«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

A razão da desigualdade

Moisés Naím*
Moisés Naím

Quem é o culpado pelo fato de a desigualdade econômica ter aumentado tanto nos últimos tempos? [1] Para muitos, a resposta é óbvia: os banqueiros. O setor financeiro é o principal responsável pela crise econômica mundial que começou em 2008 e cujas consequências ainda afetam milhões de desempregados e uma classe média que empobreceu, especialmente na Europa e nos EUA. Quem defende esta ideia destaca que os banqueiros e especuladores financeiros que provocaram a crise não arcaram com nenhum custo, ou melhor, muitos ficaram ainda mais ricos.


 [2] Para outros, o aumento da desigualdade tem a ver com os miseráveis salários pagos a trabalhadores em países como China e Índia. O que empurra para baixo a remuneração dos trabalhadores do resto do mundo e causa desemprego, uma vez que as empresas "exportam" postos de trabalho do Ocidente para o Oriente.
 [3] No entanto, a questão é mais complicada e profunda, segundo Thomas Piketty, economista francês cujo denso livro Capital no Século 21 transformou-se num surpreendente sucesso mundial. Segundo ele, o capital (que equivale à riqueza e esta, por sua vez, a propriedades imobiliárias, ativos financeiros, etc) aumenta em maior velocidade do que a economia.
Os ganhos produzidos pelo capital (aluguéis de imóveis, rendimentos de investimentos, por exemplo) concentram-se num grupo mais reduzido de pessoas do que a renda fruto do trabalho, que se dispersa por toda a população. Por isso, quando os ganhos de capital aumentam mais rapidamente do que os ganhos do trabalho o resultado é um aumento da desigualdade, já que os donos do capital acumulam uma porcentagem maior da renda. E, como o crescimento da renda produzida pelo trabalho depende muito do crescimento da economia como um todo, se esta não cresce pelo menos no mesmo ritmo que os ganhos de capital a desigualdade econômica se agrava.
Piketty resume a complicada explicação desta maneira: quando "r" é maior que "g", a desigualdade aumenta. O valor "r" é a taxa de remuneração do capital e "g" a taxa de crescimento da economia. Segundo ele, no longo prazo, a economia crescerá entre 1% e 1,5% ao ano, de modo que a desigualdade deverá aumentar. Para evitar que isto ocorra, ele recomenda a criação de um imposto global e progressivo sobre a riqueza, ideia que ele próprio admite ser utópica, pois enfrentará enormes obstáculos políticos como também grandes dificuldades práticas.
A análise e as propostas do autor vêm sendo amplamente debatidas e, como escrevi em minha coluna anterior, o inusitado interesse pelo livro deve-se em grande parte ao fato de que ele foi lançado num momento em que a desigualdade tornou-se uma grande preocupação nos EUA [Estados Unidos da América].
Este país tem uma capacidade única para contagiar o resto do mundo com suas angústias. Assim, nações onde a desigualdade é uma doença crônica e não intensamente discutida, agora foram contagiadas com o fenômeno Piketty, o que é uma notícia muito boa. É importante que a complacência com as profundas desigualdades que os afligem desapareça.
É importante, porém, fazer um diagnóstico claro. Na Rússia, Nigéria, Brasil ou China a desigualdade econômica não é porque "r" é maior que "g". Deve-se ao fato de que há demasiados ladrões no governo e no setor privado que podem roubar praticamente sem riscos e com grande impunidade.
Parafraseando o economista, nas sociedades em que "c" [corrupção] é maior do que "h" [honestidade], a desigualdade continuará aumentando. O valor "c" é o número de funcionários públicos e políticos corruptos dispostos a violar as leis para enriquecer e "h" é o número de funcionários e políticos honestos. Pikkety baseia sua análise em dados de cerca de 20 países, a maioria deles com receitas elevadas e os menores índices de corrupção de acordo com a lista de 177 nações da ONG Transparência Internacional.
TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO.
* É ESCRITOR VENEZUELANO E MEMBRO DO CARNEGIE ENDOWMENT, COM SEDE EM WASHINGTON.
Fonte: O Estado de S. Paulo - Internacional - Domingo, 25 de maio de 2014 - Pg. A21 - Internet: clique aqui.

Para Piketty, “o Financial Times se ridiculariza”

Christian Losson e Iris Deroeux
Libération
24-05-2014

Em sua edição de sábado, o jornal econômico britânico ataca duramente as conclusões do livro do economista francês, O Capital no Século XXI.
Thomas Piketty - economista francês em seu escritório

O economista francês Thomas Piketty defendeu, no sábado, as conclusões do seu último livro sobre o aumento das desigualdades econômicas no mundo, após as críticas feitas pelo Financial Times (FT).

Em sua edição de sábado, o jornal britânico do mundo dos negócios apontou os erros de cálculo cometidos por Thomas Piketty em O Capital no Século XXI – que se tornou, desde a sua publicação, um fenômeno editorial –, o que teria falsificado suas conclusões.

“Os dados que temos sobre as rendas são imperfeitos, mas outros como as declarações de sucessão são mais confiáveis. Eu fiz isso com toda a transparência, eu coloquei tudo na internet”, declarou o economista à AFP.

“O Financial Times é desonesto quando dá a entender que isso muda as coisas nas conclusões quando na verdade não muda nada. Estudos mais recentes confirmam as minhas conclusões, utilizando fontes diferentes das minhas”, acrescentou.

A tese central do seu livro repousa sobre a ideia segundo a qual as desigualdades econômicas estão voltando para níveis vistos pela última vez antes da Primeira Guerra Mundial.

“O FT se ridiculariza”

Thomas Piketty também mostrou, ao analisar a classificação das maiores fortunas publicadas ao longo dos últimos 30 anos, que elas avançaram três vezes mais rapidamente que a renda média.

“O FT se ridiculariza, porque todos os seus confrades reconhecem que as altas rendas aumentaram mais rapidamente”, insistiu Piketty, convidando o jornal britânico a publicar suas próprias séries de dados.

Recebido em meados de abril na Casa Branca e no ministério americano das Finanças, o economista francês participou de colóquios e conferências nos Estados Unidos e na Europa, com o objetivo de denunciar a extrema concentração das riquezas e defende uma taxação maior do capital através, especialmente, de um imposto mundial.

Perguntado sobre as vendas do seu monumental livro de quase mil páginas, Piketty respondeu que elas atingiram, na quinta-feira, os 100.000 exemplares na França (Éditions de Seuil) e os 400.000 nos Estados Unidos, Reino Unido e no resto do mundo de fala inglesa (Harvard University Press).

Traduzido do francês por André Langer.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Segunda-feira, 26 de maio de 2014 – Internet: clique aqui.

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