«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Matar não é solução!

“Não é pelo caos que vai se criar a reconstrução”

Ricardo Monezi*

Especialista comenta chacina de Campinas, interior de São Paulo
Isamara Filier, de 41 anos mãe de João Victor Filier de Araújo, de 8 anos,
ambos assassinados pelo técnico de laboratório Sidnei Ramis de Araújo, de 46 anos juntamente com
mais 10 pessoas a tiros durante o réveillon em Campinas
Sábado, 31 de dezembro de 2016

Estamos diante de um caso de distúrbio psicótico. A forma como ele [o ex-marido que assassinou a esposa, o filho e vários membros da família dela] se posiciona no e-mail é típica de alguém em um estado de sofrimento profundo, que não reflete só a questão pessoal, mas de todo o entorno. Isso reforça algo que temos visto atualmente.

Muitas vezes, há casos de psicopatia que são afetados por eventos do dia a dia, e a pessoa fala de uma injustiça que vem não de uma questão específica. Ela não se sente perseguida por uma situação, mas por um sistema ou uma comunidade. Uma coisa extremamente perigosa que estamos acompanhando na última década é o que chamamos de “somação de estímulos”, que consiste em uma determinada ação que gera estresse, angústia, ansiedade, depressão. A pessoa vê outros estímulos ao seu redor, que se somam ao primeiro, e passa a ver mais injustiças. O problema é que ela passa a olhar não só para si, mas para todos os eventos e começa a ficar paranoica [com mania de tudo e todos estão contra ela].

Outro ponto é a discussão de gênero [masculino x feminino], que vem se tornando uma guerra no País. As pessoas não tentam entender que essa é uma oportunidade para discutir a diversidade. O ódio vai se somando a cada estímulo e o indivíduo se sente acuado. Uma coisa clássica do paranoico é ter erros de julgamento, entrar em conflito. Esses julgamentos podem ter aumentado a raiva dele. E a expressão máxima de uma loucura extrema é, para exterminar seus problemas e da humanidade, eliminar outras pessoas. Assim, ele se torna um antiexemplo por não tentar resolver uma questão de forma lúcida. Tivemos uma década violenta, com o ódio sendo destilado, principalmente na internet. Vivemos uma conjuntura delicada e não se sabe o que levou esse homem a esse ato de insanidade. Mas a situação dele e o País não vão mudar na base da violência. Não é pelo caos que vai se gerar a reconstrução.

* RICARDO MONEZI é especialista em medicina comportamental da UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo).

Fonte: O Estado de S. Paulo – Metrópole / Análise – Terça-feira, 3 de janeiro de 2017 – Pág. A14 – Internet: clique aqui.

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