A "RECEITA" PARA SER FELIZ - PAPA FRANCISCO
Em
entrevista a uma revista argentina,
o papa nos propõe 10 ideias como fórmula da
felicidade
Papa Francisco filmado durante entrevista concedida à revista VIVA da Argentina Entrevista publicada na edição de domingo último (27/07/2104) |
Viver e
deixar os outros viverem. Compartilhar o domingo em família e brincar com as
crianças. Esquecer o negativo e doar-se aos outros. Estes são alguns dos
conselhos que o papa Francisco nos dá em seu “decálogo” para sermos felizes, publicado pelo repórter Pablo Calvo em sua entrevista ao
pontífice para a revista argentina “Viva”.
“Qual é
a fórmula da felicidade?”, pergunta o jornalista, que depois conta aos
leitores: "O papa não foge da pergunta e, nesta resposta pontual e durante
o resto da conversa, ensaia uma receita para sermos felizes. Seguem 10
elementos dessa poção que parece inalcançável, mas que Francisco nos convida a
tentar", apresenta Pablo Calvo.
1. Viva
e deixe viver: “Os romanos têm um ditado que poderíamos tomar como ponto de
partida: 'Vá em frente e deixe os outros irem em frente'. Viva e deixe viver, é
o primeiro passo da paz e da felicidade”.
2.
Doar-se aos outros: “Se você estagnar [parar], vai correr o risco de ser egoísta. E a
água estagnada fica logo estragada”.
3.
Mover-se “remansadamente”: “Em [romance] ‘Dom Segundo Sombra’ há uma coisa muito bonita,
de alguém que relê a sua vida: o protagonista. Diz que, quando era jovem, era
um arroio pedregoso que arrastava tudo pela frente; quando adulto, era um rio
que corria em frente; e na velhice ele se sentia em movimento, mas lentamente,
‘remansado’. Eu utilizaria esta imagem do poeta e novelista Ricardo Güiraldes,
esse último adjetivo, ‘remansado’. A capacidade de mover-se com benevolência e
humildade, o remanso da vida. Os idosos têm essa sabedoria, são a memória de um
povo. E um povo que não cuida dos seus idosos não tem futuro”.
4.
Brincar com as crianças: “O consumismo nos levou a essa ansiedade de perder a
cultura sadia do ócio, de ler, de desfrutar da arte. Agora eu atendo pouco em
confissão, mas, em Buenos Aires, eu ouvia muitas confissões e quando vinha uma
jovem mãe eu perguntava: 'Quantos filhos você tem? Você brinca com eles?'. E
era uma pergunta que elas não esperavam, mas eu dizia que brincar com as
crianças é fundamental, é uma cultura sadia. É difícil, os pais vão trabalhar cedo
e voltam muitas vezes quando os filhos já estão dormindo. É difícil, mas eles
têm que brincar”.
5.
Compartilhar os domingos com a família: “Outro dia, em Campobasso [município italiano na região de Molise], fui a uma
reunião entre o mundo da universidade e o mundo operário. Todos pediam o domingo
livre. O domingo é para a família”.
6.
Ajudar os jovens a conseguir emprego: “Temos que ser criativos com essa faixa
etária. Se faltam oportunidades, eles caem na droga. E está muito alto o índice
de suicídios entre os jovens sem trabalho. Outro dia eu li, mas não confio
porque não é um dado científico, que havia 75 milhões de jovens de até 25 anos
desempregados. Não basta dar comida para eles: tem que inventar cursos de um
ano de encanador, eletricista, costureiro. A dignidade vem de podermos levar o pão para casa”.
7.
Cuidar da natureza: “Temos que cuidar da criação e não estamos fazendo isso. É
um dos maiores desafios que nós temos”.
8.
Esquecer rápido o que é negativo: “A necessidade de falar mal do outro indica
uma baixa autoestima: eu me sinto tão abaixo que, em vez de subir, rebaixo o
outro. Esquecer rápido o que é negativo é sadio”.
9.
Respeitar quem pensa diferente: “Podemos instigar o outro com o testemunho,
para que os dois progridam nessa comunicação, mas o pior que pode acontecer é o
proselitismo religioso, que paralisa: 'Eu dialogo contigo para te convencer'.
Não. Cada um dialoga a partir da sua identidade. A Igreja cresce por atração,
não por proselitismo”.
10.
Procurar ativamente a paz: “Estamos vivendo uma época de muita guerra. Na
África parecem guerras tribais, mas são mais do que isso. A guerra destrói. E o
clamor pela paz tem que ser gritado. A paz, às vezes, dá a ideia de quietude,
mas nunca é quietude, é sempre uma paz ativa”.
Para assistir ao vídeo, onde papa Francisco profere
essas recomendações, clique aqui (em espanhol).
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