«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

FIES: exemplo de "Pátria educadora"!!!

Pátria especuladora

José Roberto de Toledo

Na campanha presidencial, as ações da Petrobrás caíam toda vez que subiam as intenções de voto em Dilma Rousseff (PT). O registro de uma pesquisa desencadeava um sobe e desce das cotações em 50 tons de especulação. Pouca gente ganhou muito dinheiro vendendo e recomprando Petrobrás. Mas não só Petrobrás.
Um pequeno grupo de empresas viu suas ações oscilarem na Bovespa na razão inversa da petroleira: os chamados "papéis Dilma". Se a presidente subia nas pesquisas, eles disparavam junto. Se caía, despencavam. As estrelas do pacote eram as donas de faculdades. Terá o mercado adivinhado que o lema do segundo mandato da presidente seria "Pátria educadora"? Não, só fez contas.

Desde que o governo federal começou a mudar as regras de acesso ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), em 2010, ser dono de muitas faculdades passou a ser o que há de mais próximo ao capitalismo sem risco no Brasil. O aluno assume um financiamento no Fies, e a faculdade tem a garantia de que receberá integralmente e na data certa o valor da sua mensalidade. Se o aluno não pagar o financiamento, o problema é seu, meu, nosso.

O negócio é tão bom que o Fies foi tomado de assalto - no bom sentido - por educandos e educadores. Desde 2010, o volume de recursos do Tesouro transferidos para os cofres das faculdades dobra todo ano: de R$ 1,1 bilhão, pulou para R$ 13,4 bi em 2014. Mas, como demonstraram os jornalistas Paulo Saldaña e Rodrigo Burgarelli, tanto dinheiro não acelerou o acesso de jovens à educação superior além da taxa histórica de crescimento.

O que aconteceu foi que as faculdades "securitizaram" os alunos que já tinham - usando incentivos criativos para que aderissem ao Fies, zerando assim a inadimplência das mensalidades. Alguns grupos se beneficiaram mais do que outros e ficaram com uma parte recorde de recursos públicos - desbancando empreiteiras e laboratórios no ranking de transferências do Tesouro.

Em 2014, o grupo Kroton/Anhanguera recebeu pouco mais de R$ 2 bilhões do governo federal. Nunca antes um grupo privado recebeu tanto dinheiro do Tesouro em tão pouco tempo. Tudo legal. É que a maioria dos seus estudantes está hoje garantida pelo Fies.

Essa agressividade foi recompensada também pelo mercado financeiro. Nove entre dez fundos de ações passaram a incluir a companhia em seu portfólio. Como resultado, as ações da Kroton tiveram uma valorização de mais de 500% entre março de 2012 e novembro de 2014. Ao mesmo tempo, o Ibovespa caiu 18%.

A Kroton foi a estrela da festa, mas não brilhou sozinha. Outros grupos educacionais também receberam centenas de milhões de reais do Fies e viram suas ações se valorizarem muito acima da média das outras empresas brasileiras ao longo dos últimos anos. Foram os casos da Gaec Educação e da Estácio Participações.

O champanhe começou a azedar, todavia, em 27 de novembro de 2014. Coincidentemente, essa data marca o pico de valorização das ações das três empresas Fies-dependentes. Desde então, caíram mais que a Petrobrás (com Lava Jato e tudo). O que aconteceu naquela quinta-feira que estragou a festa de Kroton, Gaec e Estácio? Dilma confirmou Joaquim Levy como ministro da Fazenda.

Precisando cortar gastos para equilibrar as contas, não deve ter sido difícil ao novo ministro perceber que o Fies era um ponto muito fora da curva. Para consternação do mercado e das faculdades, o Ministério da Educação impôs várias mudanças restringindo o acesso ao programa, no final de dezembro.

Desde então, o lobby dos Fies-dependentes educou Brasília. Para o contra-ataque, contatou a banda oposicionista do PMDB. Na quinta-feira, o governo reverteu parte das restrições ao Fies. O MEC só anunciou as mudanças no fim da tarde, mas, curiosamente, as ações da Kroton disparavam desde a abertura do pregão, logo pela manhã. Foram as que mais subiram naquele dia. Pátria educadora é isso.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Política – Segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015 – Pg. A6 – Internet: clique aqui.

Gasto com Fies cresce 13 vezes e chega a R$ 13,4 bilhões, mas ritmo de matrículas cai

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO, PAULO SALDAÑA, RODRIGO BURGARELLI

Após regras mais flexíveis a partir de 2010, número de alunos com financiamento federal saltou 448%, de 150 mil para 827 mil em 2013; total de universitários na rede privada brasileira, porém, subiu 13%, de 3,9 milhões para 4,4 milhões no mesmo período
Enquanto os gastos federais com mensalidades de alunos em universidades privadas por meio do Financiamento Estudantil (Fies) dispararam a partir de 2010, o ritmo de matrículas no ensino superior caiu. Daquele ano até 2014, o custo do programa cresceu 13 vezes - saltou de R$ 1,1 bilhão para R$ 13,4 bilhões, em valores corrigidos -, mas a média anual de aumento de alunos nas instituições particulares passou de 5%, entre 2003 e 2009, para 3% de 2010 até 2013.

Criado em 1999, o Fies teve uma explosão de contratos após mudanças promovidas em 2010 para elevar as matrículas na rede privada, conforme anunciado na época. "O Brasil precisa chegar a 10 milhões de matrículas no ensino superior", afirmou o então ministro da Educação, Fernando Haddad (PT):

·        Os juros caíram de 6,5% para 3,4% ao ano, abaixo da inflação.
·        Além disso, o financiamento pôde ser obtido a qualquer momento,
·        a exigência de fiador foi relaxada e
·        o prazo de quitação, alongado.

Levantamento do Estadão Dados, com base em informações do Portal da Transparência e microdados do Censo da Educação Superior, mostra que, desde então, o número de alunos no Fies subiu 448% - de 150 mil, em 2010, para 827 mil em 2013, último ano em que há dados do censo. O total de alunos na rede privada subiu apenas 13% - de 3,9 milhões para 4,4 milhões.

A explicação é que muitas faculdades passaram a incentivar alunos já matriculados a não pagar a própria mensalidade, mas a entrar no Fies - que, por sua vez, repassa os valores diretamente para as instituições, sem atraso ou inadimplência. Enquanto as empresas têm dinheiro garantido, a dívida fica com o aluno e o risco, com o governo.

Estratégias

Para incentivar a adesão ao programa, as universidades [privadas] usaram várias estratégias:

·        distribuição de tablets,
·        feirões para explicar o financiamento [Fies] e
·        até prêmios para quem indicar um amigo.

As novas regras, porém, estimulam até quem não precisa entrar no programa, uma vez que os juros abaixo da inflação fazem com que o montante a ser pago no futuro seja menor do que o custo da mensalidade atualmente.
Prof. Celso Napolitano - Presidente da Fepesp
A consequência das novas regras foi o forte crescimento nas transferências para grupos de educação. O Kroton-Anhanguera, por exemplo, foi a empresa que mais recebeu pagamentos do governo federal em 2014. Doze mantenedoras do grupo receberam juntas mais de R$ 2 bilhões - o dobro do que a Embraer, que fabrica aviões militares, e a Odebrecht, responsável por dezenas de obras pelo País.

Outros grupos também figuram entre os líderes de desembolsos do Tesouro em 2014, como a Estácio (R$ 683 milhões) e a Unip (R$ 390 milhões). O total a mais gasto com o Fies de 2011 a 2014 em relação ao que se gastava antes das mudanças chega a R$ 24 bilhões - o suficiente para operar uma instituição do porte da Universidade de São Paulo (USP) no período.

Segundo o professor Celso Napolitano, presidente da Federação dos Professores do Estado de São Paulo (Fepesp), a relação das instituições com o Fies é de "capitalismo sem risco". "Elas não precisam competir por preço, não têm dificuldade de reajustar valores, não têm crise nem problema com aluno."

Carlos Monteiro
O especialista em ensino superior Carlos Monteiro, da CM Consultoria, explica que a expectativa de expansão no número total de matrículas não se concretizou. "O que a maioria das instituições acabou fazendo foi transferir para o Fies aquele aluno que dava desconto, que era bolsista", diz.

Mudanças

Após a reeleição de Dilma Rousseff, o Ministério da Educação (MEC) decidiu restringir o acesso ao Fies. Agora, os alunos devem obter ao menos 450 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) - antes, bastava ter participado. Segundo a pasta, a mudança tem como objetivo melhorar a qualidade do ensino.

Grupos educacionais tiveram grandes perdas em valor de mercado na Bolsa e se posicionaram contrários às mudanças. Ainda não é possível quantificar o impacto da medida no gasto federal e na evolução das matrículas. O valor orçado para o Fies em 2015 é de R$ 12 bilhões.

Em nota, o MEC informou que busca "sempre aprimorar os processos com o objetivo de garantir mais oportunidades". O [jornal] Estado procurou três entidades que representam o setor - Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior, Sindicato das Mantenedoras de São Paulo e Associação Brasileira para o Desenvolvimento da Educação Superior -, mas nenhuma se posicionou.

Fonte: ESTADÃO.COM.BR – 15 de fevereiro de 2015 – 02h03 – Internet: clique aqui.

Ministério da Educação volta atrás:
universidades particulares podem reajustar matrículas pelo Fies em até 6,4%

Ivan Richard
Estudantes fazendo a prova do ENEM
Pressionado pelas instituições de ensino superior, o Ministério da Educação (MEC) elevou para até 6,4% o reajuste que poderá ser aplicado nas matrículas para o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Anteriormente, a pasta havia bloqueado o crédito para as instituições que aumentaram as mensalidades acima de 4,5%, que é a meta de inflação fixada pelo governo.

Segundo a assessoria do MEC, a mudança ocorreu depois que equipes técnicas da pasta e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) analisaram as informações prestadas pelas instituições de ensino. Com o novo patamar de reajuste, o ministério anunciou que o sistema para novos contratos do Fies será aberto no dia 23.

As inscrições poderão ser feitas no portal do programa. A novidade é que será estabelecido um prazo para que os estudantes solicitem o Fies. As inscrições estarão abertas até 30 de abril. Antes, a adesão podia ser feita a qualquer momento.

Segundo o MEC, os estudantes que aderirem ao fundo de financiamento até 29 de março não estarão sujeitos às mudanças feitas pela portaria, no final do ano passado.

Os que aderirem a partir de 30 março deverão ter obtido média de pelo menos 450 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) a partir de 2010 e não ter tirado zero na redação.

As inscrições do Fies foram suspensas no início do ano para adequação às novas normas. Desde o final de janeiro, o sistema está aberto para renovação de contratos. As mudanças no Fies, feitas pela portaria do MEC, causaram polêmica no setor, pela possível redução de contratos. O fundo oferece cobertura da mensalidade a juros de 3,4% ao ano. O contratante só começa a quitar o financiamento 18 meses depois de formado.

Desde 2010, o Fies acumula 1,9 milhão de contratos e abrange mais de 1,6 mil instituições.

Fonte: Portal EBC – Agência Brasil – Educação – 13/02/2015 – Publicado às 13h44 – Internet: clique aqui.

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