«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quinta-feira, 9 de abril de 2020

Quinta-feira Santa da Páscoa – Homilia

Evangelho: João 13,1-15

Clique sobre a imagem, abaixo, para
assistir à representação do Evangelho:


José María Castillo
Teólogo espanhol

Como se governa a Igreja e a Sociedade

O relato do lava-pés não é somente um exemplo de humildade e serviço que nos deixou Jesus. Além disso, e muito mais que isso, é a lição mais eloquente e mais clara, que há nos evangelhos, enquanto se refere a como se deve governar a Igreja, a comunidade cristã e, inclusive, a convivência na sociedade.

Para compreender o que isso representa, deve-se levar em conta que este evangelho [João] foi o último que se redigiu. E isso foi pelo final do primeiro século. Nessa época, as «igrejas» que havia organizado Paulo estavam a cerca de cinquenta anos funcionando. Eram «igrejas» nas quais haviam escravos (Cl 3,22–4,1; Fm; cf. 1Pd 2,18-20; 3,9.14-17; 4,16).

E já se sabe que um dos deveres mais frequentes dos escravos era lavar os pés de seus amos e senhores. Consciente de que o escravo era alguém «sem capacidade de dizer “não”» (Sêneca, De Beneficiis 3,19 [«Sobre os Benefícios»]).

Portanto, é importante notar que todo o relato de hoje começa com a grandeza da missão que Jesus recebeu de Deus. E o mesmo relato termina dizendo que o ser humano mais grandioso que Deus enviou a este mundo, esse ser humano veio para dar exemplo aos humanos, não de poder, mas de escravidão. Isto é, veio dar exemplo «de alguém que pertence a outro, não a si mesmo» (Aristóteles, Política I,125a).

Precisamente, por isso, o que fez Jesus naquela noite não era fácil de compreender. E, também, por isso, Pedro resistiu com firmeza ao fato de Jesus fazer com ele o ofício de escravo.

Na primeira carta de Pedro, se diz aos responsáveis (ou dirigentes) da Igreja que «cuidem do rebanho», «não para arrancar dinheiro», em qualquer caso, nunca «tiranizando» aqueles que lhes foram confiados (5,1-3). Sem dúvida, havia comunidades nas quais, já não se cumpria a severa advertência de Jesus aos Doze de não querer jamais os primeiros lugares, nem governar como os chefes das nações e os tiranos deste mundo (Mc 10,42-45; Mt 20,25-28; Lc 22,24-27).

A Quinta-feira Santa, «Dia do amor fraterno», é, acima de tudo, o dia no qual a Igreja recorda que este mundo e esta Igreja têm de ser governados a partir da posição do que se situa na vida como servidor e escravo dos demais.
Papa Francisco lava pés de 12 presos. Entre eles, um brasileiro
PAPA FRANCISCO
Durante celebração eucarística da Ceia do Senhor, na qual o Papa lavou os pés de
doze detentos do presídio italiano de Velletri, perto de Roma.
Quinta-feira Santa, 18 de abril de 2019

Jaldemir Vitório
Biblista e teólogo jesuíta brasileiro

Dei-vos o exemplo

O ensinamento de Jesus não consistia em belas teorias, racionalmente formuladas, mas sem enraizamento na realidade. O caminho da teorização é, de certo modo, fácil. Basta alguém saber servir-se das palavras, com inteligência e habilidade, para arrastar multidões atrás de si. A sabedoria popular denuncia esta postura, com um dito lapidar: «Falar é fácil. O difícil é fazer». Fazer-se mestre dos outros, sem a disposição de pôr em prática o que se ensina, não tem valor algum. Só o exemplo instrui e convence.

Jesus estava longe de ser um teórico. Ele ensinava o que praticava. Suas palavras encontravam respaldo no seu testemunho de vida. Donde a veracidade de seus ensinamentos.

O ensinamento veiculado mediante o gesto de lavar os pés dos discípulos não seria convenientemente verbalizável. Na cultura da época, era impossível imaginar um rabino ajoelhado diante de seus discípulos, para lavar-lhes os pés! O Mestre Jesus, entretanto, fez isto: ajoelhou-se diante de cada um dos discípulos, e não titubeou em lavar-lhes os pés poeirentos. Sem perder a dignidade, soube mostrar-lhes até onde o amor pode chegar.

A morte de cruz, que se consumaria em breve, foi o exemplo dos exemplos de Jesus. Do alto do madeiro, bem que poderia ter-nos repetido: «Eu lhes dei o exemplo. Façam como eu!»

Fontes: CASTILLO, José María. La religión de Jesús: Comentario al evangelio diario 2020. Bilbao: Desclée De Brouwer, 2019, página 130; VITÓRIO, Jaldemir. O evangelho nosso de cada dia: Ano C. 6. ed. São Paulo: Paulinas, 2007, página 104.

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