«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

A Petrobrás e os abutres

Editorial

Abutres começam a rondar a Petrobrás, ainda viva e em condições de recuperação, mas em estado bastante precário para atrair a atenção de aves de rapina. Num esforço para organizar o ataque, o fundo americano Aurelius Capital Management convocou detentores de papéis da empresa para notificá-la por atraso na publicação do balanço do terceiro trimestre. Se a notificação for feita por 25% dos credores de bônus de uma determinada emissão, a estatal terá 60 dias para divulgar as demonstrações financeiras. Se estourar o prazo, poderá ser declarada em calote técnico. Nesse caso, terá de antecipar o pagamento de bilhões de dólares. Em mais um esforço para neutralizar essa ameaça, a Petrobrás anunciou a intenção de publicar o balanço, mesmo sem o aval de um escritório de auditoria, até 31 de janeiro. Poderá fazê-lo antes disso. A empresa já havia renegociado dívidas bancárias de US$ 7 bilhões, tentando ganhar algum tempo para a divulgação de suas contas.
Edifício sede da Petrobras no centro do Rio de Janeiro
 
A Petrobrás já adiou duas vezes a publicação do balanço. Com a multiplicação de denúncias sobre a pilhagem da empresa, a PricewaterhouseCoopers (PwC), a firma de auditoria, recusou avalizar as contas. Com isso, evitou o risco de um dano importante à sua imagem e o perigo de um processo legal nos Estados Unidos. Mas a cautela da PwC foi apenas um dos impedimentos. A própria estatal se exporia a problemas muito graves, se divulgasse os dados contábeis antes de uma boa avaliação dos estragos acumulados em vários anos de bandalheira. Em resumo, a gestão petista conseguiu assustar os auditores e atrair os abutres.

Enquanto as aves permanecem a distância, dirigentes da empresa tentam melhorar sua imagem e torná-la menos vulnerável a novos ataques de corruptos e corruptores. Na segunda-feira passada, a diretoria anunciou a decisão de vetar o acesso de 23 grandes empresas a suas licitações. A lista inclui as maiores e mais conhecidas firmas brasileiras de engenharia, suspeitas de participação em cartel para a partilha de contratos bilionários com a Petrobrás. A relação foi elaborada, segundo o comunicado da estatal, com base nos depoimentos tomados durante a Operação Lava Jato.

A empresa informou também a suspeita de envolvimento da Fundação Petrobrás de Seguridade Social (Petros) nos fatos apontados pelos investigadores oficiais. A suspeita é baseada numa apuração independente conduzida por dois escritórios de advocacia contratados pela estatal.

Mesmo sem a ação ostensiva de abutres, a Petrobrás já foi amplamente prejudicada no mercado de capitais, com a desvalorização de seus papéis e o comprometimento de sua imagem. Durante o governo da presidente Dilma Rousseff a empresa perdeu mais de metade de seu valor de mercado - uma redução de cerca de R$ 200 bilhões. Sua ação, próxima de R$ 30 há quatro anos, foi negociada há poucos dias abaixo de R$ 10.

Sua nota de crédito já foi rebaixada e há ameaça de novo rebaixamento. A empresa enfrenta processos nos Estados Unidos por haver publicado informações duvidosas, isto é, sem mostrar os danos causados pela corrupção instalada em sua administração. O mais recente, movido pela prefeitura da cidade de Providence, capital do Estado de Rhode Island, menciona a presidente Dilma Rousseff e outras 11 figuras - autoridades e empresários - como "pessoas de interesse da ação". A notícia desse processo bastou para causar mais uma queda de 6% no valor das ações da companhia, no dia 26 de dezembro.

A ameaça dos fundos abutres poderá ser neutralizada nas próximas semanas, com a publicação do balanço do terceiro trimestre. Mas a mera atração de abutres deveria ser mais que suficiente - se isso ainda fosse necessário - para eliminar qualquer dúvida sobre os males causados à maior empresa brasileira pela gestão petista. Fundos abutres ganham dinheiro com papéis podres.

Ações e títulos de crédito apodrecem porque seus gestores cometem erros graves e se tornam indignos da confiança dos mercados. Os papéis e a imagem da Petrobrás podem ser ainda recuperados. Mas o primeiro a demonstrar respeito à empresa deve ser o governo. Faltou esse respeito durante o governo petista. Os abutres são uma consequência.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Notas e Informações – Domingo, 4 de janeiro de 2015 – Pg. A3 – Internet: clique aqui.

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