CONTA DE LUZ PODE SUBIR DE 10% A 17% EM 2015
ANNE WARTH, ADRIANA FERNANDES E MARIA REGINA SILVA
[Passadas
as eleições de outubro...]
Pelas
estimativas do mercado, reajustes farão com que a energia responda por uma alta
de 0,5 ponto porcentual na inflação
Romeu Rufino - Diretor-geral da Aneel |
Os
reajustes nas tarifas de energia elétrica devem variar entre 10% e 17% no
próximo ano e pressionar ainda mais a inflação, avaliam economistas consultados
pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. O diretor-geral da
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino, admitiu nesta
terça-feira que apenas os dois empréstimos às distribuidoras, calculados em R$
17,7 bilhões, terão impacto de oito pontos porcentuais na conta de luz em 2015.
O
índice será repassado ao consumidor ao longo dos próximos dois anos. Se as
previsões das consultorias se confirmarem, as tarifas de energia elétrica serão
responsáveis por até 0,5 ponto porcentual no IPCA [Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo] do próximo ano. De acordo com
Rufino, porém, ainda não é possível projetar o aumento das contas de luz em
2015.
“Podemos
dizer que o empréstimo terá um impacto no reajuste dessa ordem de grandeza
(oito pontos porcentuais)”, afirmou Rufino. “Não estou com isso querendo dizer
que o reajuste no ano que vem será de 8%, pois o reajuste leva em consideração
outros fatores.” Esse aumento de oito pontos porcentuais será tratado como um
componente financeiro, que entrará na tarifa em 2015, permanecerá por dois
anos, e será retirado ao fim desse período, ao longo de 2017. O início do
repasse ao consumidor dependerá da data do reajuste tarifário anual de cada
distribuidora.
Ciente
das estimativas do mercado, a estratégia do governo é “coordenar as
expectativas” para evitar que projeções mais salgadas ganhem força e afetem as
projeções de inflação para o ano que vem, segundo apurou o Broadcast. A equipe
econômica do governo considera que o empréstimo das distribuidoras terá um
impacto de apenas 0,2 ponto no índice de inflação.
O
economista sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano, projeta um aumento de 15% na
conta de luz no ano que vem.” Esse é um impacto elevado, pois vem de um único
item, entre os mais de 300 que integram o IPCA”, afirmou. O economista Étore
Sanchez, da LCA Consultores, estima um aumento médio de 10% na energia em 2015.
Se a alta se confirmar, a inflação fecharia 2015 em 6,10%. Adriana Molinari, da
Tendências Consultoria Integrada, trabalha com a expectativa de reajuste médio
de cerca de 17% em energia elétrica em 2015, o que levaria o IPCA a 6,30%.
Redução
O diretor-geral da Aneel disse nesta terça-feira que outros fatores podem
reduzir o índice de reajuste de 2015. A queda do valor da energia no mercado e
a devolução à União das usinas da Cesp, Cemig e Copel, que geram cerca de 5 mil
MW médios, devem ajudar, pois o valor cobrado pela energia dessas usinas será
mais barato.
Segundo
Rufino, isso será “bastante relevante” e será capaz de “neutralizar, em grande
parte, se não na totalidade, o impacto do empréstimo.” O financiamento feito
pelo consórcio de bancos e intermediado pela Câmara de Comercialização de
Energia Elétrica (CCEE) deve totalizar R$ 17,7 bilhões para as empresas. Desse
total, R$ 11,2 bilhões já foram repassados e outros R$ 6,5 bilhões devem ser
fechados nas próximas duas semanas. O dinheiro deve chegar às mãos das empresas
no dia 10.
Com a
demora em finalizar a negociação com os bancos, a Aneel adiou, mais uma vez, a
data de pagamento da energia no mercado de curto prazo pelas distribuidoras. A
liquidação de maio poderá ocorrer até 28 de agosto. A data original, 10 e 11 de
julho, havia sido adiada para amanhã, mas o governo não conseguiu fechar todos
os detalhes da operação a tempo.
O CUSTO DA CRISE:
R$ 17,7 bilhões
É
a soma dos dois empréstimos para cobrir o prejuízo das distribuidoras de
energia elétrica neste ano
R$ 11,2 bilhões
Já
foram repassados às distribuidoras
R$ 6,5 bilhões
Estão
sendo negociados e devem ser aprovados em breve
Fonte: O Estado de S. Paulo – Economia –
Quarta-feira, 30 de julho de 2014 – Pg. B8 – Internet: clique aqui.
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