NÃO HÁ LUGAR NA IGREJA PARA PEDÓFILOS
Papa recebe vítimas de pedofilia e implora perdão
Sergio Mora
Papa Francisco celebra missa na capela da Casa Santa Marta - Vaticano |
Nesta
segunda-feira [dia 7 de julho] o Santo Padre Francisco encontrou seis pessoas, dois britânicos, dois alemães e dois
irlandeses que foram abusadas por membros do clero. O convite foi do Cardeal O'Malley. "Eles estavam em
Santa Marta ontem e saudaram o Papa, depois do jantar", disse o porta-voz
do Vaticano Pe. Federico Lombardi.
O Papa
celebrou a missa com a presença das vítimas e fez a homilia em espanhol,
"com palavras particularmente significativas: uma mensagem muito densa e
muito forte”. Desta vez "tratou o assunto de forma mais direta e
abrangente", disse Pe. Federico Lombardi. E acrescentou que estarão disponíveis
algumas imagens do Papa durante a homilia na capela Santa Marta.
Terminada
a Eucaristia, um por um dos participantes saudou o Papa, como de costume em
Santa Marta. Em seguida, tomaram café da manhã na sala de jantar da residência.
Às 9h cada um dos seis participantes se
reuniu com o Santo Padre, acompanhado por uma pessoa que ajudou na tradução.
"Os encontros terminaram por volta das 12: 20 (hora local), ou seja, meia
hora com cada um deles", disse Lombardi.
O
diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé falou com eles e percebeu uma
"profunda gratidão para com o Santo Padre". Em particular, por terem "sido escutados com atenção
e disponibilidade". E disse ainda que "cada um se manifestou
conforme suas impressões, e seus sentimentos eram serenos e positivos".
"O Papa –
disse o porta-voz - esteve por muito
tempo com eles, o que demonstra a intenção de ouvir e compreender". O
Santo Padre também estava “muito emocionado com este encontro”.
E
destacou que "isso não é um ponto
final, mas uma estrada para reencontrar a confiança e curar as feridas".
Cardeal O'Malley por sua vez, disse que "o número de pessoas permitiu um
diálogo muito profundo."
Segunda reunião da
Comissão para a proteção de menores
Ainda
no Vaticano, foi realizada ontem [7 de julho] a segunda reunião da Comissão para a proteção de menores, na
Domus Santa Marta, liderada pelo cardeal Sean O'Malley, que propõe novos
membros para integrar o grupo, pessoas de outras áreas geográficas,
especialmente da Ásia e da África.
O
porta-voz da Santa Sé acrescentou que "a
Comissão considerou a necessidade de ter uma sede operacional estável e
organizar grupos de trabalho, para contar também com pessoas externas, de
outras instituições." E disse que "no mês de outubro mais uma
reunião do Comitê será realizada."
Jozef Wesolowski - arcebispo e ex-núncio na Republica Dominicana |
As medidas tomadas
O Papa Francisco reitera a linha de
tolerância zero lançada por Bento XVI contra o abuso sexual, e por
isso foi criado em março passado a Comissão para a proteção de menores, cuja
líder é uma vítima irlandesa, Mary
Collins.
Entre
as medidas concretas figura a de 27 de junho, com a redução ao estado laical do arcebispo polonês Dom Jozef Wesolowski,
ex-núncio em Santo Domingo, processado canonicamente por abusos contra menores.
Outro
fato significativo é que a Santa Sé
examinou 3.420 casos de abuso sexual de menores cometidos na última década,
com a expulsão de 848 sacerdotes, e
a investigação de outros 2.572 casos,
conforme relato dos observadores do Vaticano às Nações Unidas.
Francisco deixa claro que não
há lugar para acusados de abuso
José Maria Mayrink
Jornalista
Seán Patrick O'Malley - cardeal-arcebispo de Boston (Estados Unidos) Coordenador da Comissão para a Tutela dos Menores |
O papa
Francisco deixou claro, ao receber nesta segunda-feira, 7, um grupo de vítimas
de abusos sexuais, que não há lugar na Igreja para bispos, padres e religiosos
culpados por crimes de pedofilia. Mais do que pedir perdão pelos pecados
cometidos por membros do clero contra menores, ele voltou a garantir que não
haverá impunidade.
“Comprometo-me
a não tolerar o dano causado a um menor perpetrado por qualquer pessoa,
independentemente de seu estado clerical”, afirmou na homilia da missa
celebrada na capela de sua residência, a Casa Santa Marta.
O papa
anunciou medidas duras para punição dos criminosos, 41 dias após ter informado
aos jornalistas, no voo de volta da visita à Terra Santa, que naquele momento
havia três bispos sob investigação e que um deles já havia sido condenado,
faltando apenas determinar a pena que lhe seria aplicada. “Não haverá
privilégios”, afirmou Francisco.
A
punição do arcebispo polonês Jozef Wesolowski, no mês passado, provaria que o
papa está disposto a ir às últimas consequências em suas atitudes. Ex-núncio
apostólico na República Dominicana, o arcebispo sofreu a redução ao estado
leigo e foi processado canonicamente por abusos contra menores. Logo que sua
expulsão do clero for ratificada por sentença definitiva, ele será processado
penalmente pelo Vaticano.
A linha
dura adotada pela Santa Sé para punição dos culpados de crimes de pedofilia se
deve muito à ação adotada pelo cardeal Seán O’Malley, arcebispo de Boston
(Estados Unidos) e coordenador da comissão nomeada pelo papa a tutela dos
menores.
Interessante
observar que, além do jesuíta alemão Hans Zollner, do jurista italiano Claudio
Papale e do teólogo argentino Humberto Miguel Yanez, quatro mulheres participam
dessa comissão - a francesa Catherine Bonnet, a irlandesa Marie Collins, a
inglesa Sheila Hollins e a ex-primeira ministra polonesa Hanna Suchicka.
Antes
de Francisco, também Bento XVI, agora papa emérito, encontrou-se com um grupo
de vítimas de abuso sexual cometido por padres pedófilos, em 17 de abril de
2008, na Nunciatura de Washington. Foi o primeiro encontro, seguido de outros
que ocorreram na Austrália, Malta, Reino Unido e Alemanha.
Fonte: O Estado de S. Paulo – Metrópole – Terça-feira,
8 de julho de 2014 – Pg. A14 – Internet: clique aqui.
Comentários
Postar um comentário