TRÊS NOTÍCIAS PARA AJUDAR A ENTENDER A ECONOMIA BRASILEIRA
Brasil tem a terceira maior dívida do mundo!
Perdemos, apenas, para Espanha e Estados Unidos
Adriana
Fernandes e Renata Veríssimo
Com alta da Selic,
dívida pública brasileira cresce 8% em 2014
Estoque da dívida
pública subiu para R$ 2,295 trilhões
Impulsionada pelo processo de alta da Selic e pelos aportes
do Tesouro Nacional aos bancos públicos, a dívida pública federal apresentou um
crescimento de R$ 173,089 bilhões em 2014 - último ano do primeiro mandato da
presidente Dilma Rousseff. De acordo com dados divulgados pelo Ministério da
Fazenda, o estoque da DPF [Dívida
Pública Federal], que inclui da dívida
interna e externa do governo federal, subiu para R$ 2,295 trilhões - uma alta
de 8,15% em apenas um ano. Em 2013, o estoque estava em R$ 2,122 trilhões.
Além do custo mais alto da dívida por conta do aperto
monetário e das incertezas que marcaram o ano passado, a dívida sofreu,
principalmente, com as emissões de
títulos feitas pelo Tesouro para o Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em 2014, o Tesouro
emprestou ao banco de desenvolvimento R$ 60 bilhões - R$ 30 bilhões em
dezembro, faltando poucos dias para o fim do ano e já com a nova equipe
econômica escolhida. Em dezembro, o
Tesouro também emitiu R$ 1 bilhão para o banco da Amazônia (Basa).
O valor da DPF fechou dentro da banda do Plano Anual de
Financiamento (PAF), de R$ 2,170 trilhões e R$ 2,320 trilhões. Em novembro, o
estoque estava em R$ 2,295 trilhões.
O impacto da correção de juros no estoque da DPF foi de R$
243,318 bilhões no ano passado, com alta de 11,46%. A Dívida Pública Mobiliária
Federal interna (DPMFi) subiu 7,32% e fechou dezembro em R$ 2,183 trilhões. A
Dívida Pública Federal externa (DPFe) ficou 0,83% maior, somando R$ 112,29
bilhões no final do ano passado. O estoque da DPF aumentou apesar do resgate
liquido de R$ 69,209 bilhões de títulos ao longo de 2014.
Fonte: ESTADÃO.COM.BR
– Economia & Negócios – 28 de janeiro de 2015 – 15h10 – Internet:
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Déficit público brasileiro é um dos maiores dos últimos
anos!
Gabriel Leal
de Barros
Pesquisador da Fundação Getúlio Vargas – SP
Resultado fiscal
aponta desajuste e impõe desafio gigante
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Gabriel Leal de Barros - economista |
O resultado primário de 2014* - déficit de R$32,5 bilhões - foi o pior desde que o País iniciou sua
governança e responsabilidade no trato fiscal, em 1998. A aguda degradação fiscal não atingiu apenas o governo central
(Tesouro, Previdência e Banco Central), mas
também os Estados e Municípios e estatais. O desajuste, portanto, é
generalizado, de todo o setor público consolidado.
Entre os fatores que condicionaram a forte piora fiscal no
ano passado destaca-se:
·
além do menor
crescimento econômico e seu colateral negativo na arrecadação [diminuição
na arrecadação de impostos],
·
a ampla e
pouco efetiva política de desonerações tributárias, que abriu mão de 2% do PIB ou R$ 104 bilhões de
receita.
·
A receita líquida do governo central caiu 3,7%
em termos reais, superior tanto ao período da crise de 2009 quanto de 2003,
quando houve reduções de 0,2% e 2%, respectivamente.
Pela ótica da
despesa, o primeiro mandato da presidente Dilma apresentou alta de 2,6 pontos
do PIB**, para 20,1% em 2014 ante 17,4% em 2010.
Essa elevação é a maior para a despesa pública, superior a três vezes a média
dos períodos do segundo governo Fernando Henrique Cardolso (0,7 ponto
porcentual) e do primeiro (1,2 ponto) e segundo (0,5 ponto) governo Lula, de
0,8 ponto. Entre os fatores que explicam
a elevação, destacam-se os gastos com transferência de renda às famílias, a
conta de subsídios e subvenções e o custeio das áreas da saúde e educação.
É possível dizer que entre todos os fatores a grande
novidade está na conta de subsídios, que inclui, além dos fundos regionais e do
agronegócio, aqueles relativos ao programa Minha
Casa Minha Vida, a conta de desenvolvimento energético (CDE) e as
compensações ao INSS no âmbito da desoneração da folha de pagamentos.
As medidas anunciadas pela equipe econômica atacam
corretamente o problema, porém estamos
diante do maior desafio fiscal que o País já enfrentou. Nenhum milagre é
esperado e o ajuste deve demorar todo o mandato presidencial. Tenhamos
paciência.
*
Déficit primário é o valor gasto pelo Governo e que
excede o valor de sua arrecadação, sem levar em consideração a despesa
realizada com o pagamento dos juros da dívida pública.
**
PIB = Produto Interno Bruto representa a soma
(em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa
determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período
determinado (mês, trimestre, ano, etc.). O PIB é um dos indicadores mais utilizados
na macroeconomia com o objetivo de quantificar a atividade econômica de uma
região (Fonte: clique aqui).
Fonte: ESTADÃO.COM.BR
– Economia & Negócios – 31 de janeiro de 2015 – 02h03 – Internet:
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Corrupção e incompetência
[Petrobrás menor e menos importante!]
Editorial
A cada dia, a cada nova notícia, o escândalo da Petrobrás se
revela mais amplo, mais complexo e mais difícil de entender em suas implicações
financeiras e contábeis. Encontra-se,
pois, sob grave ameaça o futuro daquela que já foi a maior e mais respeitada
empresa estatal, motivo de orgulho para os brasileiros e de admiração no
exterior. O que se torna mais claro e indesmentível a cada dia, a cada nova
notícia é que, tomada de assalto pelos governos petistas e durante mais de uma
década transformada em fonte de recursos para a promoção da imagem dos donos do
poder, a Petrobrás acabou se transformando em um enorme pesadelo para a
sociedade brasileira e para o próprio governo. Para este, de resto, sobra um
merecidíssimo atestado de incompetência.
![]() |
Graça Foster - atual Presidente da Petrobrás |
O enorme rombo provocado na estatal pela corrupção que a
Operação Lava Jato trouxe à luz, aliado à crise provocada pela queda do preço
internacional do barril de petróleo desde outubro e, ainda, à inépcia gerencial
da empresa, levou a presidente da companhia, Graça Foster, a anunciar medidas amargas: nos próximos anos a exploração de petróleo será reduzida ao
"mínimo necessário", investimentos serão cortados e novos projetos
considerados com extremo rigor seletivo. Em resumo, a Petrobrás terá de ser "redimensionada", maneira eufemística
de dizer que já se tornou uma empresa menor e menos importante.
O detalhe curioso - trágico talvez seja a expressão mais
adequada - é que ninguém no corpo
diretivo da empresa, da Diretoria Executiva ao Conselho de Administração, tem a
menor ideia do tamanho do rombo. Os valores comprometidos com a corrupção
são uma grande incógnita, segundo admite a própria diretoria da empresa ao
justificar não tê-los abatido dos ativos declarados no balanço apresentado dias
atrás: "Existem severas limitações
que tornam a quantificação desses valores impraticável, tanto para fins de
correção quanto para evitar capitalizações futuras". Uma auditoria independente indicou que
seria preciso dar baixa a R$ 88,6 bilhões em ativos. Pode ser mais, como
poder ser menos. Ninguém sabe.
O fato é que as declarações de Graça Foster levaram sua
amiga Dilma Rousseff a mais um de
seus acessos de irritação, que de tão frequentes e inconsequentes são cada vez
menos levados em conta. A presidente teria esbravejado por causa do que
considerou incompetência de Graça Foster ao divulgar de forma
"amadora" os números da auditoria independente.
A chefe do governo
pode se enfezar com o que quer que seja, mas, no caso da Petrobrás, a verdade é
que ela teve quatro anos - um mandato inteiro de presidente da República - para
promover o saneamento da maior empresa brasileira e levá-la a adotar
padrões de excelência de governança, compatíveis com sua importância aqui e no
exterior. Se não o fez, foi por
incompetência, sua e do corpo diretivo que colocou na estatal.
Esta é a versão benevolente desta triste e obscura história,
pois sempre ficarão no ar as perguntas que não se calam: ela deixou a situação
chegar a esse ponto porque a esbórnia* lhe era politicamente conveniente? E, depois de
arrombadas portas e janelas, ela se preocupou realmente com a situação da
estatal ou com as repercussões negativas do episódio sobre seu governo?
Afinal, não é
descabida a hipótese de que a presidente da República, a quem seria impossível
ignorar o que se passava na Petrobrás, tenha sido levada pelas "injunções
políticas" a fazer vista grossa a uma armação que, na lógica safada de seu
partido, era um "direito natural e legítimo" dos donos do poder.
Nesse caso a incompetência do governo se limita ao fato de não ter sido capaz
de abafar o escândalo. Seja como for, o
fato é que Dilma Rousseff tem inegáveis responsabilidades pela situação em que
se encontra a Petrobrás.
Como de hábito, pelo menos parte do preço de mais essa
lambança na gestão da coisa pública vai acabar sendo paga pelos cidadãos,
milhares de indivíduos que - como outro tanto de pessoas jurídicas - são acionistas
da Petrobrás. Com a maior candura, o diretor de Finanças da petroleira anunciou
que o pagamento de dividendos, na hipótese aparentemente remota de que existam,
poderá ser "adiado". Esses acionistas devem estar perguntando, como a
Nação: o que Dilma está esperando para
trocar todo o corpo diretivo da Petrobrás?
*
Esbórnia significa farra, desregramento.
Fonte: O Estado de S.
Paulo – Notas e Informações – Domingo, 1 de fevereiro de 2015 – Pg. A3 –
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