«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

A POLÍTICA BRASILEIRA COMO ELA É...

"BRASIL, PÁTRIA EDUCADORA" - DISCURSO E REALIDADE!

Dora Kramer

A desconexão entre as palavras e os fatos é uma constante nos pronunciamentos da presidente Dilma Rousseff. Raramente surpreende nesse quesito, mas, ontem [01/01/2015], no discurso de posse no Congresso Nacional, ela superou-se em vários momentos.
Cid Gomes - novo Ministro da Educação do governo Dilma
 
Em especial quando anunciou em tom solene o lema do segundo mandato: "Brasil, pátria educadora", significando que o governo dará à educação total prioridade nos próximos quatro anos. Fosse real, essa primazia deveria necessariamente corresponder à escolha de alguém de reconhecido saber na área para comandar o ministério da Educação.

A realidade, no entanto, faz daquele emblema um mero slogan: o ministro é o ex-governador do Ceará, Cid Gomes, nomeado para contemplar o PROS (11 votos na Câmara) e recompensá-lo pela saída do PSB quando o partido deixou a base do governo.

Na fase de especulação de seu nome, Cid Gomes chegou a dizer que não queria a pasta e, depois, quando já confirmado, sua única manifestação sobre o setor foi a ideia de alterar o currículo do ensino médio. A respeito da "expertise" do novo ministro para conduzir o País à condição de "pátria educadora" nada se sabe.

Assim como não se ouviu de nenhum dos outros escolhidos para ocupar os "lotes" da Esplanada dos Ministérios uma palavra sequer sobre as políticas que pretendem executar nas respectivas áreas ou do mérito de cada um para as tarefas. O critério foi exclusivamente partidário e a distribuição feita de acordo com o número de votos de cada legenda no Parlamento.

Nesse aspecto, outro ponto do discurso da presidente em que as palavras não correspondem aos fatos: Dilma Rousseff prometeu se empenhar em prol de uma reforma política que permita a adoção de "práticas mais modernas e éticas". Isso tendo acabado de montar um Ministério com base em práticas obsoletas e antiéticas.

As promessas feitas pela presidente não correspondem à formação do Ministério. Para o bem e para o mal. Na economia, a equipe assume com a missão de cortar gastos, ajustar, equilibrar as contas e conter a inflação.

Dilma, no entanto, em seu discurso desenhou um cenário condizente com tempos de bonança total com grandes investimentos, nível de emprego crescente, salário mínimo em valorização, verbas para Estados e municípios investirem em transportes coletivos, muito dinheiro para saúde e educação, enfim, o melhor dos mundos onde não existem as dificuldades de que dão notícias as próprias medidas tomadas pelo governo.

Sobre corrupção e Petrobrás, Dilma Rousseff continuou na mesma toada da campanha eleitoral invertendo a realidade: não foi nos governos do PT que o esquema de corrupção na estatal cresceu e levou à situação que a Operação Lava Jato agora desvenda.

Na versão dela, foi graças aos governos do PT que "malfeitos de alguns funcionários" foram descobertos. A desvalorização da companhia, pela narrativa da presidente, não é resultado dos desmandos, mas produto de "um cerco especulativo".

Dificilmente Dilma poderá fazer frente aos compromissos firmados nesse discurso. Com destaque para aqueles que dependem de votação no Congresso. Como a emenda constitucional que anunciou para permitir à União atuar na segurança pública nos Estados, hoje prerrogativa dos governadores.

O loteamento de ministérios não garante votos no Parlamento - até porque o nomeado fica satisfeito, mas os não contemplados formam um grupo maior de insatisfeitos - assim como determinados discursos não têm o poder de transformar fábulas em realidade.

Com a desvantagem de afetar gravemente a credibilidade do autor. Ou autora. Nesse momento de início do 2.º mandato, era de se esperar que a presidente Dilma Rousseff se dirigisse ao País justamente no sentido oposto: falando a verdade.

Fonte: ESTADÃO.COM.BR  – Política/Colunistas – 02/01/2015  – Internet: clique aqui.

Novo velho deputado

José Roberto de Toledo

O velho deputado está terminando seu sétimo mandato consecutivo. Velho nem tanto pela idade, mas pela experiência. Foram 28 anos seguidos no plenário da Câmara, votando desde os capítulos da Constituição de 1988 até as dezenas de emendas que a reformaram. Sempre foi coerente com seus princípios. Se esses princípios coincidem com a vontade do dono do poder não é culpa dele.
Típica família de políticos do Brasil:
José Sarney Filho (deputado federal), Roseana Sarney (ex-governadora) e José Sarney (ex-presidente da República)
 
De Lula a Dilma, de Sarney a FHC, o velho deputado sempre foi governista. Hábito. Pouco importa se seu partido faz oposição ao presidente da ocasião ou se ele próprio fez campanha para o adversário. O líder do governo - de qualquer governo - sabe que pode contar com seu voto em 80% das vezes ou mais. O líder de seu partido sonha em ter a mesma confiança, mas não reclama.

Melhor um deputado governista na própria bancada do que na dos rivais. Ele conta tempo de TV para o partido e aumenta a cota de recursos do Fundo Partidário para a agremiação. Deixa como está.

E o velho deputado, nunca pensou em trocar de legenda? De jeito nenhum. Ele se considera um quadro histórico. Trocaram as denominações de seu partido, trocaram a sigla, trocaram a posição em relação ao governo, mas ele não trocou nada. Está onde sempre esteve. É um liberal conservador, um governista de oposição, um ruralista pró-hospitais filantrópicos, um amigo do Tibete que defende o "direito da legítima defesa", um apoiador da microempresa em favor da "cadeia do aço e ferro gusa".

Sua base eleitoral sabe que pode contar com o velho deputado, principalmente com suas emendas ao Orçamento da União. São milhões e milhões a cada ano para as pequenas e médias cidades que costumam elegê-lo, cada vez com mais votos. Por obra do destino, às vezes coincidem a liberação, pelo governo, dos recursos dessas emendas com votações na Câmara. Mas, de novo, o que pode o velho deputado fazer se o governo concorda com ele?

Mais recentemente, outra coincidência tem lhe trazido dissabores. Só porque umas empresas que levam o seu nome recebem dinheiro do governo federal, acusam-no de franciscano. De fazer a política do toma lá dá cá, do "é dando que se recebe". Ora, que culpa tem ele se o governo precisa de suas faculdades? Não as intelectuais, diga-se, mas de suas salas de aula.

Começaram alugando-as para fazer o Enem (Exame Nacional o Ensino Médio), depois, para colocar alunos que têm suas mensalidades bancadas pelo Fies (Financiamento Estudantil). De R$ 1,5 mil em 2011, o dinheiro recebido da União pelas empresas homônimas ao velho deputado subiu para R$ 3,5 milhões em 2012, foi a R$ 12 milhões em 2013 e chegou a R$ 25 milhões em 2014. Tudo legal.

É muita implicância. Até da locadora de onde aluga os carros que usa quando está em Brasília desconfiam - só porque a fatura é paga pela verba de gabinete que recebe da Câmara. Basta. Chega. Não dá mais para o velho deputado. Ele vai voltar para sua terra natal, onde lhe dão valor por suas empresas, fazendas e hospital filantrópico que administra, com pequena ajuda federal.

Está na hora de deixar as novas gerações assumirem essa luta ingrata. É exatamente isso que seu filho deve fazer, assim que tomar posse de sua cadeira na Câmara dos Deputados. O velho deputado vai ser substituído pelo novo deputado. Ele foi eleito pela antiga base eleitoral do pai - praticamente uma herança. Pelo fabricante de armas e cartuchos que financiou sua campanha, deve integrar a mesma frente pelo "direito da livre defesa".

Assim se renova a política no Brasil. Sai o pai e entra o filho. Mudam caras e prenomes, seguem os sobrenomes. Trocam as siglas e os partidos, permanecem as práticas, usos e costumes - principalmente com o dinheiro público. E o velho deputado? Vira foto na parede, nome em letreiro? Isso também - além de garantir uma suplência no Senado, que ninguém é de aço ou ferro gusa.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Política – Segunda-feira, 5 de janeiro de 2015 – Pg. A6 – Internet: clique aqui.

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