«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 14 de janeiro de 2017

2º Domingo do Tempo Comum – Ano Litúrgico A – Homilia

Evangelho: João 1,29-34

Naquele tempo:
29 João viu Jesus aproximar-se dele e disse: «Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.
30 Dele é que eu disse: Depois de mim vem um homem que passou à minha frente, porque existia antes de mim.
31 Também eu não o conhecia, mas se eu vim batizar com água, foi para que ele fosse manifestado a Israel».
32 E João deu testemunho, dizendo: «Eu vi o Espírito descer, como uma pomba do céu, e permanecer sobre ele.
33 Também eu não o conhecia, mas aquele que me enviou a batizar com água me disse: “Aquele sobre quem vires o Espírito descer e permanecer, este é quem batiza com o Espírito Santo”.
34 Eu vi e dou testemunho: Este é o Filho de Deus!»

JOSÉ ANTONIO PAGOLA

FOME DE ESPIRITUALIDADE

As primeiras comunidades cristãs sabiam muito bem que «batizar-se» significa literalmente submergir-se na água, banhar-se ou limpar-se. Por isso, diferenciavam muito bem o «batismo de água» que ensinava o Batista nas águas do Jordão e o «batismo de Espírito Santo» que recebiam de Jesus. O batismo de Jesus não é um banho corporal que se recebe submergindo-se na água, mas um banho interior no qual nos deixamos embeber e penetrar por seu Espírito, que se converte dentro de nós em um manancial de vida nova e inconfundível.

Por isso, os primeiros cristãos batizavam invocando o nome de Jesus sobre cada batizado. Paulo de Tarso diz que os cristãos estão batizados «em Cristo» e, por isso, devem sentir-se chamados a «viver em Cristo», animados por seu Espírito, interiorizando sua experiência de Deus e suas atitudes mais profundas.

Não é difícil observar na sociedade moderna sinais que manifestam uma fome profunda de espiritualidade. Está crescendo o número de pessoas que buscam algo que lhes dê força interior para enfrentar a vida de maneira diferente. É difícil viver uma vida que não aponta para meta alguma. Não basta, tampouco, viver bem. A existência acaba tornando-se insuportável quando tudo se reduz ao pragmatismo e futilidade.

Outros sentem necessidade de paz interior e de segurança para fazer frente a sentimentos de medo e de incerteza que nascem em seu interior. Há quem se sente mal por dentro: feridos, maltratados pela vida, desvalidos, necessitados de cura interior.

São cada vez mais aqueles que buscam algo que não seja tecnologia, ciência, nem ideologia religiosa. Querem sentir-se de maneira diferente na vida. Necessitam experimentar uma espécie de «salvação»; entrar em contato com o Mistério que intuem em seu interior.

Inquieta-nos muito que vários pais não batizem mais os seus filhos. O que nos deve preocupar, de fato, é que muitos e muitas saem de nossa Igreja sem ter ouvido falar do «batismo do Espírito» [não confundir com o tal batismo no Espírito difundido por certos movimentos eclesiais e outras igrejas] e sem ter podido experimentar Jesus como fonte interior de vida.

É um erro que no próprio interior da Igreja se esteja fomentando, com frequência, uma espiritualidade que tende a marginalizar Jesus como algo irrelevante e de pouca importância. Os que seguimos Jesus não podemos viver uma espiritualidade séria, lúcida e responsável se não está inspirada por seu Espírito. Não há nada mais importante que possamos oferecer hoje às pessoas que ajudá-las a se encontrarem interiormente com Jesus, nosso Mestre e Senhor.

COM O FOGO DO ESPÍRITO

As primeiras comunidades cristãs se preocuparam de diferenciar bem o batismo de João que submergia as pessoas nas águas do Jordão e o batismo de Jesus que comunicava o seu Espírito para limpar, renovar e transformar o coração de seus seguidores. Sem esse Espírito de Jesus, a Igreja se apaga e se extingue.

Somente o Espírito de Jesus pode pôr mais verdade no cristianismo atual. Somente seu Espírito pode nos conduzir a recuperar nossa verdadeira identidade, abandonando caminhos que nos desviam vez ou outra do Evangelho. Somente esse Espírito pode nos dar luz e força para empreender a renovação que necessita hoje a Igreja.

O Papa Francisco sabe muito bem que o maior obstáculo para pôr em marca uma nova etapa evangelizadora é a mediocridade espiritual. Ele diz isso de modo claro. Deseja animar com todas as suas forças uma etapa «mais ardente, alegre, generosa, audaciosa, repleta de amor até o fim, e de vida contagiosa». Porém, tudo será insuficiente, «se não arde nos corações o fogo do Espírito».

Por isso, busca para a Igreja de hoje «evangelizadores com Espírito» que se abram sem medo à sua ação e encontrem nesse Espírito Santo de Jesus «a força para anunciar a verdade do Evangelho com audácia, em voz alta e em todo tempo e lugar, inclusive contra a corrente».

A renovação que o Papa quer impulsionar no cristianismo atual não é possível «quando a falta de uma espiritualidade profunda se traduz em pessimismo, fatalismo e desconfiança», ou quando nos leva a pensar que «nada pode mudar» e, portanto, «é inútil esforçar-se», ou quando baixamos os braços definitivamente, «dominados por um descontentamento crônico ou por uma melancolia profunda que seca a alma».

Francisco adverte-nos que «às vezes perdemos o entusiasmo ao esquecer que o Evangelho responde às necessidades mais profundas das pessoas». No entanto, não é assim. O Papa expressa com força sua convicção: «não é o mesmo ter conhecido Jesus e não conhecê-lo, não é o mesmo caminhar com ele que caminhar tateante, não é o mesmo poder escutá-lo que ignorar sua Palavra... não é o mesmo tratar de construir o mundo com seu Evangelho que fazê-lo somente com a própria razão».

Tudo isso temos de descobri-lo por experiência pessoal em Jesus. Do contrário, para quem não o descobre, «logo lhe falta força e paixão; e uma pessoa que não está convencida, entusiasmada, segura, apaixonada, não convence ninguém». Não estará aqui um dos principais obstáculos para motivar a renovação desejada pelo Papa Francisco?

Traduzido do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: Sopelako San Pedro Apostol Parrokia – Sopelana (Bizkaia – Espanha) – J. A. Pagola – Ciclo A – Internet: clique aqui.

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