Crise de água em SP: outro sistema entra em colapso
Fernando Brito
Blog Tijolaço
Salvo
uma reportagem ou outra, pouco tem sido dito sobre o “segundo front da seca” que ameaça São Paulo.
O Sistema Alto Tietê está secando cada
vez mais rápido.
O
segundo maior complexo de reservatórios destinados ao abastecimento da Grande São
Paulo, que está servindo como “complemento” para áreas antes conectadas ao
Sistema Cantareira, para reduzir a retirada de água na situação de emergência
em que este se encontra, não está suportando nem o acréscimo inicial feito há
meses e, muito menos, as novas sangrias feitas a partir do novo agravamento da
crise.
O Tietê representa metade da produção do Cantareira e leva 15 m³/s à estação de
Taiaçupeba.
A queda
no sistema passou de 0,1% (meio bilhão de litros) por dia para 0,2% e, nos
últimos dias, já bateu em 0,3%, ou 1,5 bilhão de litros a menos, diariamente.
Restam 24,3% dos reservatórios, ou cerca de
100 bilhões de litros.
O
estado da represa de Jundiaí é este
que você vê aí na foto [acima].
E a
situação é o que descreve a repórter Sabrina
Pacca, num relato do qual transcrevo um trecho de poucos dias atrás,
publicado há dias:
Sabrina Pacca Repórter do jornal "Diário de Mogi" |
«É desolador o cenário das
cinco barragens que compõem o Sistema
Produtor Alto Tietê (Spat). Uma imensidão de área, antes alagada, hoje
vazia. A sensação, em alguns pontos, é de se observar um pântano. Em outros, de
caatinga. Os peixes desapareceram, para desgosto dos pescadores. Moradores já
se veem podendo usar, a pé ou a cavalo, antigas estradas que estavam debaixo
d´água há mais de 20 anos e que, com a estiagem, reapareceram, a exemplo da
barragem do Rio Jundiaí, onde a realidade é a mais impressionante delas.
Pela terceira vez, nesse
semestre, a reportagem de “O Diário” percorreu as cinco represas do Spat. Elas nunca
estiveram tão secas e as comunidades que vivem no entorno nunca estiveram tão
assustadas. Parece que o temor pela falta de água nas torneiras tomou conta
daquelas pessoas, mais próximas a essas paisagens angustiantes.
“Todo mundo deveria visitar
aqui. A Prefeitura deveria fazer excursões. Só vendo o que a gente vê, todos os dias, para que se tome consciência
de que a água vai acabar mesmo e que vamos sofrer demais. É o sinal do fim
dos tempos e está na Bíblia. Não tem jeito, a gente tem que economizar, pelo amor de Deus”, rogou o
borracheiro, Elias Souza Alves, de 55 anos, que trabalha às margens da represa
de Taiaçupeba, em Jundiapeba, que tem uma área de inundação de 19,36 km². (…)»
Como se
trata da água que vai abastecer uma “pequena cidade”, São Paulo, e pouquíssima
gente, apenas 4,5 milhões de pessoas, a gente tem de recorrer ao bravo Diário
de Mogi, onde trabalha a repórter, e a seu fotógrafo Edson Martins,
para ver e entender o que está se passando.
Não é
assunto para um Jornal Nacional, não
é?
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