«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 28 de março de 2015

Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor Jesus – Ano B – Homilia

Evangelho da Procissão: Marcos 11,1-10

1 Quando se aproximaram de Jerusalém, na altura de Betfagé e de Betânia, junto ao monte das Oliveiras, Jesus enviou dois discípulos,
2 dizendo: “Ide até o povoado que está em frente, e logo que ali entrardes, encontrareis amarrado um jumentinho que nunca foi montado. Desamarrai-o e trazei-o aqui!
3 Se alguém disser: 'Por que fazeis isso?', dizei: 'O Senhor precisa dele, mas logo o mandará de volta'.”
4 Eles foram e encontraram um jumentinho amarrado junto de uma porta, do lado de fora, na rua, e o desamarraram.
5 Alguns dos que estavam ali disseram: “O que estais fazendo, desamarrando este jumentinho?”.
6 Os discípulos responderam como Jesus havia dito, e eles permitiram.
7 Trouxeram então o jumentinho a Jesus, colocaram sobre ele seus mantos, e Jesus montou.
8 Muitos estenderam seus mantos pelo caminho, outros espalharam ramos que haviam apanhado nos campos.
9 Os que iam na frente e os que vinham atrás gritavam: “Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor!
10 Bendito seja o reino que vem, o reino de nosso pai Davi! Hosana no mais alto dos céus!”.

JOSÉ ANTONIO PAGOLA
O GESTO SUPREMO

Jesus contou com a possibilidade de um final violento. Não era um ingênuo, sabia que se expunha se seguisse insistindo no projeto do reino de Deus. Era impossível buscar, com tanta radicalidade, uma vida digna para os “pobres” e os “pecadores”, sem provocar a reação daqueles aos quais não interessava mudança alguma.

Certamente, Jesus não era um suicida. Não busca a crucifixão. Nunca quis o sofrimento nem para os outros nem para ele. Em toda a sua vida, havia se dedicado a combater o sofrimento onde se encontrava: na enfermidade, nas injustiças, no pecado ou na desesperança. Por isso, não corre agora atrás da morte, porém, tampouco, recua.

Seguirá acolhendo pecadores e excluídos, ainda que sua atuação irrite [as autoridades] do Templo. Caso acabem condenando-o, morrerá como um delinquente e excluído, também ele, porém sua morte confirmará o que foi sua vida inteira: confiança total em um Deus que não exclui ninguém de seu perdão.

Seguirá anunciando o amor de Deus aos últimos, identificando-se com os mais pobres e desprezados do Império, por muito que isso incomode os ambientes próximos ao governador romano. Se um dia o executam no suplício da cruz, reservado para escravos, morrerá, também ele, como um desprezível escravo, porém sua morte selará para sempre sua fidelidade ao Deus defensor das vítimas.

Cheio do amor de Deus, ele seguirá oferecendo “salvação” a quem sofre o mal e a enfermidade: dará “acolhida” a quem é excluído pela sociedade e religião; presenteará o “perdão” gratuito de Deus a pecadores e pessoas perdidas, incapazes de voltar à sua amizade. Esta atitude salvadora que inspira a sua vida inteira, inspirará também sua morte.

Por isso, a cruz atrai tanto os cristãos. Beijamos o rosto do Crucificado, levantamos os olhos para ele, escutamos suas últimas palavras... porque na crucifixão vemos o serviço último de Jesus ao projeto do Pai, e o gesto supremo de Deus entregando seu Filho por amor à humanidade inteira.

É indigno converter a Semana Santa em folclore e atração turística. Para os seguidores de Jesus, celebrar a paixão e morte do Senhor é agradecimento emocionado, adoração alegre ao amor “incrível” de Deus e apelo a viver como Jesus solidarizando-nos com os crucificados.

SEMANA SANTA

O que significa para nós viver este tempo? Que significa seguir Jesus em seu caminho para o Calvário, para a cruz e a ressurreição? Vejamos:

·        Significa sair de nós mesmos para ir ao encontro dos demais, à periferia da existência, aos mais distantes, aos esquecidos, àqueles que necessitam compreensão, consolo e auxílio.
·        Viver este tempo significa também entrar, cada vez mais, na lógica de Deus, da cruz e do Evangelho.
·        Sair sempre com o amor e a ternura de Deus, no respeito e na paciência, sabendo que nós colocamos as mãos, os pés, o coração, porém é Deus quem guia e torna fecundas nossas ações.
DEU UM FORTE GRITO

Não tinha dinheiro, armas nem poder. Não tinha autoridade religiosa. Não era sacerdote nem escriba. Não era ninguém. Porém, levava em seu coração o fogo do amor aos crucificados. Sabia que, para Deus, eles eram os primeiros. Isto marcou para sempre a vida de Jesus.

Aproximou-se dos últimos e se fez um deles. Ele, também, viveria sem família, sem teto e sem trabalho fixo. Curou aos que encontrou enfermos, abraçou a seus filhos, tocou em quem ninguém tocava, sentou-se à mesa com eles e a todos devolveu a dignidade. Sua mensagem sempre era ele mesmo: “Estes que excluís de vossa sociedade são os prediletos de Deus”.

Isso bastou para que se convertesse em um homem perigoso. Tinha-se que eliminá-lo. Sua execução não foi um erro nem uma desgraçada coincidência de circunstâncias. Tudo estava bem calculado. Um homem assim é sempre uma ameaça em uma sociedade que ignora os últimos.

Segundo a fonte cristã mais antiga, ao morrer, Jesus “deu um forte grito”. Não era só o grito final de um moribundo. Naquele grito estavam gritando todos os crucificados da história. Era um grito de indignação e de protesto. Era, ao mesmo tempo, um grito de esperança.

Jamais os primeiros cristãos esqueceram esse grito de Jesus. No grito desse homem desonrado, torturado e executado, porém aberto a todos sem excluir ninguém, está a verdade última da vida. No amor impotente desse crucificado está Deus mesmo, identificado com todos os que sofrem e gritando contra as injustiças, abusos e torturas de todos os tempos.

Traduzido do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: MUSICALITURGICA.COM – Homilías de José A. Pagola – Terça-feira, 24 de março de 2015 – 10h43 – Internet: clique aqui.

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