Papa Francisco alerta

Colocar a economia antes das pessoas seria “genocídio viral”

Nicolas Senèze
La Croix International
31-03-2020

Em uma carta manuscrita a um amigo argentino, Francisco diz que salvar vidas deve ser a prioridade no combate à Covid-19
Papa Francisco concede a Benção Urbi et Orbi - Fotos Públicas
PAPA FRANCISCO
Ora diante do crucifixo da igreja San Marcello al Corso, em Roma (Itália)
Sexta-feira, 26 de março de 2020 - Basílica de São Pedro (Vaticano)

O Papa Francisco alertou os líderes para não colocar a economia antes do seu povo em resposta à pandemia do coronavírus, dizendo que isso poderia provocar um “genocídio viral”.

Em uma carta manuscrita do dia 28 de março ao juiz Roberto Andrés Gallardo, da sua terra natal, a Argentina, o papa elogia aqueles governos que adotaram “medidas exemplares” para defender o seu povo.

Em sua carta, que foi publicada pela mídia argentina, o papa manifesta preocupação com o “crescimento em progressão geométrica da pandemia”.

Mas ele diz que está “edificado pela reação de tantas pessoas, médicos, enfermeiras, enfermeiros, voluntários, religiosos, sacerdotes que arriscam suas vidas para curar e defender as pessoas saudáveis do contágio”.

A prioridade: as pessoas

Assinalando que vários governos adotaram “medidas exemplares” para deter a propagação do vírus, Francisco reconhece que elas podem “incomodar” as pessoas que precisam segui-las.

“Mas é sempre pelo bem comum, e, em longo prazo, a maioria das pessoas as aceita e se move com uma atitude positiva”, escreve ele.

“Os governos que enfrentam a crise assim mostram a prioridade de suas decisões: primeiro as pessoas”, acrescenta o papa, admitindo que “defender as pessoas pressupõe um descalabro econômico”.

Mas ele diz que a alternativa seria pior: “Seria triste se se optasse pelo contrário, o que levaria à morte de muitíssimas pessoas, algo assim como um genocídio viral”.
Ante el Papa Francisco, el juez Gallardo apuntó contra el "Lawfare ...
ROBERTO ANDRÉS GALLARDO
Juiz de Direito argentino, amigo de Papa Francisco, destinatário da carta citada neste artigo

“Preparando-se para o depois”

Francisco também insiste na necessidade de se “preparar para o depois”.

“Já se notam algumas consequências que devem ser enfrentadas”, explica ele.

Ele cita explicitamente a “fome, sobretudo para as pessoas sem trabalho fixo (“bicos” etc.), a violência, a aparição dos usurários”.

O papa classifica os usurários como “delinquentes desumanizados” e diz que eles representam “a verdadeira peste do futuro social”.

Traduzido do inglês por Moisés Sbardelotto.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Quarta-feira, 01 de abril de 2020 – Acesso às 13h00 – 03/04/2020 – Internet: clique aqui.

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