«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

domingo, 8 de março de 2015

10 revelações espantosas da Operação Lava Jato

Leandro Narloch

Com o desenrolar das investigações da Lava Jato, os escândalos e denúncias vão se acumulando; os brasileiros aos poucos perdem a capacidade de se assustar com eles. Por isso é bom lembrar as histórias mais espantosas que vieram à tona nos depoimentos.
JOSÉ DIRCEU - olha ele aí de novo!!!
1. “Doações eleitorais”

Pedro Barusco, ex-diretor de engenharia da Petrobras, contou à Justiça Federal que as empreiteiras eram intimadas a fazer doações eleitorais ao PT [Partido dos Trabalhadores] no valor de 0,5% dos contratos que fechavam com a Petrobras. Foi o caso, segundo ele, do estaleiro Keppel Fels, de Cingapura, que fechou um contrato de R$ 185,8 milhões com a Petrobras. Meio por cento desse valor equivale a R$ 929 mil. Quatro meses depois da Petrobras firmar o acordo com o estaleiro, o PT recebeu, segundo o TSE, uma doação R$ 930 mil da FSTP Brasil, que pertence à Keppel Fels. De acordo com planilhas fornecidas por Barusco, propinas mascaradas de doações eleitorais ao PT chegaram a R$ 455 milhões.

2. Cinco pessoas, R$ 472 milhões

A Operação Lava Jato já investigou 87 pessoas, mas o que surpreende é que cinco – apenas cinco pessoas – já se comprometeram a devolver quase meio bilhão de reais. Pedro Barusco devolverá 97 milhões de dólares (ou R$ 289 milhões); o doleiro Alberto Youssef, R$ 50 milhões; Júlio Camargo e Augusto Ribeiro, da Toyo Setal, também R$ 50 milhões. Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento, prometeu devolver 26 milhões de dólares (vindos de uma conta na Suíça e outra nas Ilhas Cayman), além de 181 mil dólares, R$ 762 mil e 10,9 mil euros apreendidos em sua casa, uma lancha no valor de R$ 1,1 milhão, um terreno no município de Mangaratiba (RJ) avaliado em R$ 3,2 milhões, e uma Range Rover Evoque de R$ 300 mil.

3. E contando…

A conta acima não inclui bens que foram bloqueados pela Justiça de investigados que não assinaram acordo de delação premiada. Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional da Petrobras, teve R$ 106 milhões bloqueados. Para a Justiça Federal, esse valor veio da propina cobrada em contratos de navios-sonda para perfuração em águas profundas na África e no México em 2006 e 2007.
Pedro Barusco - ex-diretor de Engenharia da Petrobras
4. Intimidade

Em 2008, o diretor Paulo Roberto Costa foi um dos convidados da festa de casamento de Paula Araújo Rousseff, filha de Dilma.

5. Aspectos políticos

A JD Assessoria, empresa de consultoria de José Dirceu, ganhou uma bolada com as empreiteiras envolvidas no Petrolão. A OAS desembolsou R$ 720 mil pela consultoria de Dirceu; a Galvão Engenharia, 725 mil; a UTC, empreiteira-chefe do cartel, desembolsou R$ 2,3 milhões só entre 2012 e 2013. A Camargo Corrêa pagou R$ 866 mil pela consultoria sobre “integração dos países da América do Sul e análise de aspectos sociológicos e políticos do Brasil”.

6. Até que a morte os separe

José Janene, líder do PP [Partido Popular], um dos réus do Mensalão e participante do esquema de propina na Petrobras, morreu no Incor, em São Paulo, em setembro de 2010. Quem assinou o atestado de liberação do corpo foi o doleiro Alberto Youssef. De acordo com Hermes Freitas Magnus, o empresário que fez as primeiras denúncias que resultaram na Operação Lava Jato e ex-sócio de José Janene, a participação do ex-deputado no esquema de corrupção na Petrobras funcionava como um “cala-boca”, para que Janene não agisse para “derrubar Lula” contando o que sabia sobre o Mensalão.

7. Te amo

Em 28 de fevereiro de 2014, a Polícia Federal interceptou a seguinte mensagem entre o doleiro Alberto Youssef e o deputado Luiz Argôlo (SSD-BA):

Argôlo: Bom dia.
Youssef: Bom dia.
Argôlo: Você sabe que tenho um carinho por vc e é muito especial.
Youssef: Eu idem.
Argôlo: Queria ter falado isso ontem. Acabei não falando. Te amo.
Youssef: Eu amo você também. Muitoooooooooo<3
Argôlo: Sinto isso. E aí já melhorou?? Melhorou??? Por favor me diga alguma coisa.
Deputado LUIZ ARGÔLO (SSD-Bahia)
8. Castigo

Renato Duque, ex-diretor de Engenharia e Serviços da Petrobras, costumava punir empresas que dificultavam ou atrasavam o pagamento de propina. Alberto Youssef contou à Justiça Federal que Duque sugeriu à empreiteira Alusa apresentar um projeto para uma obra do Comperj, o complexo petroquímico do Rio de Janeiro. O motivo da sugestão era o “jogo duro” que a Camargo Corrêa estaria fazendo para liberar a propina. “Caso precisasse de aditivo, a empresa ‘não contribuinte’ não contaria com qualquer auxílio ou facilitação para que os aditivos fossem aprovados ou agilizados”, afirmou Youssef.

9. Negócio do século

O escândalo da Refinaria de Pasadena, no Texas, é bem conhecido, mas não deixa de impressionar. Em 2005, a belga Astra Oil comprou a refinaria por 42,5 milhões de dólares. Um ano depois, vendeu metade da refinaria para a Petrobras por 360 milhões de dólares. Depois vendeu os seus 50% por 639 milhões de dólares. Totalizando um lucro de quase um bilhão de dólares para a Astra, e um prejuízo de 792 milhões de dólares para a Petrobras, ou mais de R$ 2 bilhões. “Foi o negócio do século”, comentaram jornais belgas.

10. Todo mundo

Em 2008, a ex-gerente da Petrobras, Venina da Fonseca, foi à sala de Paulo Roberto Costa contar que sabia de casos de propina e superfaturamento em contratos da Petrobras. Segundo ela, Paulo Roberto apontou para o retrato do Lula e perguntou:
- Você quer derrubar todo mundo por aqui?

Fonte: VEJA – Blogs e Colunistas – Leandro Narloch: O Caçador de Mitos – 06/03/2015 – Publicado às 13h07 – Internet: clique aqui.
Dez respostas sobre a Lava-Jato

1. Os políticos alvo de inquérito agora podem ter a prisão decretada, como os empresários?

Não. Parlamentares só podem ser presos se condenados ou flagrados em crime inafiançável; governadores e presidente, só depois de sentenciados. Assim, eventuais prisões preventivas só poderão ser decretadas para políticos sem mandato ou ministros.

2. Quando os políticos serão julgados?

Não há previsão. A fase de inquéritos (produção de provas) deve durar pelo menos um ano até que a Procuradoria Geral da República ofereça as denúncias e os políticos se transformem em réus.

3. E, no caso dos empreiteiros, por que o julgamento deve ser mais rápido?

Como eles estão presos, os processos têm prioridade na Justiça. Além disso, já são réus.

4. A entradade um novo ministro no Supremo Tribunal Federal [STF], cuja indicação pela presidente Dilma é esperada para este mês, pode interferir nos julgamentos?

O novo ministro junta-se a outros quatro magistrados da turma. Suas chances de interferir no rumo do julgamento limitam-se, portanto, ao próprio voto.

5. Lula foi acusado por Youssef de saber de tudo. Por que o nome dele não apareceu?

O ex-presidente, até onde se sabe, ainda não é investigado. Caso os investigadores decidam fazê-lo, a apuração acontecerá no âmbito da Operação Lava-Jato no Paraná, já que ele não tem mais direito a foro privilegiado.

6. O fato de Janot ter recomendado a não investigação da presidente Dilma a inocenta?

A presidente da República tem imunidade temporária. Ela só pode ser processada por fato atinentes ao seu mandato. Isso, porém, não significa uma declaração de inocência. Ela poderá ser investigada e denunciada ao fim do mandato, ou antes, caso se comprove que usou o cargo para beneficiar a quadrilha ou recebeu vantagens.

7. Para onde vai o dinheiro recuperado dos corruptos?

Os recursos bloqueados dos investigados vão para uma conta bancária aberta em nome da Justiça Federal e controlada pelo juiz do caso. No fim do processo, havendo condenações e reconhecimento de culpa, o dinheiro é devolvido aos cofres da União.

8. Os políticos também podem fazer delação premiada?

Sim. A diferença é que negociam o acordo diretamente com a Procuradoria-Geral da República, e não com o Ministério Público Federal. Mas, ao firmarem o pacto, assumem um risco maior de ter o mandato cassado, na medida em que reconhecem ter cometido o delito.

9. A CPI da Petrobras pode interferir no rumo das investigações?

As CPIs têm poder de investigação para inquirir investigados, quebrar sigilos e produzir provas que podem auxiliar o trabalho do Judiciário.

10. Por que o julgamento dos políticos não ocorrerá no plenário do STF, como no mensalão?

Uma mudança no regimento do STF em 2014 transferiu para as turmas de ministros a competência de julgar crimes comuns de parlamentares. O intuito é dar maior agilidade aos julgamentos. Processos referentes à Lava-Jato estão a cargo da turma composta dos ministros Teori Zavascki, Gilmar Mendes, Carmen Lúcia e Celso de Mello.

Fonte: VEJA – Edição 2416 – Ano 48 – nº 10 – 11 de março de 2015 – Pg. 53 (edição impressa).

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