«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

O BRASIL IMAGINÁRIO DOS POLÍTICOS!!!

“A linguagem política, destina-se a fazer com que a mentira soe como verdade e o crime se torne respeitável, bem como a imprimir ao vento uma aparência de solidez”
(George Orwell: 1903-1950 – escritor e jornalista inglês)

O mundo imaginário do PT

Editorial

O discurso da ministra Tereza Campello, na cerimônia de posse como titular do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - cargo que já ocupava no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff -, é um exemplo claro da tendência do Partido dos Trabalhadores (PT), desde que assumiu o poder, de escapar da realidade e viver num mundo imaginário.
Tereza Campello - Ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
Para a ministra, "foi muito mais fácil acabar com a miséria do que acabar com o preconceito contra os pobres". E para que não pairasse dúvida de que não era um pensamento mal formulado, ela explicou que não se trata de uma ideia nova, mas de algo que ela expressa com frequência. "Eu sempre digo uma frase que eu acho que tem que nortear a nossa agenda no próximo período", e aí soltou a bendita frase, para concluir que o desafio prioritário a ser enfrentado pela sua gestão no segundo mandato de Dilma será acabar com o "preconceito contra os pobres".

É, no mínimo, assustador ouvir da pessoa que, desde o primeiro dia de 2011, é a titular do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - era de esperar que quatro anos no cargo a tivessem ajudado a conhecer ao menos um pouco da realidade brasileira -, e que continuará a chefiar a pasta, que já não existe miséria no País e bastaria agora enfrentar o "preconceito contra os pobres". Em que mundo vive alguém que formula um pensamento desse teor? Por quais cidades brasileiras a ministra tem andado?

Por ocasião da campanha eleitoral do ano passado, a candidata à reeleição Dilma Rousseff já havia dito semelhante disparate. Nas linhas gerais do programa de governo que ela apresentou ao Tribunal Superior Eleitoral, dizia-se que "a tarefa de combater a extrema pobreza (...) foi superada", para daí afirmar que a batalha atual é "assegurar a perenidade da erradicação da miséria e da pobreza". E, diante desse admirável mundo novo, o lema da campanha era que "o fim da miséria é só um começo".

Dizer que acabou a miséria no País é fechar os olhos à realidade. Por uma opção ideológica - que atende muito bem aos interesses marqueteiros do governo e muito mal às necessidades reais do País -, as prioridades do Brasil ficam invertidas. Já não é preciso melhorar as condições materiais; bastaria agora difundir uma campanha contra o preconceito.

Esse discurso - que infelizmente não é apenas retórica, pois vai deformando a ação governamental - é contraditório com o que o próprio PT sempre defendeu. Se houve 500 anos de graves injustiças no País - como eles gostam tanto de afirmar -, serão meros 12 anos que corrigirão os rumos? Quisera que os problemas sociais do País fossem assim tão fáceis de ser resolvidos. Tal raciocínio - que agora repete a ministra - é de uma superficialidade que faz temer as suas consequências, pois quem o formula faz parte do grupo que tem as rédeas do País.

Troca-se a realidade pelo pensamento imaginário. Já não há fome, já não há miséria, já não há pobreza - há apenas o preconceito. Essa opção não é, infelizmente, indolor. É uma bofetada de desprezo em tantos brasileiros e brasileiras que ainda vivem em condições subumanas.

Logicamente, o preconceito - seja de qual espécie for: por raça, cor, sexo, língua, condição social, orientação política, etc. - é prejudicial e deve ser fortemente combatido. Mas trocar a busca do desenvolvimento social e econômico real - que deveria ser a missão da ministra - por um discurso ideologicamente enviesado afronta as necessidades de tantos brasileiros que ainda vivem em situação de pobreza.

Ninguém nega que, nos últimos anos, houve redução significativa da parcela da população que vive em estado de pobreza. Segundo estudo do Banco Mundial, em 1999, 35% dos brasileiros eram pobres. Em 2011, eram 17% da população. Isso, no entanto, nada tem a ver com fechar os olhos à realidade e construir um mundo imaginário. Um governo que faz vista grossa a 17% da população é um governo muito distante das reais necessidades do País - e muito apegado aos seus interesses ideológicos.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Notas e Informações – Domingo, 11 de janeiro de 2015 – Pg. A3 – Internet: clique aqui.

Lula e Dilma

Eliane Cantanhêde
Jornalista
Dilma Rousseff toma posse como Presidente da República em seu segundo mandato,
o ex-presidente Lula levanta sua mão (Brasília, DF, 1 de janeiro de 2015)
 
Com a economia miando, os ajustes mostrando as garras, as dúvidas sobre a independência da equipe econômica e as feras da Petrobrás aterrorizando o Congresso Nacional, o ano já vinha devidamente animado. Só faltavam as manifestações de rua. Não faltam mais.

Pode ser a mais pura coincidência, mas também pode não ser. No mesmo dia, a última sexta-feira, houve protestos ao menos em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.

Os motivos aqui eram uns, inegavelmente justos. Os de acolá, outros, talvez nem tanto. Mas as manifestações pararam o trânsito, infernizaram a vida de milhares de pessoas e, em São Paulo, atraíram os ainda indecifráveis black blocs. Podem, ou não, se multiplicar pelas capitais.

Com:
·        economia estagnada,
·        inflação sempre acima do centro da meta,
·        juros na estratosfera,
·        contas externas desfavoráveis e
·        contas internas exigindo do governo malabarismos tanto contábeis quanto legais,
o ambiente é favorável à multiplicação.

O brasileiro está mais bem informado, mais atento e mais crítico. Aprendeu que protestar faz bem à saúde e é um santo remédio, não para curar, mas para dar dor de cabeça em poderosos de todos os níveis. Nem sempre os índices de popularidade suportam. Os da presidente Dilma Rousseff despencaram em junho de 2013.

A diferença de lá para cá é que as condições de Dilma pioraram muito. Quando aquelas manifestações surpreenderam o País e os governantes, Dilma batia recordes de aprovação. Já tinha encenado o teatro da “faxina” [ao demitir alguns ministros acusados de corrupção], baixado os juros na raça, ido à televisão para vangloriar-se da redução da conta de luz. Ela ainda mantinha a imagem de gerentona. E tinha Lula, tinha o PT unido.

Hoje:
·        Dilma acaba de sair de uma eleição duríssima, em que ganhou por pouco – e apesar de tudo.
·        Os “faxinados” estão de novo no governo.
·        Os juros voltaram para onde sempre estiveram.
·        E, depois que o setor virou um caos, as tarifas de luz só aumentam e
·        o pronunciamento de Dilma foi parar no fundo da gaveta dos marqueteiros.

Ah! E se, em junho de 2013, havia apenas a sensação desconfortável de que algo andava mal na Petrobrás, hoje já se sabe bem o tamanho – e o preço – da encrenca. A roubalheira era gigantesca, mas a administração da maior e mais simbólica companhia brasileira era, igualmente, caso de polícia.

E Lula? Evaporou. A união do PT? Já era. Como diz a senadora Marta Suplicy (por ora PT-SP), que conhece bem a turma e não tem papas na língua, “Lula está totalmente fora”. Mas fora do governo Dilma, não da política.

Dilma depende mais do que nunca de Dilma. Não dá para contar com o carisma e a retórica inebriante de Lula. E o PT está dividido entre “lulistas” e “dilmistas”. Uns precisam dos outros, mas dizer que os lulistas torcem para o sucesso de Dilma não chega a ser verdade.

É assim que Dilma tem de torcer para que as manifestações de sexta-feira tenham sido residuais, desconectadas, sem consequências e sem poder de mobilização pelo País afora.

Mal comparando, é como a torcida em Paris e no mundo para que o ataque ao Charlie Hebdo tivesse sido obra de um punhado de tresloucados, não uma ação terrorista da Al-Qaeda. Lá, já se viu o que era. Aqui, ainda vai se ver.

Como última lembrança: Dilma tem a caneta, uma equipe econômica finalmente considerável e oficialmente o PT, o PMDB e a maior base aliada das galáxias. Mas Lula ainda tem o principal: os movimentos sociais.

Dilma mal consegue ser uma chefe – precisa gritar para acreditarem –, mas Lula, para o bem e para o mal, segue sendo um dos maiores líderes de massa que este País já teve. Além de driblar as ameaças explícitas do PMDB e dos aliados, Dilma tem de acertar na economia para escapar da ameaça implícita que é Lula. E não só em 2018.

PS: Eu sou Charlie.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Política – Domingo, 11 de janeiro de 2015 – Pg. A7 – Internet: clique aqui.

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