«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

CORRUPÇÃO - Problema da Democracia

ENTREVISTA:
Prof. Fernando Filgueiras

Por Cláudia Rezende
Editora-adjunta

Escondida em meios autoritários, a corrupção só é visível onde há liberdade.
Brasil aprimorou o controle dela, mas ainda tem de melhorar

É remota a possibilidade de existir uma sociedade sem corrupção, mas isso não é o fim. O mais importante é ter mecanismos de controle do problema. Nesse ponto, o Brasil avançou, especialmente por causa da democracia.
Quem fala sobre o tema, uma ferida para o brasileiro, é o professor Fernando Filgueiras [foto acima], do Departamento de Ciência Política da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Ele é pesquisador do Centro de Referência do Interesse Público, da UFMG, e autor de "Corrupção, democracia e legitimidade".

Por que existe corrupção?

A corrupção é um fenômeno que ultrapassa as sociedades, especialmente as democráticas. Não é por acaso que a democratização no Brasil tornou a corrupção entre nós mais visível. Não necessariamente porque aumentou ou diminuiu, mas porque as pessoas começam a ter informação sobre o modo como os recursos públicos e as políticas públicas são geridos. A corrupção só é um problema para a democracia. Em regimes autoritários, a corrupção não importa, porque é guardada em segredo.

No Brasil, a corrupção é mais forte que em outros países? Por quê?

O Brasil, em índices internacionais que procuram medir a percepção da corrupção, ocupa posição intermediária. É maior que em países onde a democracia já está consolidada e as instituições têm trajetória mais sólida e menor que em países que são governados por cleptocracias [Estado governado por ladrões]. O Brasil  avançou muito na democratização e melhorou bastante a atuação das instituições de controle, mas muito ainda precisa ser feito, especialmente na punição da corrupção.

Que fatores facilitam a corrupção no Brasil?

Desigualdade social, a falta de universalismo de procedimentos das instituições públicas, que é reflexo da desigualdade. A impunidade de altas autoridades também facilita, porque torna as instituições ineficazes. O que facilita fortemente é a dificuldade de institucionalização do estado de direito no Brasil.

O que mudou da redemocratização para cá?

Mudou o fato de que as instituições têm conseguido maior autonomia e que a própria sociedade tem estado bastante atenta ao problema da corrupção. Mas ainda avançamos pouco na constituição de uma cultura fortemente democrática.

O senhor acredita que hoje o Brasil possui mecanismos mais eficientes de controle da corrupção?

Comparado à história do Brasil, ao longo do século 20, sem dúvida. Hoje os tribunais de contas têm mais autonomia. A Polícia Federal tem atuado no enfrentamento da corrupção, e instituições de auditoria e controle interno, como a Controladoria Geral da União e as controladorias nos estados, também têm contribuído.

A burocracia ajuda ou atrapalha no enfrentamento da corrupção?

Se compreendermos a burocracia como um princípio de organização do serviço público, que leve em consideração o universalismo dos procedimentos, a legalidade e a moralidade administrativa, ela colabora muito. Agora, se compreendermos a burocracia como um grande elefante branco dotado de ineficiência e descontrole, certamente, ela colabora, e muito, para a corrupção. 

Que instrumentos são mais indicados para controlar a corrupção?

Precisamos de atitude mais positiva quanto à atuação da cidadania. Não podemos naturalizar a corrupção, dizendo que ela pertence ao caráter do brasileiro.

O senhor fez uma pesquisa com servidores públicos a respeito da corrupção...

Fizemos uma pesquisa com 1.115 servidores públicos federais. Os resultados apontam para o fato de que práticas como suborno e propina ainda persistem no serviço público e que o principal elemento que explica isso é a falta de noção mais forte de igualdade e universalismo dos procedimentos da administração pública.

Onde a corrupção é mais percebida?

Nas instituições legislativas e nos partidos políticos, seguida das instituições dos poderes Executivo e Judiciário. É mais percebida no Estado que na sociedade.

O senhor acredita em uma sociedade sem corrupção?

Essa é uma possibilidade remota. Como modelo ideal, talvez possa funcionar. Mas, na prática, é uma probabilidade muito pequena. O que importa não é o fato de a corrupção existir ou deixar de existir, mas o fato de ela ser controlada e punida.

Fonte: Jornal TUDO - Geral - Belo Horizonte (MG), 9 a 15 de julho de 2011 - Pg. 3 - Edição impressa.

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