«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Homo dissatisfactens

LULI RADFAHRER

A gambiarra é o primeiro passo para a evolução tecnológica

Somos todos hackers. No sentido estrito do termo, não há quem considere todos os mecanismos que vê como estruturas perfeitas, intocáveis. Pouco importa o refinamento da tecnologia, sempre há algo a ser feito para melhorá-la. Personalizar, recondicionar e reciclar são verbos tão comuns que muitas vezes mal se nota seu uso.

Hacking é um termo inglês que não tem tradução. Ou melhor, tem: é uma gambiarra. Prática comum entre curiosos que conhecem bem as suas ferramentas a ponto de saber que podem oferecer mais do que declaram inicialmente.

É uma prática saudável e inteligente, que, ao mostrar as limitações, força a evolução. Em sua natureza criativa, ela não poderia ser mais humana. São tão poucas as espécies que procuram expandir suas capacidades com o emprego de próteses que me pergunto se não estaríamos mais para Homo dissatisfactens do que para sapiens.

Ninguém sabe direito de onde vieram algumas das alterações mais populares - como o Bombril na antena de TV, o durex no cartão de crédito, o silvertape no tênis, o esparadrapo nos óculos, a bolacha de chope para calçar a mesa... A subversão tecnológica é onipresente, mesmo inconsciente.
E, muitas vezes, impotente: gambiarras, como se sabe, são intervenções temporárias e frágeis. Servem mais como crítica construtiva do que como proposta de ação. São, em última instância, aplicações práticas do método científico, do discurso da mídia e da administração política.

Boa parte das tecnologias que nós usamos hoje começou dessa maneira. Os videogames, a internet, a telefonia celular e os microcomputadores são alguns exemplos de grandes indústrias que surgiram em garagens, impulsionadas por entusiastas apaixonados que procuravam "envenenar" suas maquininhas, sem saber direito se o que criavam prestaria para algo. A diversão estava no processo criativo, e não no produto final.

Hackers, quando surgiram, eram apenas mais um desses grupos. Curiosos que exploravam os limites de seus computadorezinhos e das redes que frequentavam, os técnicos amadores foram responsáveis por boa parte dos sistemas de código aberto e software livre que sustentam a internet como a conhecemos atualmente.

Antes que uma mídia apressada em simplificar o assunto passasse a rotular como criminoso qualquer um que forçasse os limites da rede, havia uma certa glória em ser hacker. Voluntários dedicados, boa parte dos pioneiros eram indivíduos libertários, bem-intencionados.

Até hoje há quem use o processo de invasão como atividade política, extraindo informações que não deveriam ser secretas e tornando públicas as fragilidades da segurança nacional, como o fazem os rapazes do LulzSec. De onde você acha que veio boa parte do conteúdo publicado pela organização WikiLeaks?

Mas, como a tentação é grande e há maçãs podres em todos os cestos, é fácil compreender porque muitos bandearam para o crime, em especial em países cuja estrutura para encontrá-los e julgá-los é arcaica e ineficiente.

Se, além disso, o país tiver boas escolas de computação em cidades sem mercado grande o suficiente para absorver seus alunos, a receita estará completa.
É por isso que há tantos deles na Rússia, ou você pensava que eu me referia a outro país?

Fonte: Folha de S. Paulo - tec - Quarta-feira, 13 de julho de 2011 - Pg. F8 - Internet: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/tec/tc1307201127.htm

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