«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 31 de janeiro de 2015

4º Domingo do Tempo Comum – Ano B – Homilia

Evangelho: Marcos 1,21-28

21 Estando com seus discípulos em Cafarnaum, Jesus, num dia de sábado, entrou na sinagoga e começou a ensinar.
22 Todos ficavam admirados com o seu ensinamento, pois ensinava como quem tem autoridade, não como os mestres da Lei.
23 Estava então na sinagoga um homem possuído por um espírito mau. Ele gritou:
24 “Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus”.
25 Jesus o intimou: “Cala-te e sai dele!”.
26 Então o espírito mau sacudiu o homem com violência, deu um grande grito e saiu.
27 E todos ficaram muito espantados e perguntavam uns aos outros: “O que é isto? Um ensinamento novo dado com autoridade: Ele manda até nos espíritos maus, e eles obedecem!”.
28 E a fama de Jesus logo se espalhou por toda a parte, em toda a região da Galileia.

JOSÉ ANTONIO PAGOLA
UM ENSINAMENTO NOVO

O episódio é surpreendente e avassalador. Tudo ocorre na “sinagoga”, o lugar onde se ensina oficialmente a Lei, tal como é interpretada pelos mestres autorizados. Sucede no “sábado”, dia em que os judeus observantes se reúnem para escutar o comentário de seus dirigentes. É nesse contexto em que Jesus começa, pela primeira vez, a “ensinar”.

Não se fala sobre o conteúdo de suas palavras. Não é isso que interessa aqui, mas o impacto que produz sua intervenção. Jesus provoca assombro e admiração. As pessoas percebem nele algo especial que não encontram em seus mestres religiosos: Jesus “não ensina como os escribas, mas com autoridade”.

Os doutores ensinam em nome da instituição. Restringem-se às tradições. Citam várias vezes mestres ilustres do passado. Sua autoridade provém de sua função de interpretar oficialmente a Lei. A autoridade de Jesus é diferente. Não vem da instituição. Não se baseia na tradição. Tem outra fonte. Ele está repleto do Espírito vivificador de Deus.

Poderão comprová-lo em seguida. De forma inesperada, um possuído interrompe, aos gritos, seu ensinamento. Ele não o pode suportar. Está aterrorizado: “Vieste para nos destruir?”. Aquele homem se sentia bem ao escutar o ensinamento dos escribas. Por que ele se sente, agora, ameaçado?

Jesus não vem destruir ninguém. Sua “autoridade” está, justamente, em dar vida às pessoas. Seu ensinamento humaniza e liberta de escravidões. Suas palavras convidam a confiar em Deus. Sua mensagem é a melhor notícia que pode escutar aquele homem atormentado interiormente. Quando Jesus o cura, as pessoas exclamam: Um ensinamento novo dado com autoridade.

As pesquisas de opinião indicam que a palavra da Igreja está perdendo autoridade e credibilidade. Não basta falar de maneira autoritária para anunciar a Boa Notícia de Deus. Não é suficiente transmitir, corretamente, a tradição para abrir os corações à alegria da fé. O que precisamos, urgentemente, é um “ensinamento novo”.

Não somos “escribas”, mas discípulos de Jesus. Devemos comunicar a sua mensagem, não nossas tradições. Temos de ensinar curando a vida, não doutrinando as mentes. Devemos anunciar seu Espírito, não nossas teologias.
APRENDER A ENSINAR

O modo de ensinar de Jesus provocou nas pessoas a impressão de que estavam diante de algo desconhecido e admirável. Indica-o a fonte cristã mais antiga e os pesquisadores pensam que foi assim realmente. Jesus não ensinava como os “doutores” da Lei. Fazia-o com “autoridade”: sua palavra libertava as pessoas de “espíritos malignos”.

Não se deve confundir “autoridade” com “poder”. O evangelista Marcos é muito preciso em sua linguagem. A palavra de Jesus não provém do poder. Jesus não procura impor sua própria vontade sobre os demais. Não ensina a fim de controlar o comportamento das pessoas. Não utiliza de coação nem ameaças.

Sua palavra não é como aquela dos doutores da religião judaica. Não está revestida de poder institucional. Sua “autoridade” nasce da força do Espírito. Provém do amor às pessoas. Busca aliviar o sofrimento, curar feridas, promover uma vida mais saudável. Jesus não gera submissão, infantilismo ou passividade. Liberta dos medos, infunde confiança em Deus, anima as pessoas a buscar um mundo novo.

A ninguém passa despercebido que estamos vivendo uma grave crise de autoridade. A confiança na palavra institucional está abaixo do mínimo. Dentro da Igreja se fala de uma forte “desvalorização do Magistério”. As homilias aborrecem. As palavras estão desgastadas.

Não é este o momento de voltar a Jesus e aprender a ensinar como ele fazia? A palavra da Igreja tem de nascer do amor real às pessoas. Deve ser dita depois de uma atenta escuta do sofrimento que há no mundo, não antes. Deve ser próxima, acolhedora, capaz de acompanhar a vida sofredora do ser humano.

Necessitamos de uma palavra mais livre da sedução do poder e mais cheia da força do Espírito. Um ensinamento nascido do respeito e da estima positiva das pessoas, que produz esperança e cure feridas.

Seria grave que, dentro da Igreja, se escutasse uma “doutrina de doutores” e não a palavra curadora de Jesus que tanto as pessoas necessitam, hoje, para viver.

Traduzido do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: MUSICALITURGICA.COM – Homilías de José A. Pagola – Quarta-feira, 28 de janeiro de 2015 – 11h34 – Internet: clique aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.