''É cedo para falar de vida no novo planeta Kepler 452b''
Gabriella
Ceraso
Rádio
Vaticana
24-07-2015
Ele se chama "Kepler 452b" e é a outra
"Terra possível" que a Nasa
identificou na constelação de Cygnus,
a 1.400 anos-luz de nós. Um planeta "gêmeo" em tamanho, movimento e
características naturais, embora muito distante para ser observado com
precisão. No entanto, a imaginação e o entusiasmo, que desde sempre levam o ser
humano em busca de vida nas galáxias distantes, já se acenderam.
O novo planeta "Kepler
452 b" parece justamente uma Terra 2.0: tem um diâmetro semelhante – 60%
maior – e gira em torno de uma estrela
semelhante ao Sol, mas mais velha, com
um período de revolução de 385 dias, pouco mais do que o nosso ano, mas, acima
de tudo, ele faz isso em uma distância
idêntica. E é isso que faz com que os astrônomos exultem.
Conversamos a respeito com o padre José Gabriel Funes, diretor do
Observatório do Vaticano: "A novidade dessa descoberta é que estamos
diante de um planeta semelhante à Terra, mas um pouco maior, como as que se
chamam de 'super-Terras'. Ele gira em torno de uma estrela muito semelhante ao
nosso Sol e se encontra naquela que se chama de 'zona de habitabilidade', que
poderia ser hospitaleira à vida".
Eis a entrevista.
Pe. José Gabriel Funes - jesuíta e astrônomo, diretor do Observatório Vaticano |
Mas também poderia
nos dar algumas intuições a mais para entender o que aconteceu originalmente no
planeta Terra?
Pe. José G. Funes: Ainda estamos muito longe disso. Primeiro, devemos determinar se se
trata de um planeta terrestre, depois, se é da mesma composição e densidade da
nossa Terra. Além disso – talvez em 10 anos –, seremos capazes de observar a
atmosfera desses planetas e ver se há elementos que nos digam que realmente
haja uma possibilidade de vida, como o oxigênio, o hidrogênio, o carbono. Mas o
importante é continuar com esses esforços da pesquisa, porque nos ajudam e nos
colocam diante de uma perspectiva do ser humano mais ampla do que a de todos os
dias. Nesse sentido, eu acho que é uma coisa importante.
Ciência e fé, nesse
tipo de pesquisa, estão em harmonia?
Pe. José G. Funes: Não há uma diferença. Os resultados científicos são aqueles que a
comunidade científica aceita como válidos. Não há uma "ciência
católica" e uma "ciência não católica", há a ciência, que
certamente tem um modo de se aproximar da realidade diferente daquele que a
religião ou a fé nos dão, mas são duas coisas complementares. Isso certamente!
E também podem se ajudar reciprocamente. Eu penso que estamos nesse caminho...
Eu diria que a teologia poderá dizer algo sobre esse assunto apenas quando encontrarmos
algum resultado científico... É preciso esperar e ter paciência. Enquanto isso,
estudamos e continuamos com as nossas pesquisas.
Então, talvez, seja
a humildade o que essa descoberta mais nos ensina?
Pe. José G. Funes: Sim, e que há muito caminho a se percorrer, que façamos progressos, e
esses progressos sejam realizados graças ao trabalho de muitas pessoas. Isso
também demonstra a importância, a meu ver, da ciência e é uma coisa muito
bonita, que pode inspirar os jovens.
Traduzido
do italiano por Moisés Sbardelotto.
Para acessar a versão original, clique aqui.
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