«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

CRACK - Bobagem?

OSMAR TERRA *

Hoje, já morrem mais vítimas da epidemia do crack do que de todas as demais epidemias virais somadas, o que mostra que ela não é uma bobagem


O crack não é uma droga igual às outras. O dano que causa ao organismo, em particular ao cérebro, é rápido e praticamente irreversível.

Em poucas semanas, muda as conexões cerebrais e a memória do prazer, passando a comandar a motivação e o desejo de forma avassaladora. O dependente sem tratamento morre cedo; quando tratado, torna-se um doente crônico, com frequentes recaídas.

Nos últimos anos, ocorreu uma explosão no uso do crack no Brasil. Ela vem sendo detectada por milhares de prefeituras, pelos ambulatórios, pelos hospitais e por profissionais de diversas áreas.

Mas, apesar das evidências, fomos surpreendidos pelas declarações da secretária nacional de Políticas sobre Drogas, Paulina Duarte, afirmando que a epidemia do crack "é uma bobagem".

Sendo dirigente do órgão do governo federal responsável pelo enfrentamento do problema, a palavra "bobagem" dita pela secretária poderá ter consequências trágicas.

Hoje, já morrem mais vítimas da epidemia do crack do que de todas as demais epidemias virais somadas. Pelas amostragens municipais, podemos inferir que 1% da nossa população está dependente da droga. São quase 2 milhões de brasileiros! Nos Estados Unidos, onde circula há mais tempo, chegou a 4% de dependentes.

Os sinais da epidemia estão em toda parte. No Brasil, entre as drogas ilícitas, já é responsável pelo maior número de ocorrências policiais e de urgências médicas.

Seu tráfico já responde por quase metade dos homicídios do país!

Ignorar esse gravíssimo problema só pode ser explicado por um viés ideológico. O mesmo que, de um lado, propõe legalizar as drogas e, de outro, minimiza o problema, tratando-o de forma genérica e sem foco. A consequência dessa visão é a paralisia, que pode ser fatal para milhares de jovens.

Mais grave do que minimizar o problema, talvez seja a lentidão de como se trata a questão na prática.
Em maio de 2010, o governo federal anunciou R$ 410 milhões para enfrentar o crack. Até agora, menos de 20% disso foi liberado.

A modesta meta de criar mais 2.500 leitos para desintoxicação continua no plano das intenções.

Com o insuficiente financiamento da saúde, menos de 10% da promessa foi cumprida.
Também as limitadas ações de vigilância nas fronteiras com os países produtores de cocaína ficaram severamente comprometidas com os cortes feitos nos orçamentos de nossas Forças Armadas e da Polícia Federal.

O simples fato de a droga permanecer tendo o mesmo preço para consumo que tinha há cinco anos revela que as apreensões feitas até agora nem de longe afetaram sua oferta para um consumo que cresce geometricamente.

Temos um enorme desafio pela frente. Mas, para vencê-lo, é preciso antes de tudo reconhecer que a epidemia do crack é uma realidade.

Ignorá-la, por desconhecimento ou por ideologia, é uma bobagem que pode custar a vida de muitos brasileiros.

* OSMAR TERRA, mestre em neurociências pela PUC-RS, é deputado federal pelo PMDB-RS. Foi secretário da Saúde do Rio Grande do Sul.

Fonte: Folha de S. Paulo - Tendências/Debates - Sexta-feira, 15 de julho de 2011 - Pg. A3 - Internet: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1507201107.htm

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