«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 23 de julho de 2011

Pesquisa narra horrores do tráfico de escravos

RICARDO BONALUME NETO
DE SÃO PAULO

"O Navio Negreiro" traz detalhes do transporte de negros para a América
O historiador Marcus Rediker dedicou quatro anos de trabalho ao livro; "convivi com o terror", afirma ele

De longe, ele é uma aparição bonita, elegante. Três mastros, gurupés, velas redondas e velas latinas. Mas, à medida que o observador se aproxima, vai encontrando um local de puro terror. "Câmaras de horror", é como o historiador americano Marcus Rediker define os navios negreiros que transportaram milhões de escravos da África para as Américas.

Rediker realizou um feito raro com o livro "O Navio Negreiro - Uma História Humana": conseguiu tratar de um tema ainda pouquíssimo explorado, o da escravidão africana moderna.

Ninguém antes havia exposto com tanta riqueza a sordidez do transporte de escravos para plantações e minas das Américas e do Caribe.

Leia abaixo trechos da entrevista com o historiador.

Folha - Por que decidiu escrever um livro sobre a experiência deste tipo de navio?


Marcus Rediker - A ideia de escrever "O Navio Negreiro" surgiu alguns anos atrás, quando me encontrei com o ex-Pantera Negra, agora prisioneiro político, Mumia Abu-Jamal, no corredor da morte da Pensilvânia. Era parte de uma campanha para abolir a pena de morte.
Afro-americanos constituem uma parte desproporcionalmente grande do corredor da morte nos EUA, então eu comecei a pensar sobre o relacionamento histórico entre raça e terror. O livro começou na militância política.

Quão difícil foi realizar as pesquisas para o livro? 

Eu tinha a vantagem da experiência de 25 anos de trabalho nos arquivos marítimos. Passei quatro anos de trabalho em tempo integral dedicado ao livro - convivendo com o terror, pode-se dizer.

Por que você se concentrou sobre a experiência britânica e americana?

Em parte, isso era uma questão de formação acadêmica, pois eu havia estudado por muito tempo a história antiga britânica e americana.
Por outro lado, isso era uma questão de importância histórica: os navios britânicos carregaram mais pessoas para a escravidão do que qualquer outro país durante o século 18, o período de pico do comércio de escravos. Meu desafio era transformar as estatísticas de negócios em histórias humanas.

Havia diferença significativa entre os navios negreiros anglo-saxões e os de outras nações, por exemplo, os usados no tráfico para o Brasil?

A maioria dos navios de escravos operava da mesma forma, mas havia algumas diferenças. Negreiros portugueses e brasileiros tendiam a ser maiores do que a maioria, mas, porque a distância a ser navegada era menor no Atlântico Sul (45 dias, comparados a 68 dias para os navios britânicos), as taxas de mortalidade foram menores.

Você diz que nenhum país jamais lidou integralmente com o legado da escravidão e que reparações são ainda devidas. Que tipo de forma poderiam ter essas reparações?

Sociedades e governos podem, por exemplo, despender maiores recursos educacionais para áreas urbanas mais pobres, beneficiando os descendentes dos escravos e a sociedade como um todo. Mas, obviamente, nada significativo vai acontecer até que um movimento social exija uma responsabilização por esse passado terrível.

O NAVIO NEGREIRO
AUTOR: Marcus Rediker
EDITORA: Companhia das Letras
TRADUÇÃO: Luciano V. Machado
QUANTO: R$ 64 (464 págs.)

Fonte: Folha de S. Paulo - Ilustrada/livros - Sábado, 23 de julho de 2011 - Pg. E6 - Internet: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2307201121.htm

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