14º Domingo do Tempo Comum – Ano A – HOMILIA

Evangelho: Mateus 11,25-30

Naquele tempo, Jesus pôs-se a dizer:
25Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra,
porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos
e as revelaste aos pequeninos.
26 Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado.
27 Tudo me foi entregue por meu Pai,
e ninguém conhece o Filho, senão o Pai,
e ninguém conhece o Pai, senão o Filho
e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
28 Vinde a mim todos vós que estais cansados
e fatigados sob o peso dos vossos fardos,
e eu vos darei descanso.
29 Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim,
porque sou manso e humilde de coração,
e vós encontrareis descanso.
30 Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.

JOSÉ ANTONIO PAGOLA
TRÊS CHAMADOS DE JESUS

O evangelho de Mateus recolheu três chamados de Jesus que seus seguidores devem escutar com atenção, pois podem transformar o clima de desânimo, cansaço e tédio que, às vezes, respira-se em alguns setores de nossas comunidades.

“Vinde a mim todos os que estais cansados ​​e sobrecarregados. Eu vos aliviarei”. Esse é o primeiro chamado. É dirigido a todos aqueles que vivem sua religião como uma carga pesada. Não são poucos os cristãos que vivem sobrecarregados pela sua consciência. Não são grandes pecadores. Simplesmente, foram educados para ter sempre presente seu pecado e não conhecem a alegria do perdão contínuo de Deus. Se encontrarem-se com Jesus, se sentirão aliviados.

Há, também, cristãos cansados de viver sua religião como uma tradição desgastada. Se encontrarem-se com Jesus, aprenderão a viver confortavelmente com Deus. Descobrirão uma alegria interior que hoje não conhecem. Seguirão Jesus, não por obrigação, mas por atração.

“Tomai o meu jugo, porque é suportável e meu fardo é leve”. Esse é o segundo chamado. Jesus não sobrecarrega ninguém. Ao contrário, libera aquilo de melhor que existe em nós, pois nos propõe viver tornando a vida mais humana, digna e saudável. Não é fácil encontrar um modo mais apaixonante de viver.

Jesus liberta de medos e pressões, não os introduz; faz crescer nossa liberdade, não nossas servidões, desperta em nós a confiança, jamais a tristeza; nos atrai para o amor, não para as leis e preceitos. Convida-nos a viver fazendo o bem.

“Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso”. Esse é o terceiro chamado. Temos de aprender de Jesus a viver como ele. Jesus não complica a nossa vida. Torna-a mais clara e simples, mais humilde e mais saudável. Oferece descanso. Ele não propõe, jamais, aos seus seguidores algo que não tenha vivido. Convida-nos a segui-lo pelo mesmo caminho que ele percorreu. Por isso, pode entender nossas dificuldades e nossos esforços, pode perdoar nossos enganos e erros, incentivando-nos sempre a levantar.

Devemos concentrar nossos esforços em promover um contato mais vital com Jesus em tantos homens e mulheres necessitados de ânimo, descanso e paz. Entristece-me ver que é, precisamente, o seu modo de entender e viver a religião aquilo que leva a não poucos, quase inevitavelmente, a não conhecer a experiência de confiar em Jesus.

Penso em muitas pessoas que, dentro e fora da Igreja, vivem "perdidas", sem saber em que porta bater. Sei que Jesus poderia ser uma grande notícia para elas.
 A ARTE DE DESCANSAR

São muitos os que vivem submetidos a um ritmo duro de trabalho que nos vai desgastando ao longo dos meses. Por isso, ao chegar o verão, todos buscamos, de uma maneira ou outra, um tempo de descanso que nos ajude a liberar-nos da tensão, da sobrecarga e do desgaste que acumulamos ao longo dos dias.

Porém, o que é descansar? É suficiente recuperar nossas forças físicas, tomando sol durante horas e mais horas junto à praia de algum mar? É suficiente esquecer nossos problemas e conflitos afogando-os no ruído de nossas festas e festivais? Ao retornar das férias, mais de uma pessoa sente a sensação de tê-las perdido. Pois, também nas férias, podemos cair sob a tirania da agitação, do barulho, da superficialidade e da ansiedade do prazer fácil e estressante. Nem todos sabem descansar. E, talvez, o homem moderno necessite, urgentemente, iniciar-se na arte do verdadeiro descanso.

Precisamos, antes de mais nada, encontrarmo-nos, mais profundamente, com nós mesmos e buscar o silêncio, a calma e a serenidade que, tantas vezes, nos faltam durante o ano, para escutar o melhor que há dentro de nós e ao nosso redor.

Precisamos recordar que uma vida intensa não é uma vida agitada. Queremos ter tudo, agarrar e desfrutar tudo. Assim, nos rodeamos de mil coisas supérfluas e inúteis que sufocam nossa liberdade e espontaneidade.

Precisamos descobrir a natureza, contemplar a vida que brota perto de nós, deter-nos diante das coisas pequenas e das pessoas simples e boas. Experimentar que a felicidade tem pouco a ver com a riqueza, os sucessos e o prazer fácil.

Precisamos recordar que o sentido último da vida não se esgota no esforço, no trabalho e na luta. Pelo contrário, ele revela-se mais claramente na festa, na alegria compartilhada, na amizade e na convivência fraterna.

Porém, precisamos também, enraizar nossa vida nesse Deus “amigo da vida”, fonte do verdadeiro e definitivo descanso. O coração do ser humano pode descansar sem encontrar-se com Deus?

Escutemos, com fé, as palavras de Jesus: “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados. Eu vos aliviarei”.

Traduzido do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: MUSICALITURGICA.COM – Homilías de José A. Pagola – Segunda-feira, 30 de junho de 2014 – 22h55 – Internet: clique aqui.

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