«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

No avião, Papa conversa com jornalistas e comenta polêmicas

Da Redação, com Rádio Vaticano

Francisco abordou temas que vão desde momentos na Terra Santa até assuntos polêmicos, como o celibato dos padres e casos de pedofilia na Igreja
Papa acompanhado por padre Lombardi conversa com jornalistas em voo
Foto: L’Osservatore Romano

No avião, que o levou de volta ao Vaticano, na noite desta segunda-feira, 26 de maio, o Papa Francisco conversou, durante quase uma hora, com os jornalistas que o acompanharam na Terra Santa. Vários foram os assuntos abordados: dos momentos mais marcantes da viagem ao celibato dos sacerdotes, passando por escândalos financeiros, pedofilia e a hipótese de uma renúncia a exemplo de Bento XVI.

Confira alguns pontos:

Os gestos na Terra Santa e o encontro Peres – Abu Mazen

“Os gestos mais autênticos são os espontâneos, aqueles que não pensamos, mas que acontecem. Algumas coisas como o convite do Papa aos dois presidentes à oração estava sendo pensado, mas havia muitos problemas logísticos, muitos! Era preciso levar em consideração o território onde esse encontro iria se realizar, e não é fácil. Isso já se programava, uma reunião, mas, no fim, saiu o que espero que seja bom. Será um encontro de oração, não para fazer mediação.”

Relação com os ortodoxos

“Com Bartolomeu, falamos de unidade que se faz em caminho. Jamais poderemos fazer a unidade num Congresso de Teologia. Ele confirmou-me que Atenágoras realmente disse a Paulo VI: ‘vamos colocar todos os teólogos numa ilha e nós prosseguiremos juntos’. Devemos nos ajudar, por exemplo, com as igrejas, inclusive em Roma, onde muitos ortodoxos usam igrejas católicas. Falamos do concílio pan-ortodoxo, para que se faça algo sobre a data da Páscoa. É um pouco ridículo: ‘Quando ressuscita o seu Cristo? O meu, na semana que vem. O meu, em vez disso, ressuscitou na semana passada’. Com Bartolomeu, falamos como irmãos, nos queremos bem, contamos as dificuldades do nosso governo. Falamos bastante da ecologia, de fazermos juntos um trabalho sobre esse problema.”

Abusos contra menores

“Neste momento, há três bispos sob investigação, e um deles, já condenado, tem a pena em estudo. Não há privilégios nesse tema sobre os menores. Na Argentina, chamamos os privilegiados de ‘filhos de papai’. Pois bem, sobre esse tema não haverá 'filhos de papai'. É um problema muito grave. Um sacerdote que comete um abuso trai o Corpo do Senhor. O padre deve levar o menino ou a menina à santidade; o menor confia nele. Mas em vez de levá-lo à santidade, abusa dele. É gravíssimo! É como fazer uma missa negra! Em vez de levá-lo à santidade, leva-o a um problema que terá por toda a vida. Na próxima semana, no dia 6 ou 7 de junho, haverá uma Missa com algumas pessoas abusadas, na Santa Marta; depois, haverá uma reunião, eu com eles. Sobre isso, deve-se prosseguir com tolerância zero.”

Celibato dos padres

“Há padres católicos casados nos ritos orientais. O celibato não é um dogma de fé, é uma regra de vida, que eu aprecio muito e creio que seja um dom para a Igreja. Não sendo um dogma de fé, há sempre uma porta aberta.”

Eventual renúncia

“Eu farei o que o Senhor me dirá para fazer. Rezar, buscar a vontade de Deus. Bento XVI não tinha mais forças e, honestamente, é um homem de fé, humilde como é, tomou esta decisão. Setenta anos atrás, os bispos eméritos não existiam. O que acontecerá com os Papas eméritos? Devemos olhar para Bento XVI como uma instituição, pois ele abriu uma porta, a dos Papas eméritos. A porta está aberta, se haverá outros ou não, somente Deus sabe. Eu creio que um Bispo de Roma, ao sentir que lhe faltam forças, deva fazer as mesmas perguntas que o Papa Bento fez.”

Outros temas

Francisco falou ainda da alegada investigação sobre um desvio de 15 milhões de euros dos fundos do Instituto para as Obras de Religião, em que estaria envolvido o antigo Secretário de Estado do Vaticano. “A questão desses 15 milhões está ainda em estudo, não é claro o que aconteceu”, adiantou.

O Papa disse que quer “honestidade e transparência” na administração financeira do Vaticano, e que a nova Secretaria para a Economia, dirigida pelo Cardeal Pell, vai “levar por diante as reformas que foram sugeridas” por várias comissões para evitar “escândalos e problemas”. Nesse sentido, recordou que cerca de 1,6 mil contas foram fechadas no IOR nos últimos tempos.

Francisco confirmou que, além da viagem à Coreia do Sul em agosto, voltará à Ásia, em janeiro de 2015, para visitar o Sri Lanka e as regiões afetadas pelo tufão nas Filipinas. O Papa mostrou-se preocupado com a falta de liberdade religiosa neste continente, falando num número de “mártires” cristãos que supera os dos primeiros tempos da Igreja.

O Papa não quis comentar os resultados das eleições europeias, mas lembrou as críticas que deixou na exortação apostólica Evangelii Gaudium a um sistema econômico “desumano”, que “mata”.

Já sobre a beatificação de Pio XII, pontífice durante a II Guerra Mundial, Francisco disse ter sido informado de que ainda não há o milagre reconhecido para que a causa avance.


Fonte: Canção Nova – Especiais – Papa Francisco – Terça-feira, 27 de maio de 2014 – 08h17 – Internet: clique aqui.

COMENTÁRIO

PADRES CASADOS?

Entrevista com Vito Mancuso
Teólogo católico italiano

Giovanni Panettiere
Sítio QN
28-05-2014
Vito Mancuso - teólogo italiano

"O primeiro passo será a ordenação de homens casados, de fé comprovada, os chamados viri probati. Realistamente, podemos esperar isso do Papa Francisco, e não é óbvio que o caminho será fácil. O risco de um cisma na Igreja certamente não pode ser excluído a priori." O teólogo Vito Mancuso, 51 anos (um dos quais em hábito talar), olha para a frente, para as possíveis reformas para uma instituição eclesial "tradicionalista", com tempos "muito longo".

A abertura do Bergoglio sobre o casamento para os sacerdotes, que surgiu em uma coletiva de imprensa improvisada no avião de retorno da Terra Santa, o convenceu, mais uma vez, de que o bispo de Roma "não quer esconder nada, tem um senso de confiança e sabe bem quais são os pontos nodais descobertos na Igreja".

Eis a entrevista.

Professor, que problemas o celibato dos sacerdotes envolve?

Vito Mancuso: Nenhum, a questão não é que os padres não possam se casar, o ponto nodal é o celibato obrigatório. O clero célibe se liga à Tradição e à Escritura do mesmo modo que padres casados, possibilitado nas Igrejas católicas de rito oriental. Eu conheço sacerdotes célibes que são um dom para a Igreja , que vivem da melhor forma possível a condição de solteiros.

Família e sacerdócio são incompatíveis?

Vito Mancuso: Aliviados do peso de uma vida familiar – e o diz alguém que é pai de dois filhos adolescentes e sabe o que significa ser marido e pai –, muitos padres conseguem se dedicar completamente à comunidade dos fiéis.

Depois, há o outro lado da moeda...

Vito Mancuso: Ou seja, aquele clero para o qual a condição celibatária significa fechamento aos relacionamentos, distância dos fiéis, frieza. É um limite ditado pela imaturidade, e que o papa conhece bem.

Na sua opinião, quantos jovens se aproximariam do sacerdócio se lhes fosse dada a possibilidade de escolher se querem se casar ou não?

Vito Mancuso: Muitos. Eu mesmo, aos 23 anos, depois de um ano como padre, pedi ao meu arcebispo, Martini, para ser dispensado. Entendi que não conseguiria viver pacificamente a minha condição.

O que o cardeal lhe disse à época?

Vito Mancuso: Que eu ainda era muito jovem e que o que realmente lhe interessava era o meu bem. Ele me enviou para completar os estudos longe da diocese, sem nenhum encargo pastoral. Eu não era mais um sacerdote, assim como eu lhe pedira.

Traduzido do italiano por Moisés Sbardelotto.


Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Quinta-feira, 29 de maio de 2014 – Internet: clique aqui.

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