«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 24 de março de 2015

CRIANÇAS ESPIONADAS - ERA SÓ O QUE FALTAVA!

Agente Barbie

Susan Linn*

Boneca que capta (e usa) o que as crianças lhe falam
viola muito mais que a privacidade

Boneca "Hello Barbie" - pode ouvir conversas das crianças e da família
e "falar" com as mesmas
O plano da Mattel de lançar uma boneca Hello Barbie conectada por Wi-Fi neste outono americano é uma grossa violação da privacidade de crianças e famílias. A boneca usa um microfone embutido para captar tudo que a criança diz a ela e tudo que é dito por qualquer um ao alcance do microfone. Essas conversas serão transmitidas para servidores em nuvem para armazenamento e análise pela Toy Talk, a parceira de tecnologia da Mattel. A Mattel diz que “aprenderá tudo que as crianças gostam e não gostam” e “enviará dados” de volta às crianças, transmitidos via alto-falante embutido na boneca.

O fato de Mattel e Toy Talk estarem se envolvendo no que resulta em vigilância corporativa de como as crianças brincam com suas bonecas deixa crianças e famílias vulneráveis a violações potenciais como quebra de segurança, publicidade insidiosa e outras. Como psicóloga que passou anos engajando crianças em terapias com brinquedos sei que as brincadeiras delas com bonecas, marionetes, bichinhos de pelúcia e outras figuras são poderosamente pessoais. Quando crianças falam com brinquedos, elas podem revelar segredos, trabalhar experiências perturbadoras e explorar seus sonhos e esperanças. Conversas com brinquedos são janelas para seus corações e mentes. Em geral, as únicas pessoas além dos pais que entreouvem crianças em conversas sérias com seus brinquedos são outros membros da família, professores, ou cuidadores - pessoas cujo principal interesse é o bem-estar da criança. Mas as crianças que falarem com uma Hello Barbie serão bisbilhotadas por uma corporação cujo interesse exclusivo nelas é financeiro.

A Mattel tranquiliza os pais dizendo que eles receberão e-mails com destaques das conversas das crianças. É aí, no entanto, que as coisas ficam preocupantemente complicadas.

A política de privacidade da boneca ainda não foi divulgada, mas não consigo imaginar uma que me tranquilize sobre uma corporação ouvindo crianças brincar. Os pais que comprarem uma Hello Barbie estarão dando acesso à Mattel e à Toy Talk às atividades mais íntimas das crianças, além de conversas privadas da família. Será que os relatórios aos pais detalharão brigas entre irmãos, ou revelações de uma criança sobre a família que poderiam ser mal interpretadas? As crianças em privado às vezes encenam cenas violentas ou sexuais com suas bonecas que poderiam aborrecer ou preocupar alguns pais. Como será que a Mattel lidará com o informe desse tipo de conversa?

SUSAN LINN
Autora deste artigo - Psicóloga
Brincadeiras de crianças são com frequência reveladoras de como elas experimentam o mundo, mas não são necessariamente uma descrição precisa dos fatos. O pior cenário são crianças confiando a bonecas que estão sendo abusadas, ou suas brincadeiras sugerirem que elas estão sendo maltratadas. O que a Mattel fará com essa informação? Professores e cuidadores que testemunham revelações desse tipo são profissionais treinados e obrigados a reportar suspeitas a serviços de proteção à infância. A Mattel e a Toy Talk farão isso? O pensamento de que crianças podem estar revelando que estão em perigo e a Mattel sabe e não faz nada é assustador. Igualmente assustadora é a possibilidade de que a Mattel ou alguma outra corporação tenham o poder de informar uma família com base na vigilância do que crianças dizem a uma boneca numa brincadeira ou numa representação incorreta de interações familiares.

Hello Barbie não é o primeiro brinquedo a incluir essa tecnologia, mas é a primeira megamarca a fazê-lo. Por enquanto, a IBM e outras companhias planejam lançar brinquedos similares. É por isso que a Campaign for a Commercial-Free Childhood (Campanha por uma Infância Sem Comerciais) está pedindo que Mattel e Toy Talk parem a produção de Hello Barbie. Até e a menos que políticas regulatórias incluam essas novas tecnologias de brinquedos vigilantes, o único freio disponível é uma discordância pública audível e visível. A julgar pela reação à cobertura da mídia da capacidade de bisbilhotice de Hello Barbie, pais de todo o mundo estão estarrecidos com o fato de fabricantes de brinquedos poderem escutar enquanto crianças expõem seus sentimentos mais íntimos a seus brinquedos. Só podemos esperar que Mattel, Toy Talk e outras companhias estejam ouvindo - e façam a coisa certa cancelando a produção de suas Hello Barbies bisbilhoteiras.

Traduzido do inglês por Celso Paciornik.

* Susan Linn é psicóloga e diretora-executiva da Campaign for a Commercial-Free Childhood (trad.: Campanha por uma Infância Livre de Comerciais).

Fonte: O Estado de S. Paulo – Suplemento ALIÁS – Domingo, 22 de março de 2015 – Pg. E4 – Internet: clique aqui.

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