«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

domingo, 22 de janeiro de 2017

O reino da irresponsabilidade e libertinagem

JOVENS CAMICASES

Giulia Vidale

Cresce o número de adolescentes que fazem sexo sem preservativo,
numa perigosa mudança comportamental.
O hábito fez aumentar os casos de AIDS e sífilis no Brasil

Era uma vez, nos idos dos anos 80 e 90 do século passado, uma doença, a AIDS, que no rastro de sua dramática expansão impôs mudanças abissais no comportamento sexual – o medo da contaminação fez reduzir o número de parceiros e levou às carteiras e bolsas o preservativo, item que rapidamente virou peça obrigatória para uma geração que entrava na idade adulta.

Bastou que a epidemia fosse controlada – à exceção de bolsos paupérrimos da África – e que os medicamentos antirretrovirais tivessem ampla distribuição para o pavor recuar. E, no vácuo desse recuo, veio o desleixo nos necessários cuidados. É o ponto no qual estamos.
Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) feita com mais de 100.000 alunos do 9º ano do ensino fundamental, entre 13 e 15 anos, mostra que, em 2015, 66% tinham usado camisinha na última relação sexual – uma redução preocupante em relação a 2012, quando 75%revelaram ter posto o objeto de látex.

É natural que as pessoas se comportem de modo diferente a cada boa ou má onda de notícias relacionadas à saúde – se a AIDS freou, por que não alterar a toada de vida? De 2010 para 2015, segundo a Organização das Nações Unidas, o número de mortes anuais em decorrência do HIV caiu de 1,5 milhão para 1,1 milhão. A taxa de novas infecções foi de 2,2 milhões a cada doze meses para 2,1 milhões. No mesmo período, os portadores do vírus em tratamento com os coquetéis antirretrovirais saltaram de 7,5 milhões para 17 milhões.

Nessa maré otimista, deu-se um relaxamento que não poderia ter acontecido, por ser perigoso. Prevenção é tudo. Diz o infectologista Artur Timerman, do Hospital Edmundo Vasconcelos, em São Paulo, um dos grandes investigadores do tema: «Os jovens estão deixando de se cuidar porque simplesmente não temem as doenças transmitidas pelo sexo».

O dado assustador: o número de mortes globais em consequência da AIDS cai exponencialmente em todas as faixas etárias, à exceção dos adolescentes entre 15 e 19 anos. No Brasil, os casos de AIDS nesse grupo cresceram de 2,8 para cada 100.000 habitantes em 2006 para 5,8 a cada 100.000 pessoas em 2015.

Hoje, quem está acima da faixa dos 50 anos e conviveu com a devastadora epidemia de HIV em sua gênese, nos anos 80, conhece os danos da doença e comporta-se de modo responsável. Os que iniciaram há pouco tempo a vida sexual cresceram depois do surgimento das terapias que mantêm o paciente com uma vida relativamente normal durante anos – estes não se incomodam tanto.

A sensação de segurança dos jovens foi recentemente reforçada com a chegada de um tratamento profilático para o vírus HIV. Lançado no país em 2015, o remédio Truvada, se ingerido antes da relação sexual, promete reduzir em 90% o risco de contaminação pelo HIV.

As reviravoltas comportamentais nunca ocorrem impunemente, e não há aqui moralismo algum. A conta parece estar chegando, com o recrudescimento da AIDS e também de outras doenças sexualmente transmissíveis. A incidência de sífilis cresceu 260% nos últimos cinco anos no Brasil. Com a agravante de 30% dos doentes não se cuidarem por desconhecimento da doença, 5% morrem sem tratamento.

A situação é frágil como a puberdade.

Fonte: Revista VEJA – Edição 2514 – Ano 50 – Nº 4 – 25 de janeiro de 2017 – Págs. 92-93 – Edição impressa.

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