvidos, fazendo florescer um robusto setor de serviços.

É nesse cenário que declina o setor manufatureiro e predominam as exportações de produtos primários [minérios, produtos agrícolas e carnes]. Como sintoma desse fenômeno, o estudo do IBGE mostra que foram justamente os salários da indústria extrativa que tiveram o maior crescimento real entre 2008 e 2012, na casa de 44,5%, contra 9,2% na indústria de transformação.

Outro sinal evidente da desindustrialização é a baixa geração de empregos no setor. Dos 7,8 milhões de novas vagas abertas entre 2008 e 2012, segundo o Cempre, quase metade (49,9%) se concentrou no comércio, na construção e nas atividades administrativas e serviços complementares. Já a indústria de transformação gerou apenas 4,3% do total, a menor de todas as fatias.


Fonte: O Estado de S. Paulo – Notas e Informações – Segunda-feira, 2 de junho de 2014 – Pg. A3 – Internet: clique aqui.

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