«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Como enfrentar o DESESPERO?

Desespero: aquém da serenidade

Anselm Grün*

O desespero é “o erro absoluto”, pois ele destrói a relação do
homem com Deus e consigo mesmo

Desespero – assim dizem os filósofos – é a reação afetiva à falta de alternativa que experimentamos. O filósofo alemão Josef Pieper chama o desespero de “antecipação da não realização”. É quando eu desisto de mim mesmo. Não acredito mais em realizações. Nada faz sentido, não há remédio. Não vejo sentido em minha vida. E não tenho esperanças de que ela, um dia, possa vir a melhorar.

Desespero é sempre desesperança.

Isso se exprime também pela palavra latina desperatio – a falta de esperança. A atmosfera desesperançosa envolve a pessoa como um todo. Para ela, não há solução para nada. Tudo é sombrio. Não há esperança de que haja algum sentido ou melhoria no que quer que seja. A pessoa se sente numa situação desesperadora, quando simplesmente não enxerga mais saída, quando todos os esforços parecem ser inúteis. Ela não sabe por onde deveria começar para que algo se modificasse.

O desespero se expressa através de um grande abatimento. A sensação é de paralisia. E, às vezes, o desespero também se assemelha à depressão. Passa-se a ver tudo, através da lente obscurecida do desespero, que não avista mais esperança em lugar algum. Desespero é a opressiva sensação de impasse e resignação. Não há sentido em nada. Não há motivo para nada. Não há esperança. Não há uma vida plena de propósito.

Sören Kierkegaard, o filósofo de religião dinamarquês, escreveu sobre o desespero e, ao mesmo tempo, observou sobretudo o desespero em si mesmo. Ele o denomina “doença até a morte”. Para ele, o desespero é “o erro absoluto”, pois ele destrói a relação do homem com Deus e consigo mesmo.

A teologia estabelece a diferença entre o desespero-fraqueza, expresso na incapacidade de aceitar a si mesmo e de confiar na vida, e o desespero-desafio, na medida em que, não querendo ser quem verdadeiramente sou, demonstro ostensivamente meu pseudo-heroísmo: Porque duvido de Deus, coloco-me no lugar dele, ajo como se tivesse tudo sob controle, porém, esse desespero me leva à ruína, porque em algum momento acabo encontrando as minhas limitações humanas.

O desespero é o sentimento de ausência de perspectivas e de desesperança. E onde não há esperança, há morte, assombro, desalento. Eu me desespero comigo mesmo. Penso que nunca na vida conseguirei melhorar, que jamais terei em minhas mãos as rédeas de minha própria vida. No início esse desespero ainda se manifesta através das lágrimas. Mas, em algum momento, ele interrompe o fluxo de lágrimas. Resta apenas o vão desespero: toda a esperança que eu ainda tinha nas coisas se desfez em pedaços.

Friedrich Nietzsche aprofundou-se no sentimento de desespero. Ele acredita que o desespero consigo mesmo ou com a vida pode muitas vezes se tornar justamente o trampolim necessário para se ter uma experiência profunda. E essa profunda experiência ele chama de mística. A ele é atribuída a frase: “Onde a saudade e o desespero se acasalam, há mística”.

Quando não fico paralisado no desespero nem o omito, mas o admito, e ao mesmo tempo uno a ele a minha saudade, então justamente a tensão entre saudade e desespero me leva a Deus, não ao Deus que eu gostaria de ser, mas ao inconcebível Deus que eu, em meio ao meu desespero, posso supor como realização de meu mais profundo anseio.

* ANSELM GRÜN é monge beneditino, doutor em Teologia, nascido em 1945, vive na Abadia de Münsterschwarzach (Alemanha), e é guia de meditação. Inspira-se na tradição monástica e cristã; recorre também à Psicologia, uma vez que tem formação nessa área. Por ter a habilidade de falar com clareza e expressar aquilo que muitos não conseguem formular em palavras, é um autor traduzido e lido em várias línguas. Seus livros já venderam milhões de exemplares mundo afora, inclusive aqui, no Brasil.

Traduzido do alemão por Bianca Wandt.

Fonte: Pequena escola das emoções: como sentimentos nos orientam e o que anima nossa vida. Petrópolis (RJ): Editora Vozes, 2016, págs. 91-93.

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