«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 17 de maio de 2014

5º Domingo da Páscoa - Ano A - HOMILIA

Evangelho: João 14,1-12

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 1 ”Não se perturbe o vosso coração. Tende fé em Deus, tende fé em mim também. 2 Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fosse, eu vos teria dito. Vou preparar um lugar para vós 3 e, quando eu tiver ido preparar-vos um lugar, voltarei e vos levarei comigo, a fim de que onde eu estiver estejais também vós. 4 E, para onde eu vou, vós conheceis o caminho”.
5 Tomé disse a Jesus: “Senhor, nós não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?” 6 Jesus respondeu: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim. 7 Se vós me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai. E desde agora o conheceis e o vistes”.
8 Disse Felipe: “Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta!” 9 Jesus respondeu: “Há tanto tempo estou convosco, e não me conheces, Felipe? Quem me viu, viu o Pai. Como é que tu dizes: ‘Mostra-nos o Pai’? 10 Não acreditas que eu estou no Pai e o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo, mas é o Pai, que, permanecendo em mim, realiza as suas obras. 11 Acreditai-me: eu estou no Pai e o Pai está em mim. Acreditai, ao menos, por causa destas mesmas obras. 12 Em verdade, em verdade vos digo, quem acredita em mim fará as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas. Pois eu vou para o Pai”.

JOSÉ ANTONIO PAGOLA
 O CAMINHO

Ao final da última ceia, os discípulos começam a intuir que Jesus já não estará muito tempo com eles. A saída precipitada de Judas, o anúncio de que Pedro, logo, o negará, as palavras de Jesus falando de sua próxima partida, deixaram todos desconcertados e abatidos. O que será deles?

Jesus percebe a tristeza e perturbação deles. O seu coração se comove. Esquecendo-se de si mesmo e do que lhe espera, Jesus trata de animá-los: “Não se perturbe o vosso coração; tende fé em Deus e tende fé em mim também”. Mais tarde, no curso da conversação, Jesus lhes faz esta confissão: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim”. Jamais haverão de esquecer isso.

“Eu sou o caminho”. O problema de não poucos é que vivem extraviados ou desencaminhados. Simplesmente, vivem sem caminho, perdidos numa espécie de labirinto: andando e refazendo mil caminhos que, a partir de fora, lhes vão indicando os slogans e modismos do momento.

E, o que pode fazer um homem ou uma mulher quando se encontra sem caminho? A quem pode se dirigir? Aonde pode ir? Ao aproximar-se de Jesus, o que se encontrará não é uma religião, mas um caminho. Às vezes, avançará com fé; outras vezes, encontrará dificuldades; inclusive poderá retroceder, porém está no caminho certo que conduz ao Pai. Esta é a promessa de Jesus.

“Eu sou a verdade”. Estas palavras contêm um convite escandaloso aos ouvidos modernos. Nem tudo se reduz à razão. A teoria científica não possui toda a verdade. O mistério último da realidade não se deixa apanhar pelas análises mais sofisticadas. O ser humano há de viver diante do mistério último da realidade.

Jesus se apresenta como caminho que conduz e nos aproxima desse Mistério último. Deus não se impõe. Não força a ninguém com provas nem evidências. O Mistério último é silêncio e atração respeitosa. Jesus é o caminho que nos pode abrir à sua Bondade.

“Eu sou a vida”. Jesus pode ir transformando nossa vida. Não como o mestre distante que deixou um legado de sabedoria admirável à humanidade, mas como alguém vivo que, a partir do profundo de nosso ser, nos infunde um germe de vida nova.

Essa ação de Jesus em nós se produz, quase sempre, de forma discreta e calada. O próprio crente somente intui uma presença imperceptível. Às vezes, entretanto, nos invade a certeza, a alegria incontrolável, a confiança total: Deus existe, nos ama, tudo é possível, inclusive a vida eterna.

Jamais entenderemos a fé cristã se não acolhermos Jesus como o caminho, a verdade e a vida.
 O QUE É O CRISTIANISMO?

Os cristãos da primeira e segunda geração jamais pensaram que, com eles, estivesse nascendo uma religião. De fato, não sabiam com que nome designar aquele movimento que ia crescendo de maneira inesperada. No entanto, viviam impactados pela recordação de Jesus, o qual sentiam vivo no meio deles.

Por isso, os grupos que se reuniam em cidades como Corinto ou Éfeso começaram a chamar-se “igrejas”, isto é, comunidades que se vão formando convocadas por uma mesma fé em Cristo.

Em outros lugares, chamavam o cristianismo de “o caminho”. Um escrito redigido por volta do ano 80 e que se chama Carta aos Hebreus diz que é um “caminho novo e vivo” para enfrentar a vida. O caminho “inaugurado” por Jesus e que se deve percorrer “com os olhos fixos nele”.

Não há nenhuma dúvida. Para estes primeiros crentes, o cristianismo não era, propriamente, uma religião, mas uma forma nova de viver. A primeira coisa para eles não era viver dentro de uma instituição religiosa, mas aprender juntos a viver como Jesus no meio daquele vasto império.

Aqui estava a força deles. Era isto que podiam oferecer a todos. Neste clima se entende bem as palavras que o quarto evangelho põe nos lábios de Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”.

Este é o ponto de partida do cristianismo. Cristão é um homem ou uma mulher que, em Jesus, vai descobrindo:
  • o caminho mais correto para viver,
  • a verdade mais segura para orientar-se,
  • o segredo mais esperançoso da vida.
Este caminho é muito concreto. De pouco serve sentir-se conservador ou declarar-se progressista. A opção que temos de fazer é outra: ou organizamos a vida à nossa maneira ou aprendemos a viver como Jesus. Deve-se escolher entre:
  • Indiferença para com os que sofrem ou compaixão sob todas as formas.
  • Somente bem-estar para mim e os meus ou um mundo mais humano para todos.
  • Intolerância e exclusão daqueles que são diferentes ou atitude aberta e acolhedora para todos.
  • Esquecimento de Deus ou comunicação confiante no Pai de todos.
  • Fatalismo e resignação ou esperança última para a criação inteira.
Traduzido do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: MUSICALITURGICA.COM – Homilías de José A. Pagola – Segunda-feira, 12 de maio de 2014 – 11h58 – Internet: clique aqui.

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