O mundo está para acabar?
A
única verdadeira profecia:
a
sua vinda
Frei
Francesco Scaramuzzi
Frade
Menor Capuchinho
Pietrelcina
– Itália
Como distinguir entre as falsas e autênticas Profecias?
Elas nos chegam a todo instante.
Vocês
recordam os programas televisivos [na Itália], como “Milagres” [veja um dos
programas, clicando aqui – em italiano], que voltou novamente a ser transmitido, nos quais
determinados fenômenos eram analisados e revirados do avesso, procurando compreender
racionalmente, ao menos, a sua autenticidade? Ultimamente, surgiram também duas
ficções como “O Décimo Terceiro Apóstolo” e “O Restaurador”, que seguiram o
mesmo fio temático com grandes índices de audiência. Desde os tempos de “Sinal
do Comando”, este gênero televisivo sempre teve sucesso.
E nos
perguntamos o porquê? Talvez seja inerente à natureza do homem, esse desejo
de compreender o além, o outro, que, se espera, esconda-se por trás dos eventos.
Este ano
[2012 – quando foi redigido este artigo], também bissexto, mesmo que não
seja uma intenção fazê-lo de propósito, além de crise, recessão e impostos,
corre o risco de nos presentear um imenso tormento sobre o fim do mundo com a profecia
dos Maias, ou aquela que lhes é atribuída. Um pouco como as tais previsões
de Nostradamus. Não esqueçamos que o célebre francês, ainda com muito
crédito, foi péssimo astrólogo e mestre de ambiguidades. Infelizmente, passou
para a história, mas ninguém se lembra que Laurent Videl, em 1558,
desmascarou Nostradamus, demonstrando que, do ponto de vista científico, ele
cometeu erros grosseiros de cálculo em relação aos perfis matemático-astronômicos.
Além do mais, as suas predições não são outra coisa que exemplos de clarividência
retroativa. Dizendo de outro modo, as quadras (estrofes de 4 versos) são
escritas em uma maneira tão ambígua, que qualquer um, posteriormente, pode ler
nelas aquilo que mais crer. E as únicas três vezes, nas quais indicou uma data
precisa para as suas profecias, Nostradamus errou clamorosamente: em 1732
previu a total destruição da espécie humana; em 1792, o culminar de uma longa e
selvagem perseguição religiosa que jamais existiu; e o final do mundo para o
ano de 1999.
Se, ainda,
acrescentarmos a profecia de Malaquias sobre a lista dos Papas e sobre o
pontificado do último que em breve terminará com a destruição de Roma, acho que
realmente alcançamos seu auge. Não poderiam faltar profecias atribuídas,
também, ao nosso Padre Pio, obviamente falsas! E não nos esqueçamos dos
tantíssimos magos que leem as mãos, as cartas, fazem horóscopos, observam as
esferas de cristal, e que pretendem ser capazes de predizer os eventos futuros.
Mas nós, certamente, não chamamos tudo isso de “profecia”.
PADRE PIO Nome de batismo: Francesco Forgione (1887-1968), pertencia à Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, foi elevado a santo pela Igreja Católica como São Pio de Pietrelcina, em 16 de junho de 2002 |
As Profecias, sejam no
Antigo Testamento como no Novo Testamento, são sempre portadoras de uma mensagem
de esperança. Mesmo quando se destina ao anúncio de um castigo ou uma
advertência aos israelitas de uma iminente derrota e escravidão porque
abandonaram Deus, a mensagem traz, em si, uma garantia de que, em caso de
retorno a Deus [= conversão], Ele retornará a eles e lhes libertará.
Para aquele
que crê, o verdadeiro propósito da Profecia é aquele de reforçar,
admoestar, estimular, encorajar, aliviar a dor e o desconforto, habilitar o
povo a conhecer e compreender a vontade de Deus por si mesmo. O objetivo da
Profecia é, sobretudo, aquele de edificar o cristão a ser correto e firme na fé.
Ela é fonte de contínuas motivações para resistir, para não ceder nos momentos
de dificuldade, para não cair na tristeza, na resignação, mesmo quando a
palavra é dura, ela é sempre palavra que transforma, que não deixa jamais
indiferente. Tem sempre uma finalidade positiva.
Se nós
sabemos aquilo que acontecerá no futuro, sabemos também como viver melhor no
presente. Se, pelo contrário, o efeito da Profecia é a confusão, a
condenação ou o desencorajamento, não pode ser aceita e, em certos casos, deve
ser fortemente rejeitada para prevenir que a angústia tome conta de nossa
vida!
Por meio da
profecia, Deus fala, instrui, solicita, admoesta, mas cria, sobretudo, um diálogo.
“Todo discurso cristão – afirma Bento XVI* – parte sempre do evento da Ressurreição”,
o qual está em estreita relação seja com o tempo presente, no qual se constrói
o Reino de Deus, seja com o futuro, quando “Cristo entregará o Reino ao Pai”.
Todavia, destaca o Pontífice: “a expectativa da parusia [= vinda] de
Jesus não dispensa do compromisso neste mundo, mas ao contrário cria
responsabilidade face ao Juiz divino acerca do nosso agir neste mundo.
Precisamente assim cresce a nossa responsabilidade de trabalhar em e para este
mundo.” Se olhamos ao nosso redor, sentimos relações repletas de violência,
disputas políticas, escândalos, agitações sobre o trabalho, guerras, crimes e
todo tipo de degradação. A pergunta que recorre com apreensão é “para onde
estamos indo?”. Lemos, vemos e escutamos notícias dramáticas com temor e
incredulidade que estas coisas possam acontecer de verdade.
A mensagem
essencial é esta, segundo Bento XVI: “o nosso futuro é ‘estar com o Senhor’,
mas enquanto crentes, em nossa vida nós já estamos com o Senhor”.
Em Cristo,
o mundo futuro, a vida eterna já começou. Ele é a certeza que vence todo
tipo de medo, inclusive, aquele da morte.
* As palavras de Bento XVI são da Audiência
Geral – Praça de São Pedro – Quarta-feira, 12 de novembro de 2008. Acesse,
na íntegra (em língua portuguesa), clicando aqui.
Traduzido
do italiano por Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo.
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