«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Brasil sofre com a China

Alberto Tamer

Com as tensões nos Estados Unidos e na Europa, um fato importante passou quase desapercebido, o PIB da China, a segunda maior economia mundial, cresceu 9,5% no segundo trimestre comparado com o ano anterior. Apesar dos esforços do governo que reduziu a liquidez no sistema financeiro, não houve o desaquecimento que todos esperavam. A previsão de uma desaceleração lenta para 7% ou 8% não se confirmou. O fato é que a economia chinesa continua flertando com 10%. O governo enfrenta o duplo desafio de estimular o consumo interno, melhorando o padrão de vida dos chineses, e, ao mesmo tempo, conter a inflação que já está em 6,5% com tendência de alta.

China faz e desfaz
O povo se alimenta melhor, mas paga mais caro. Pela primeira vez na história, ousa o impensável há alguns meses: fazer greves e protestar. É uma inflação quase toda concentrada nos alimentos, a maior parte importada a preços altos. E isso não porque não é só a própria demanda interna que pressiona a inflação, é o aumento dos preços dos alimentos importados, provocado pelo yuan valorizado em 5,5% em 13 meses em relação ao dólar, desde que o governo deixou a moeda flutuar, sob seu controle. É um dilema.

Ou seja, a China continua crescendo mais, consumindo mais, exportando mais porém enfrentando mais inflação que gera tensões sociais já sentidas nos salários e nos custos. Uma saída seria desvalorizar o yuan, o que o governo rejeita alegando que isso prejudicaria suas exportações já enfrentando custos mais elevados.

Mas o problema é deles!
Não, não é só da China. É de todos, é nosso também. Um crescimento de 9% do PIB chinês se reflete em mais importação de commodities agrícolas para alimentar sua imensa população ainda na miséria. Soja, carne de todos os tipos, grãos. Isso explica em parte a alta dos preços das commodities, 37% em 12 meses.

É um duplo contagio
O Brasil se beneficia. Só no primeiro trimestre exportou US$ 13 bilhões para a Ásia, mas sofre também com o desvio de produção agrícola para o exterior e com a contaminação interna dos preços internacionais. Um exemplo é o açúcar [foto acima], que a China vem comprando e estocando em enorme quantidade, desviando da produção interna de álcool e elevando os preços nos postos. Já se prevê que até poderemos vir a "importar" este ano. Não seria surpresa se estivermos comprando dos Estados Unidos etanol caríssimo fabricado com milho, soja e até mesmo trigo, aquele mesmo contra o qual tanto lutamos porque é altamente subsidiado. Já circulam notícias de produtores fechando contratos futuros para a importação de etanol que estiver disponível no mercado mundial. Um problema que o governo ainda não conseguiu resolver.

Mesmo assim, o balanço é positivo. A economia mundial estaria em situação pior se o governo chinês tivesse acertado e trazido o crescimento do PIB para 7%. O pífio PIB mundial ficaria bem abaixo de 4%. Talvez 3,5% para os otimistas e 3% para os pessimistas. O mundo precisa da China, que é a segunda economia mundial. E ela está correspondendo. Os resultados positivos superam de longe os negativos.

E nós, o que fazer?
Ora, todos sabem, principalmente a equipe econômica. Criar condições para competir onde houver opções favoráveis, fazer associações para trazer investimentos e tecnologia. As importações da China estão deslocando parte da indústria nacional, mas os chineses estão importando cada vez mais aquilo que sabemos fazer: produtos agropecuários, que estão salvando a economia nacional com safras e exportações recordes. Só no primeiro semestre, US$ 43 bilhões, 23% a mais que no mesmo período do ano anterior. É dar condições a indústria não tanto para competir lá fora, uma luta ainda inglória, mas deixar de perder espaço no mercado interno.

O governo deverá anunciar no dia 2 [agosto] o seu novo programa para aumentar a competitividade das empresas nacionais. Agora, é esperar os resultados que devem vir a médio prazo e continuar enfrentando a curto prazo os desafios que a China apresenta ao mundo. Que ela continue crescendo e os outros que cuidem do resto.

Fonte: O Estado de S. Paulo - Economia - Domingo, 17 de julho de 2011 - Pg. B13 - Internet: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110717/not_imp745932,0.php

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