Questão de vida ou morte
Um
salve aos brasileiros
Edu Lyra
Presidente
da ONG Gerando Falcões, foi selecionado como um dos jovens brasileiros
que
podem ajudar a mudar o mundo pelo Fórum Econômico Mundial
Sem RENDA MÍNIMA, a ordem social será roubada
em consequência da fome
EDU LYRA |
Nós temos
um inimigo comum a todos os brasileiros: a Covid-19. O vírus não tem como alvo
somente a classe média e alta. Pelo contrário, está entrando nas favelas,
subindo os morros e deixando um rastro de fome e desespero.
Segundo o Instituto
Locomotiva, 49% dos moradores das favelas são autônomos. Vão para o
corre todo dia para trazer o que comer à noite. Pedreiros, manicures,
cabeleireiras, vendedores ambulantes etc. Se não trabalham, não têm dinheiro
para alimentar as suas famílias. E há os desempregados, infelizmente em
grande número.
A cultura
de poupar não faz parte da realidade das favelas. Não há dinheiro de reserva.
Dado isso,
é preciso alertar. Se nada for feito de grande, envolvendo governos,
iniciativa privada e sociedade — como a criação de uma RENDA MÍNIMA — haverá
uma “hecatombe” social nas favelas nos próximos dias. A ordem social
será roubada em consequência da fome.
Uma pessoa
que tem o hábito de almoçar ao meio-dia e, por alguma razão, almoça às 14h,
fica com o sistema nervoso alterado. Imagine quem já está ou ficará um dia
inteiro sem se alimentar. Imagine o pai de família vendo seus filhos
pequenos pedindo leite, pão e não poder sair de casa para produzir e trazer o
alimento. O que ele fará? Não quero trazer medo. Quero dar uma injeção de
realidade.
Favela de Paraisópolis - São Paulo (capital) |
Minha
defesa não é contra a recomendação médica de não sair de casa. Mas, se o
Brasil quer que a favela faça isolamento social por mais alguns dias, precisa
suportar os mais pobres com uma renda mínima. Para as pessoas não perderem
a dignidade e, como consequência, a sanidade mental.
Do nosso
lado, na Gerando Falcões, ONG que fundei na periferia há sete anos,
criamos um Fundo Emergencial, que conta com o apoio de muitos
empresários, como Jorge Paulo Lemann, Abilio Diniz, Rubens Menin, Eugênio
Mattar, Pedro Bueno, Alexandre Beringh e Olavo Setubal, entre outros.
Estamos em
uma campanha digital para todo brasileiro doar. Temos já R$ 8 milhões e
vamos distribuir o apoio por meio de um cartão de alimentação recarregável em
mais de 70 favelas. Neste momento, as famílias estão sendo cadastradas e já na
próxima semana serão atendidas.
Até o
momento temos recurso para atender quase 100 mil pessoas. Este é um
exemplo do que pode ser feito em escala pelos governos e pela sociedade.
Com todo
respeito, aqui vai um puxão de orelha nos nossos governantes. Vejo a
classe política do nosso país brigando entre si. Numa guerra biológica como a
que estamos vivendo, as diferenças ideológicas e partidárias precisam ser
colocadas de lado. As pessoas que estão doando ao nosso fundo não me ligam
perguntando em quem eu votei. Elas doam.
Eu cresci
jogando bola na favela e na periferia. Quando você quer vencer, precisa ter um
time unido, do goleiro ao atacante. João Doria, Bolsonaro, Globo, Folha, você,
eu, todos fazemos parte do mesmo time e precisamos ir na mesma direção:
salvar o Brasil.
Estamos em
um labirinto, onde achar a saída não é coisa para iniciante. Somente derrubando
muros e construindo pontes vamos chegar lá, sem paixões exacerbadas. Temos que
lembrar que vidas estão em jogo. Diante disso, somente o home office não
basta. É preciso fazer mais.
Líderes de
verdade fazem mais. Na Segunda Guerra Mundial, Winston Churchill
prometeu ao povo sangue, suor e lágrimas, mas todas as semanas seu governo
levava um voucher de alimentação aos mais pobres.
Temos que
decidir se vamos vencer a guerra matando os mais pobres de fome ou se
ofereceremos a eles uma porção da dignidade que existe em nossa mesa todos os
dias.
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