«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Questão de vida ou morte

Um salve aos brasileiros

Edu Lyra
Presidente da ONG Gerando Falcões, foi selecionado como um dos jovens brasileiros
que podem ajudar a mudar o mundo pelo Fórum Econômico Mundial

Sem RENDA MÍNIMA, a ordem social será roubada
em consequência da fome
Edu Lyra _1975
EDU LYRA

Nós temos um inimigo comum a todos os brasileiros: a Covid-19. O vírus não tem como alvo somente a classe média e alta. Pelo contrário, está entrando nas favelas, subindo os morros e deixando um rastro de fome e desespero.

Segundo o Instituto Locomotiva, 49% dos moradores das favelas são autônomos. Vão para o corre todo dia para trazer o que comer à noite. Pedreiros, manicures, cabeleireiras, vendedores ambulantes etc. Se não trabalham, não têm dinheiro para alimentar as suas famílias. E há os desempregados, infelizmente em grande número.

A cultura de poupar não faz parte da realidade das favelas. Não há dinheiro de reserva.
Dado isso, é preciso alertar. Se nada for feito de grande, envolvendo governos, iniciativa privada e sociedade — como a criação de uma RENDA MÍNIMA — haverá uma “hecatombe” social nas favelas nos próximos dias. A ordem social será roubada em consequência da fome.

Uma pessoa que tem o hábito de almoçar ao meio-dia e, por alguma razão, almoça às 14h, fica com o sistema nervoso alterado. Imagine quem já está ou ficará um dia inteiro sem se alimentar. Imagine o pai de família vendo seus filhos pequenos pedindo leite, pão e não poder sair de casa para produzir e trazer o alimento. O que ele fará? Não quero trazer medo. Quero dar uma injeção de realidade.
Promessas descumpridas à favela de Paraisópolis vão de parque a metrô
Favela de Paraisópolis - São Paulo (capital)

Minha defesa não é contra a recomendação médica de não sair de casa. Mas, se o Brasil quer que a favela faça isolamento social por mais alguns dias, precisa suportar os mais pobres com uma renda mínima. Para as pessoas não perderem a dignidade e, como consequência, a sanidade mental.

Do nosso lado, na Gerando Falcões, ONG que fundei na periferia há sete anos, criamos um Fundo Emergencial, que conta com o apoio de muitos empresários, como Jorge Paulo Lemann, Abilio Diniz, Rubens Menin, Eugênio Mattar, Pedro Bueno, Alexandre Beringh e Olavo Setubal, entre outros.

Estamos em uma campanha digital para todo brasileiro doar. Temos já R$ 8 milhões e vamos distribuir o apoio por meio de um cartão de alimentação recarregável em mais de 70 favelas. Neste momento, as famílias estão sendo cadastradas e já na próxima semana serão atendidas.

Até o momento temos recurso para atender quase 100 mil pessoas. Este é um exemplo do que pode ser feito em escala pelos governos e pela sociedade.

Com todo respeito, aqui vai um puxão de orelha nos nossos governantes. Vejo a classe política do nosso país brigando entre si. Numa guerra biológica como a que estamos vivendo, as diferenças ideológicas e partidárias precisam ser colocadas de lado. As pessoas que estão doando ao nosso fundo não me ligam perguntando em quem eu votei. Elas doam.

Eu cresci jogando bola na favela e na periferia. Quando você quer vencer, precisa ter um time unido, do goleiro ao atacante. João Doria, Bolsonaro, Globo, Folha, você, eu, todos fazemos parte do mesmo time e precisamos ir na mesma direção: salvar o Brasil.

Estamos em um labirinto, onde achar a saída não é coisa para iniciante. Somente derrubando muros e construindo pontes vamos chegar lá, sem paixões exacerbadas. Temos que lembrar que vidas estão em jogo. Diante disso, somente o home office não basta. É preciso fazer mais.

Líderes de verdade fazem mais. Na Segunda Guerra Mundial, Winston Churchill prometeu ao povo sangue, suor e lágrimas, mas todas as semanas seu governo levava um voucher de alimentação aos mais pobres.

Temos que decidir se vamos vencer a guerra matando os mais pobres de fome ou se ofereceremos a eles uma porção da dignidade que existe em nossa mesa todos os dias.

Fonte: Folha de S. Paulo – Tendências / Debates – Quarta-feira, 22 de abril de 2020 – Página A3 – Internet: clique aqui.

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