«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

O PAPA NA TERRA SANTA - SUAS PALAVRAS E GESTOS

Francisco recorda encontro entre o Papa Paulo VI e o Patriarca Ecumenico Atenágoras

Texto da declaração conjunta do Papa e do Patriarca
Papa Francisco e o patriarca ortodoxo de Constantinopla, Bartolomeu, na Basílica do Santo Sepulcro
(Foto: Vincenzo Pinto/AFP - 25/05/2014)

1. Como os nossos venerados predecessores Papa Paulo VI e Patriarca Ecumênico Atenágoras, que se encontraram aqui em Jerusalém há cinquenta anos, também nós – Papa Francisco e Patriarca Ecumênico Bartolomeu – decidimos encontrar-nos na Terra Santa, «onde o nosso Redentor comum, Cristo nosso Senhor, viveu, ensinou, morreu, ressuscitou e subiu aos céus, donde enviou o Espírito Santo sobre a Igreja nascente» (Comunicado comum de Papa Paulo VI e Patriarca Atenágoras, publicado depois do seu encontro de 6 de Janeiro de 1964). O nosso encontro – um novo encontro dos Bispos das Igrejas de Roma e Constantinopla fundadas respectivamente por dois Irmãos, os Apóstolos Pedro e André – é fonte de profunda alegria espiritual para nós. O mesmo proporciona uma ocasião providencial para refletir sobre a profundidade e a autenticidade dos vínculos existentes entre nós, vínculos esses fruto de um caminho cheio de graça pelo qual o Senhor nos guiou desde aquele abençoado dia de cinquenta anos atrás.

2. O nosso encontro fraterno de hoje é um passo novo e necessário no caminho para a unidade, à qual só o Espírito Santo nos pode levar: a unidade da comunhão na legítima diversidade. Com profunda gratidão, relembramos os passos que o Senhor já nos permitiu realizar. O abraço trocado entre o Papa Paulo VI e o Patriarca Atenágoras aqui em Jerusalém, depois de muitos séculos de silêncio, abriu a estrada para um gesto epocal: a remoção da memória e do meio da Igreja dos atos de recíproca excomunhão de 1054. Isso foi seguido por uma troca de visitas entre as respectivas Sés de Roma e de Constantinopla, por uma correspondência regular e, mais tarde, pela decisão anunciada pelo Papa João Paulo II e o Patriarca Dimitrios, ambos de abençoada memória, de se iniciar um diálogo teológico na verdade entre católicos e ortodoxos. Ao longo destes anos, Deus, fonte de toda a paz e amor, ensinou-nos a olhar uns para os outros como membros da mesma família cristã, sob o mesmo Senhor e Salvador Jesus Cristo, e a amar-nos de tal modo uns aos outros que podemos confessar a nossa fé no mesmo Evangelho de Cristo, tal como foi recebida pelos Apóstolos e nos foi expressa e transmitida a nós pelos Concílios Ecumênicos e pelos Padres da Igreja. Embora plenamente conscientes de ainda não ter atingido a meta da plena comunhão, hoje reafirmamos o nosso compromisso de continuar a caminhar juntos rumo à unidade pela qual Cristo nosso Senhor rezou ao Pai pedindo que «todos sejam um só» (Jo 17, 21).

3. Bem cientes de que a unidade se manifesta no amor de Deus e no amor do próximo, olhamos com ansiedade para o dia em que poderemos finalmente participar juntos no banquete eucarístico. Como cristãos, somos chamados a preparar-nos para receber este dom da comunhão eucarística, segundo o ensinamento de Santo Irineu de Lião (Contra as Heresias, IV, 18, 5: PG 7, 1028), através da confissão de uma só fé, a oração perseverante, a conversão interior, a renovação da vida e o diálogo fraterno. Ao alcançar esta meta esperada, manifestaremos ao mundo o amor de Deus, pelo qual somos reconhecidos como verdadeiros discípulos de Jesus Cristo (cf. Jo 13, 35).

4. Para tal objectivo, o diálogo teológico realizado pela Comissão Mista Internacional oferece uma contribuição fundamental na busca da plena comunhão entre católicos e ortodoxos. Ao longo dos sucessivos tempos vividos sob os Papas João Paulo II e Bento XVI e o Patriarca Dimitrios, foi substancial o progresso dos nossos encontros teológicos. Hoje exprimimos vivo apreço pelos resultados obtidos até agora, bem como pelos esforços atuais. Não se trata de mero exercício teórico, mas de uma exercitação na verdade e no amor, que exige um conhecimento ainda mais profundo das tradições de cada um para as compreender e aprender com elas. Assim, afirmamos mais uma vez que o diálogo teológico não procura o mínimo denominador comum teológico sobre o qual se possa chegar a um compromisso, mas busca aprofundar o próprio conhecimento da verdade total que Cristo deu à sua Igreja, uma verdade cuja compreensão nunca cessará de crescer se seguirmos as inspirações do Espírito Santo. Por isso, afirmamos conjuntamente que a nossa fidelidade ao Senhor exige um encontro fraterno e um verdadeiro diálogo. Tal busca comum não nos leva para longe da verdade; antes, através de um intercâmbio de dons e sob a guia do Espírito Santo, levar-nos-á para a verdade total (cf. Jo 16, 13).

5. Todavia, apesar de estarmos ainda a caminho para a plena comunhão, já temos o dever de oferecer um testemunho comum do amor de Deus por todas as pessoas, trabalhando em conjunto ao serviço da humanidade, especialmente na defesa da dignidade da pessoa humana em todas as fases da vida e da santidade da família assente no matrimônio, na promoção da paz e do bem comum e dando resposta ao sofrimento que continua a afligir o nosso mundo. Reconhecemos que a fome, a pobreza, o analfabetismo, a distribuição desigual de recursos devem ser constantemente enfrentados. É nosso dever procurar construir juntos uma sociedade justa e humana, onde ninguém se sinta excluído ou marginalizado.

6. É nossa profunda convicção que o futuro da família humana depende também do modo como protegermos – de forma simultaneamente prudente e compassiva, com justiça e equidade – o dom da criação que o nosso Criador nos confiou. Por isso, arrependidos, reconhecemos os injustos maus-tratos ao nosso planeta, o que aos olhos de Deus equivale a um pecado. Reafirmamos a nossa responsabilidade e obrigação de fomentar um sentimento de humildade e moderação, para que todos possam sentir a necessidade de respeitar a criação e protegê-la cuidadosamente. Juntos, prometemos empenhar-nos na sensibilização sobre a salvaguarda da criação; apelamos a todas as pessoas de boa vontade para tomarem em consideração formas de viver menos dispendiosas e mais frugais, manifestando menos ganância e mais generosidade na proteção do mundo de Deus e para benefício do seu povo.

7. Há também urgente necessidade de uma cooperação efetiva e empenhada dos cristãos para salvaguardar, por todo o lado, o direito de exprimir publicamente a própria fé e de ser tratados equitativamente quando promovem aquilo que o cristianismo continua a oferecer à sociedade e à cultura contemporânea. A este propósito, convidamos todos os cristãos a promoverem um diálogo autêntico com o judaísmo, o islamismo e outras tradições religiosas. A indiferença e a ignorância mútua só podem levar à desconfiança e mesmo, infelizmente, ao conflito.

8. Desta cidade santa de Jerusalém, exprimimos a nossa comum e profunda preocupação pela situação dos cristãos no Médio Oriente e o seu direito de permanecerem plenamente cidadãos dos seus países de origem. Confiadamente voltamo-nos para Deus omnipotente e misericordioso, elevando uma oração pela paz na Terra Santa e no Médio Oriente em geral. Rezamos especialmente pelas Igrejas no Egito, Síria e Iraque, que têm sofrido mais pesadamente por causa dos eventos recentes. Encorajamos todas as Partes, independentemente das próprias convicções religiosas, a continuarem a trabalhar pela reconciliação e o justo reconhecimento dos direitos dos povos. Estamos convencidos de que não são as armas, mas o diálogo, o perdão e a reconciliação, os únicos meios possíveis para alcançar a paz.

9. Num contexto histórico marcado pela violência, a indiferença e o egoísmo, muitos homens e mulheres de hoje sentem que perderam as suas referências. É precisamente através do nosso testemunho comum à boa notícia do Evangelho que seremos capazes de ajudar as pessoas do nosso tempo a redescobrirem o caminho que conduz à verdade, à justiça e à paz. Unidos nos nossos intentos e recordando o exemplo dado há cinquenta anos aqui em Jerusalém pelo Papa Paulo VI e o Patriarca Atenágoras, apelamos a todos os cristãos, juntamente com os crentes das diferentes tradições religiosas e todas as pessoas de boa vontade, que reconheçam a urgência deste tempo que nos obriga a buscar a reconciliação e a unidade da família humana, no pleno respeito das legítimas diferenças, para bem de toda a humanidade atual e das gerações futuras.

10. Ao empreendermos esta peregrinação comum até ao lugar onde o nosso e único Senhor Jesus Cristo foi crucificado, sepultado e ressuscitou, humildemente confiamos à intercessão da Santíssima e Sempre Virgem Maria os nossos futuros passos no caminho rumo à plenitude da unidade e entregamos ao amor infinito de Deus toda a família humana.

«O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te favoreça! O Senhor volte para ti a sua face e te dê a paz!» (Nm 6, 25-26).

Jerusalém, 25 de Maio de 2014.


Fonte: ZENIT.ORG – Roma, 25 de maio de 2014 – Internet: clique aqui.

O Papa na Palestina: 
chegou a hora de acabar com este conflito

Exortou a evitar iniciativas e atos que contradigam a vontade expressa de chegar a um verdadeiro acordo
Papa Francisco reza junto ao muro de 8 metros que separa Israel e territórios palestinos
(25 de maio de 2014)

O Papa Francisco, ao reunir-se com as autoridades do Estado da Palestina no palácio presidencial, às 10h00 de hoje, disse-lhes umas palavras, convidando-lhes a acabar com o conflito que, além dos momentos de guerra, gerou um clima de insegurança com trágicas consequências. E convidou os povos palestinos e israelenses, assim como suas respectivas autoridades, a empreender este feliz êxodo em busca da paz, com valentia e firmeza.

Antes do Santo Padre, o presidente Mahmoud Abbas (Abu Mazen), indicou as diferentes dificuldades que sofrem os palestinos, disse que “estamos felizes por ter a população cristã” e que estão orgulhosos de “nossos laços entre a Palestina e o Vaticano”, assim como “estas terras são para milhões de crentes”.

Mencionou a agressão contra os lugares de culto e os prisioneiros palestinos nas prisões de Israel sem julgamentos, com prisões preventivas. E das dificuldades do lado Oeste de Jerusalém e do esforço de Israel por tirá-los de lá, em contradição com o direito internacional.

O presidente palestino concluiu expressando a sua gratidão pelo que está fazendo pelo povo palestino. Criticou o muro construído por Israel e convidou a construir pontes. E seu compromisso de reconhecer o Estado de Israel à medida que se retire dos territórios ocupados.

***

Senhor Presidente,

Queridos amigos,
Queridos irmãos!

Agradeço-lhe, Senhor Presidente Mahmoud Abbas, as palavras de boas-vindas e dirijo a minha cordial saudação aos representantes do Governo e a todo o povo palestinense. Estou grato ao Senhor por estar hoje convosco neste lugar, onde nasceu Jesus, o Príncipe da Paz, e agradeço-vos pela vossa calorosa recepção.

Há decênios que o Médio Oriente vive as consequências dramáticas do prolongamento de um conflito que produziu tantas feridas difíceis de curar e, mesmo quando, felizmente, não se alastra a violência, a incerteza da situação e a falta de entendimento entre as partes produzem insegurança, negação de direitos, isolamento e saída de comunidades inteiras, divisões, carências e sofrimentos de todo o tipo.

Ao manifestar a minha solidariedade a quantos sofrem em medida maior as consequências deste conflito, queria do fundo do coração dizer que é hora de pôr fim a esta situação, que se torna sempre mais inaceitável, e isto para bem de todos. Por isso redobrem-se os esforços e as iniciativas destinadas a criar as condições para uma paz estável, baseada na justiça, no reconhecimento dos direitos de cada um e na segurança mútua. Para todos, chegou o momento de terem a coragem da generosidade e da criatividade ao serviço do bem, a coragem da paz, que assenta sobre o reconhecimento, por parte de todos, do direito que têm dois Estados de existir e gozar de paz e segurança dentro de fronteiras internacionalmente reconhecidas.

Com esta finalidade, espero vivamente que, por parte de todos, se evitem iniciativas e ações que contradizem a declarada vontade de chegar a um verdadeiro acordo e que não nos cansemos de buscar a paz com determinação e coerência. A paz trará consigo inúmeros benefícios para os povos desta região e para o mundo inteiro. É preciso, portanto, encaminhar-se decididamente para ela, inclusive com a renúncia a alguma coisa por parte de cada um.

Faço votos de que os povos palestinense e israelita e suas respectivas autoridades empreendam este êxodo feliz para a paz com aquela coragem e aquela firmeza que são necessárias em qualquer êxodo. A paz na segurança e a confiança mútua tornar-se-ão o quadro estável de referência para enfrentar e resolver os outros problemas e, assim, proporcionar uma oportunidade de desenvolvimento equilibrado tal que se torne modelo para outras áreas de crise.

Apraz-me aqui fazer referência à comunidade cristã que diligentemente presta a sua significativa contribuição para o bem comum da sociedade e que participa das alegrias e penas de todo o povo. Os cristãos querem continuar a desempenhar o seu papel como cidadãos de pleno direito, juntamente com os demais concidadãos considerados como irmãos.

O recente encontro no Vaticano com Vossa Excelência, Senhor Presidente, e a minha presença hoje aqui na Palestina atestam as boas relações existentes entre a Santa Sé e o Estado da Palestina, esperando que possam incrementar-se ainda mais para bem de todos. A este respeito, exprimo o meu apreço pelos esforços feitos para elaborar um Acordo entre as Partes relativo aos diferentes aspectos da vida da comunidade católica do país, com especial atenção à liberdade religiosa. Com efeito, o respeito deste direito humano fundamental é uma das condições irrenunciáveis da paz, da fraternidade e da harmonia; mostra ao mundo que é indispensável e possível encontrar um bom acordo entre culturas e religiões diferentes; testemunha que as coisas que temos em comum são tantas e tão importantes que é possível individuar uma estrada de convivência serena, ordenada e pacífica, na aceitação das diferenças e na alegria de sermos irmãos porque filhos de um único Deus.

Senhor Presidente, queridos irmãos reunidos aqui em Belém, Deus todo-poderoso vos abençoe, proteja e conceda a sabedoria e a força necessárias para levar por diante o corajoso caminho da paz, de tal modo que as espadas se transformem em arados e esta terra possa voltar a florescer na prosperidade e na concórdia. Salam!

Fonte: ZENIT.ORG – Belém, 25 de maio de 2014 – Internet: clique aqui.

Construir a paz é difícil, mas viver sem paz é um tormento

Regina Coeli na Praça da Manjedoura
Papa Francisco saúda Mahmoud Abbas, Presidente da Autoridade Palestina
(Belém, 25 de maio de 2014)

"Sr. Presidente, Mahmoud Abbas, neste lugar nasceu o Príncipe da Paz, gostaria de convidá-lo juntamente com o Senhor Presidente Shimon Peres, a elevarmos juntos uma intensa oração pedindo a Deus o dom da paz. Ofereço a minha casa no Vaticano para acolher este encontro de oração.

Nós todos queremos a paz; muitas pessoas a constroem cada dia com pequenos gestos; muitos sofrem e suportam pacientemente a fadiga de tentar construí-la. E todos nós temos o dever, especialmente aqueles que estão ao serviço dos seus povos, de ser instrumentos e construtores da paz, especialmente com a oração.

Construir a paz é difícil, mas viver sem ela é um tormento. Os homens e mulheres desta terra e do mundo inteiro nos pedem para apresentar a Deus os seus desejos de paz”.

Com estas palavras, Francisco convidou os dois presidentes a este encontro de oração pela paz em Roma. Fez esse convite antes da oração do Regina Coeli, na praça do Presépio em Belém.

Antes da oração mariana, o Papa pronunciou as seguintes palavras:

* * *

Queridos irmãos e irmãs!

Estando para concluir esta celebração, dirijamos o nosso pensamento para Maria Santíssima, que aqui mesmo, em Belém, deu à luz o seu filho Jesus. A Virgem, mais do que ninguém, contemplou Deus no rosto humano de Jesus. Ajudada por São José, envolveu-O em panos e reclinou-O na manjedoura.

A Ela confiamos este território e quantos nele habitam para que possam viver na justiça, na paz e na fraternidade. Confiamos também os peregrinos que vêm aqui para beber nas fontes da fé cristã – estão presentes também nesta Santa Missa.

Velai, ó Maria, pelas famílias, os jovens, os idosos. Velai por aqueles que perderam a fé e a esperança; confortai os doentes, os encarcerados e todos os atribulados; sustentai os Pastores e toda a comunidade dos fiéis para que sejam «sal e luz» nesta terra bendita; sustentai as obras educativas, em particular a Bethlehem University.

Contemplando a Sagrada Família aqui, em Belém, espontaneamente o meu pensamento recorda Nazaré, onde espero poder ir, se Deus quiser, noutra ocasião. Daqui abraço os fiéis cristãos que vivem na Galileia e encorajo a realização em Nazaré do Centro Internacional para a Família.

À Virgem Santa confiemos os destinos da humanidade, para que no mundo se descerrem os horizontes novos e promissores da fraternidade, da solidariedade e da paz.

Fonte: ZENIT.ORG - Belém, 25 de Maio de 2014 – Internet: clique aqui.

O papa se reúne com crianças de três campos de refugiados na Palestina

Francisco pede que as crianças "nunca deixem que o passado determine a sua vida"
 
Papa Francisco encontra crianças e adolescentes palestinos refugiados
(Belém, 25 de maio de 2014)
Após a visita à Gruta da Natividade, o papa Francisco se dirigiu ao Phoenix Center para o seu encontro com crianças refugiadas dos campos de Dheisheh, Aida e Beit Jibrin. Ao chegar, às 15h30 deste domingo, 25 de maio (9h30 no horário de Brasília), o Santo Padre foi recebido por duas meninas vestidas com trajes típicos palestinos, que lhe entregaram flores.

Já no salão, onde as crianças reunidas seguravam cartazes que pediam liberdade e paz, o papa lhes desejou, falando em espanhol com tradução simultânea para o árabe, que elas e suas famílias estejam bem de saúde. "Eu estou muito contente por visitar vocês. Vejo que, no seu coração, vocês têm muitas coisas e espero que o Bom Deus lhes conceda tudo o que vocês estão desejando", disse o pontífice.

Uma das crianças leu palavras em árabe, explicando ao papa a situação em que estão vivendo, e, ao encerrar, disse em italiano: "Querido papa Francisco, nós somos os filhos da Palestina. Há 66 anos, os nossos pais sofrem a ocupação. Nós abrimos os nossos olhos já sob a ocupação". O texto manifestou ainda “o desejo de dizer ao mundo um basta aos sofrimentos e às humilhações”.

A seguir, as crianças cantaram primeiro em italiano e depois em árabe.

Ao terminar o encontro, o papa agradeceu pelos cantos: "Muito bonitos, vocês cantam muito bem". Francisco também agradeceu pelas palavras do menino porta-voz e declarou que, lendo os cartazes, "compreendo o que vocês estão dizendo, a mensagem que estão me transmitindo. Não deixem nunca que o passado determine a sua vida. Olhem sempre para frente. Trabalhem e lutem para conseguir as coisas que vocês querem. Mas saibam de uma coisa: não se vence a violência com a violência. A violência se vence com a paz. Com a paz, com o trabalho, com a dignidade de levar a pátria adiante. Muito obrigado por terem me recebido. Eu peço a Deus que os abençoe. E, a vocês, eu peço que rezem por mim. Muito obrigado".

Francisco voltou a saudar brevemente as crianças e partiu do centro de refugiados, finalizando assim a visita à Palestina. O papa se dirigiu logo depois a Tel Aviv, transportado de helicóptero, para dar continuidade em Israel à sua peregrinação pela Terra Santa.

Fonte: ZENIT.ORG – Roma, 25 de maio de 2014 – Internet: clique aqui.

"Seguindo os passos dos meus Antecessores, vim como peregrino à Terra Santa"

Discurso do Santo Padre na Cerimônia de Boas-Vindas em Tel Aviv (Israel)
Papa Francisco saúda e conversa com Shimon Peres, Presidente de Israel
(Tel Aviv, 25 de maio de 2014)

Senhor Presidente,
Senhor Primeiro-Ministro,

Eminências, Excelências, Senhoras e Senhores, Irmãos!

Agradeço-vos cordialmente pela recepção no Estado de Israel, que tenho a alegria de visitar nesta minha peregrinação. Estou agradecido ao Senhor Presidente Shimon Peres e ao Senhor Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu pelas amáveis ​​palavras que me dirigiram, e lembro com alegria os nossos encontros no Vaticano. Como sabeis, venho peregrino à distância de cinquenta anos da histórica viagem do Papa Paulo VI. Desde então muitas coisas mudaram entre a Santa Sé e o Estado de Israel: as relações diplomáticas, que existem entre nós já há vinte anos, têm favorecido o incremento de boas e cordiais relações, como testemunham os dois Acordos já assinados e ratificados e o que está em fase de aperfeiçoamento. Neste espírito, dirijo a minha saudação a todo o povo de Israel, com votos de que se realizem as suas aspirações de paz e prosperidade.

Seguindo os passos dos meus Antecessores, vim como peregrino à Terra Santa, onde se desenrolou uma história plurimilenar e tiveram lugar os principais eventos relacionados com o nascimento e o desenvolvimento das três grandes religiões monoteístas: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo; por isso, ela é ponto de referência espiritual para grande parte da humanidade. Espero, pois, que esta Terra bendita seja um lugar onde não haja espaço algum para quem, instrumentalizando e exacerbando o valor da sua filiação religiosa, se torne intolerante e violento para com a religião alheia.

Durante esta minha peregrinação à Terra Santa, visitarei alguns dos lugares mais significativos de Jerusalém, cidade de valor universal. Jerusalém significa «cidade da paz». Assim Deus a quer e assim todos os homens de boa vontade desejam que seja. Mas, infelizmente, esta cidade é ainda atormentada pelas consequências de longos conflitos. Todos nós sabemos quão urgente e necessária seja a paz, não só para Israel, mas também para toda a região. Por isso, multipliquem-se esforços e energias com a finalidade de chegar a uma solução justa e duradoura dos conflitos que causaram tantos sofrimentos. Em união com todos os homens de boa vontade, suplico a quantos estão investidos de responsabilidade que não deixem nada de intentado na busca de soluções équas para as complexas dificuldades, de tal modo que israelitas e palestinenses possam viver em paz. É preciso empreender sempre, com coragem e sem se cansar o caminho do diálogo, da reconciliação e da paz. Não há outro caminho. Por isso, renovo o apelo que dirigiu Bento XVI deste lugar: seja universalmente reconhecido que o Estado de Israel tem o direito de existir e gozar de paz e segurança dentro de fronteiras internacionalmente reconhecidas. Seja igualmente reconhecido que o Povo Palestinense tem o direito a uma pátria soberana, a viver com dignidade e a viajar livremente. Que a «solução de dois Estados» se torne realidade e não permaneça um sonho!

Momento particularmente tocante da minha estada no vosso País será a visita ao Memorial de Yad Vashen, erguido em recordação dos seis milhões de judeus vítimas do Shoah, tragédia que permanece símbolo dos extremos aonde pode chegar a malvadez do homem, quando, atiçado por falsas ideologias, esquece a dignidade fundamental de cada pessoa, a qual merece respeito absoluto seja qual for o povo a que pertença e a religião que professe. Peço a Deus que jamais se repita semelhante crime, de que foram vítimas em primeiro lugar judeus mas, também, muitos cristãos e outros. Sempre lembrados do passado, promovamos uma educação onde a exclusão e o conflito cedam o lugar à inclusão e ao encontro, onde não haja lugar para o anti-semitismo, seja qual for a forma em que se manifeste, nem para qualquer expressão de hostilidade, discriminação ou intolerância contra indivíduos e povos.

Com o coração profundamente amargurado, penso a quantos perderam a vida no atroz atentado sucedido ontem em Bruxelas. Ao mesmo tempo que renovo a minha viva deploração por este criminoso ato de ódio anti-semita, confio a Deus Misericordioso as vítimas e invoco a cura para os feridos.

A brevidade da viagem limita, inevitavelmente, as possibilidades de encontro. Queria daqui saudar todos os cidadãos israelitas e exprimir-lhes a minha solidariedade, de modo particular a quantos vivem em Nazaré e na Galileia, onde estão presentes também muitas comunidades cristãs. 

Aos Bispos e aos fiéis cristãos, dirijo a minha saudação fraterna e cordial. Encorajo-os a continuarem a prestar, com confiada esperança, o seu sereno testemunho a favor da reconciliação e do perdão, seguindo a doutrina e o exemplo do Senhor Jesus, que deu a vida pela paz entre o homem e Deus, entre irmão e irmão. Sede fermento de reconciliação, portadores de esperança, testemunhas de caridade. Sabei que vos tenho sempre presente nas minhas orações.

Desejo fazer um convite a Vossa Excelência, Senhor Presidente, e ao Senhor Presidente Mahmoud Abbas para elevarem, juntamente comigo, uma intensa oração, implorando de Deus o dom da paz. Ofereço a minha casa, no Vaticano, para hospedar este encontro de oração. Todos desejamos a paz; tantas pessoas a constroem dia a dia com pequenos gestos; muitos sofrem e suportam pacientemente a fadiga de tantas tentativas para a construir. E todos – especialmente aqueles que estão colocados ao serviço do seu próprio povo – temos o dever de nos fazer instrumentos e construtores de paz, antes de mais nada na oração. Construir a paz é difícil, mas viver sem paz é um tormento. Todos os homens e mulheres desta Terra e do mundo inteiro pedem-nos para levarmos à presença de Deus a sua ardente aspiração pela paz.

Senhor Presidente, Senhor Primeiro-Ministro, Senhoras e Senhores, de novo vos agradeço pela vossa recepção.

Que a paz e a prosperidade desçam em abundância sobre Israel. Deus abençoe o seu povo com a paz! Shalom!

Fonte: ZENIT.ORG – Tel Aviv, 25 de maio de 2014 – Internet: clique aqui.

Os presidentes de Israel e da Palestina aceitam o convite do Papa
Papa Francisco, Mahmoud Abbas e Shimon Peres
Encontro de oração entre eles no Vaticano: 06/06/2014
  
O Presidente do Estado de Israel, Shimon Peres, e o presidente do Estado da Palestina, Mahmoud Abbas (Abu Mazen) aceitaram o convite do papa Francisco de se encontrarem no Vaticano para rezarem juntos pela paz no Oriente Médio.

A imprensa israelense anunciou e foi confirmado pelo diretor da Sala de Imprensa vaticana, padre Federico Lombardi, dizendo que os dois chefes de Estado "estarão no Vaticano muito em breve”. De fato, acrescentou, “para cumprir-se o convite do Papa, o encontro deveria acontecer antes do final do mandato de Peres”, que é em Julho. É provável, portanto, que o encontro seja já no próximo mês [foi confirmado para o próximo dia 6 de junho].

Peres aceitou imediatamente o convite de Bergoglio, por meio do seu porta-voz que afirmou: “O presidente aceita a iniciativa do Papa e disse que valoriza todos os esforços para alcançar a paz entre Israel e seus vizinhos".

Também o Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina - refere a agência de notícias palestina Maan, citando, por sua vez CNN - confirmou que "a OLP aceita o convite do Papa Francisco para uma oração conjunta pela paz juntamente com Israel no Vaticano".

Esta manhã, antes do Regina Caeli, na conclusão da Missa na Praça da Manjedoura, em Belém, o Papa disse: "Neste lugar, onde nasceu o Príncipe da Paz, gostaria de dirigir um convite a você, Sr. Presidente, Mahmoud Abbas, e ao Sr. Presidente Shimon Peres, para elevarem juntos comigo uma intensa oração pedindo a Deus o dom da paz. Ofereço a minha casa no Vaticano para hospedar este encontro de oração”.

Fonte: ZENIT.ORG – Roma, 25 de maio de 2014 – Internet: clique aqui.

"O terrorismo é um beco sem saída"

Oração do Santo Padre pelas vítimas do terrorismo em Israel
 
Santo Padre prestou uma homenagem no Monte Herzl, que leva o nome do fundador do
Movimento Sionista, em 1897, Theodor Herzl
"Gostaria de dizer com muita humildade, que o terrorismo é mau. É mau na sua origem e é mau nos seus resultados. É mau porque nasce do ódio. É mau nos seus resultados porque não constrói, destrói. Que nossos povos compreendam que o caminho do terrorismo não ajuda. O caminho do terrorismo é fundamentalmente criminoso. Rezo por todas essas vítimas, e por todas as vítimas do terrorismo no mundo, por favor nunca mais terrorismo, é uma rua sem saída”.

Estas foram as palavras que pronunciou ontem, segunda-feira (26 de maio), o Papa Francisco diante da lápide que homenageia as vítimas do terrorismo em Israel no Monte Herzl em Jerusalém, em seu terceiro dia de peregrinação à Terra Santa.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, agradeceu em Twitter que o Santo Padre tenha aceitado o seu convite para que visitasse este lugar. Esta parada não estava prevista na programação do Papa Francisco.

No dia anterior, em Belém, o Papa também fez um gesto fora do programa. Ele desceu do jipe para parar um momento e rezar no muro que rodeia a cidade e a separa do lado de fora.


Fonte: ZENIT.ORG – Roma, 27 de maio de 2014 – Internet: clique aqui.

Viagem à Terra Santa: 
O tradutor do Papa fala sobre o que saiu da programação

Sergio Mora

Entrevista com o sacerdote Silvio de la Fuente, frade franciscano da Custódia da Terra Santa

Durante a visita do Papa Francisco a Jerusalém, foi possível ver que um franciscano era o seu intérprete com o hebreu e o árabe. Trata-se do sacerdote argentino Silvio de la Fuente, nascido em Buenos Aires, frade franciscano da Custódia da Terra Santa. ZENIT pôde entrevistá-lo por telefone e nos relatou alguns detalhes interessantes que compartilhamos a seguir com os nossos leitores.

ZENIT: Qual saída da programação do Papa você poderia nos dizer?

- Frei Silvio: Houve vários sinais pequenos, mas muito bonitos por parte do Santo Padre, como o fato de que tenha vindo almoçar no nosso convento. Foi uma coisa fantástica, especialmente porque veio compartilhar "o que acontece em um convento", não foi um almoço de luxo, ou seja, ele comeu o que é servido habitualmente.

ZENIT: Mas, essa visita não estava programada, não é verdade? Havia um outro almoço oficial?

- Frei Silvio: Nesse dia tinha que ir ao Notre Dame Center, é um hotel que fica em frente do convento dos frades, um hotel muito bonito que os Legionários de Cristo têm e onde vão muitas personalidades, e, até mesmo com uma cozinha de alto nível. O Santo Padre, falando com o núncio apostólico, que lhe contou tudo o que fazíamos, quis estar conosco e assim tivemos o privilégio de tê-lo aqui. Uma pequena parte da delegação veio ao convento, entre eles estava o patriarca Latino, Fuad Twal, e o secretário de estado, Pietro Parolín. Ou seja, parte da comitiva papal almoçou no Notre Dame Center, embora as pessoas e as outra comunidades que o Papa iria encontrar neste hotel, recebeu-as de qualquer forma. Não decepcionou ninguém.

ZENIT: Vocês cumprem um papel importante em Jerusalém como Custódia da Terra Santa...

- Frei Silvio: Bem, estamos no Oriente Médio desde 1217, a maioria dos santuários da região são atendidos por nós, por vontade da Santa Sé.

ZENIT: E qual foi a sua impressão do abraço, em frente ao muro, de Francisco com o rabino Skorka e o xeique Abboud?

- Frei Silvio: Foi incrível ver os três filhos de Abraão, porque nas três religiões monoteístas reconhecemos nele um pai comum. Foi muito simbólico: nossos irmãos maiores estavam no muro das lamentações, nossos irmãos menores acima na explanada da mesquita, e o Papa Francisco abraçando os dois.

ZENIT: Como é que se vive o diálogo inter-religioso em Jerusalém?

- Frei Silvio: Existem dois níveis de ecumenismo e diálogo inter-religioso, o teológico ou, se queremos, mais científico, e outro, que é o da convivência diária, que se você precisar, por exemplo, de um pão vai ao padeiro que é muçulmano, ou se você precisa de um azeite vai ao comércio de um judeu. Afinal, esta é também uma convivência inter-religiosa, e ninguém fica discutindo teologia. Esse contato diário abre ao diálogo e esses gestos simples, mas muito significativos, que Francisco realizou, afirmam e reforçam algo que os frades e muitas pessoas na Terra Santa, fazem há muito tempo.

ZENIT: A impressão que se tem é que existem muitos fundamentalistas, ou esses são minorias?

- Frei Silvio: Dou-lhe um exemplo: quando estudava hebreu no Ulpan Milah também haviam muçulmanos que o faziam lá. Uma das dinâmicas foi levar fotos das nossoas famílias para apresentá-las e assim praticar o idioma. E foi bonito ver como cada um apresentava a sua família ou os seus filhos e como um muçulmano com barba, que podia ser mais ortodoxo, mostrava fotos dos seus filhos e outros que eram judeus também ortodoxos compartilhavam as suas fotos, e depois tomavam um café juntos e se perguntavam pelos familiares, etc, em um clima de grande serenidade e amizade.

ZENIT: Alguma coisa que mais tenha impressionado do Papa?

- Frei Silvio: A verdade é que me impressionou muito a abertura e gentileza do Santo Padre com todos. Depois de todas as visitas que realizou, subimos ao avião e vieram os que faziam o serviço de bordo, o Papa tirou uma foto com cada um deles, depois começou a rezar. Em seguida foi à coletiva de imprensa, e os do serviço de bordo pediram-lhe um autógrafo e falava com eles... e ele aceitou tranquilamente depois de três dias de uma visita tão cheia. E sempre dando sinais de simpatia com os demais. Ele mesmo disse que às vezes bastam gestos simples, como um sorriso, para que a relação entre duas pessoas surja ou melhore.

ZENIT: O Papa encontrava tempo para orar em meio a uma agenda tão apertada?

- Frei Silvio: Na verdade , quando estávamos no carro ou helicóptero, ou até mesmo no avião, ele ia rezando, ou com o breviário na mão ou com o santo terço. Às vezes, me perguntava algo o eu lhe perguntava ou compartilhava algo com ele, em outras ocasiões simplesmente rezava.

Fonte: ZENIT.ORG – Roma, 27 de maio de 2014 – Internet: clique aqui.

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