3º Domingo da Páscoa – Ano A – Homilia
Evangelho: Lucas 24,13-35
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sobre a imagem, abaixo,
para assistir à cena do Evangelho deste Domingo:
José
Bortolini
Biblista
e Teólogo paulino brasileiro
Onde e como experimentar o
Cristo vivo
O episódio dos discípulos de Emaús
é texto exclusivo de Lucas (Marcos sintetiza a cena, cf. Mc 16,12-13). Pertence
aos acontecimentos pós-pascais e responde à pergunta: Onde e como experimentar
o Cristo vivo?
De fato, no que Lucas relata antes
do texto de hoje (24,1-12) transparece a incredulidade e perplexidade dos
discípulos. Num plano mais amplo, o episódio revela as dificuldades de
muitos cristãos em aceitar a ressurreição de Jesus, pois o evangelho não
quer simplesmente narrar fatos do passado, mas iluminar as dificuldades do
presente (lembramos que o evangelho de Lucas se destinava a cristãos de cultura
grega, para os quais a ressurreição da matéria era um absurdo).
Antes de entrarmos no texto de
hoje, algumas observações de conjunto nos permitirão entende-lo melhor. Em primeiro
lugar, há nítido contraste entre Jerusalém e Emaús. Jerusalém foi o
lugar do testemunho de Jesus (morte na cruz). De lá, animados pelo Espírito do
Ressuscitado, os discípulos sairão para o testemunho. Sair de Jerusalém sem
crer que lá é o lugar da vitória do Senhor é caminhar sem rumo e sem sentido.
Por isso, Emaús é sinônimo da cegueira, da não-compreensão do evento da
Páscoa.
Em segundo lugar, há contraste
entre o não-reconhecimento de Jesus por parte dos discípulos (versículo
16) e o pleno reconhecimento (vers. 31).
Em terceiro lugar, o contraste está
no fato de Jesus se aproximar e conversar com os discípulos (vers. 15) e
desaparecer da frente deles (vers. 31).
Finalmente, há grande contraste
entre os conteúdos da conversa dos discípulos antes de Jesus caminhar com
eles (vers. 14) e depois que reconheceram Jesus (vers. 32).
A gente, então, se pergunta: o
que foi que causou – e continua causando – essa reviravolta na vida desses discípulos
e na vida dos cristãos?
José María
Castillo
Teólogo
espanhol
Partilhar a mesa e o pão faz
abrir os olhos
Neste relato, além da afirmação de
que Jesus havia ressuscitado, destacam-se dois temas fundamentais:
1) O fato de reconhecer
Jesus vivo e presente na atualidade. Há pessoas que estão como que cegas
para darem-se conta de que Jesus vive e segue presente na vida. Por quê?
2) A importância
que tem a EUCARISTIA para poder reconhecer Jesus. Muitos cristãos
vão à missa e saem dela como entraram: tão cegos para ver Jesus e como
é Jesus.
O relato diz que, quando Jesus
aproximou-se dos dois discípulos, «seus olhos não eram capazes de reconhecê-lo»
(Lc 24,16). O texto utiliza o verbo «epignôskô», que aqui significa não
somente «reconhecer», mas também «ver» ou «dar-se conta». Porém,
o evangelho diz que os olhos daqueles dois homens estavam «retidos» ou
«enfeitiçados» (ekratoûnto), como em Atos 2,24, de modo que não se davam
conta de que era Jesus quem estava junto deles.
Porque haviam perdido a ilusão e
a esperança. Não suportaram o fracasso de Jesus. E deles com Jesus: «Nós
esperávamos...» (Lc 24,21). Agora, não esperam mais nada. Desse modo, não
podiam ver Jesus. Quando se perde a esperança, perde-se igualmente a visão
da realidade que está junto a nós e em nós.
Como seus olhos foram abertos e
deram-se conta que Jesus estava com eles?
Ao compartilhar a mesa, no
partir e partilhar do pão. No fato tão profundamente humano da «ceia que
recria e apaixona» (São João da Cruz). No ato da comensalidade. Eles haviam
buscado em Jesus o profeta poderoso (Lc 24,19): criam no poder. E
encontraram Jesus no ser humano que partilhou o pão com eles.
A religião do poder e da pompa permanece
cega, quando se trata de ver Jesus. A experiência humana da mesa
compartilhada abre os olhos para descobrir Jesus.
Traduzido do espanhol por Pe.
Telmo José Amaral de Figueiredo.
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