«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 28 de julho de 2015

O QUE ESTÁ OCORRENDO COM A ECONOMIA CHINESA E COMO ISSO NOS AFETA?

Por que a China assusta

Editorial

Dependente da China como um país colonial depende da metrópole,
o Brasil tem motivos especiais para se assustar quando
a economia chinesa lança algum sinal de alarme.
Bolsas chinesas assistem à queda brusca no preço se suas ações

Com importações no valor de R$ 18,47 bilhões nos primeiros seis meses deste ano, o mercado chinês garantiu 19,6% da receita comercial brasileira. Com isso a China se manteve como principal destino das exportações do Brasil, embora o valor tenha sido 22,6% menor que o de um ano antes.

Essa redução já é muito ruim e qualquer indício de maior problema pode ser muito preocupante. O sinal de alerta voltou a soar ontem, quando o principal índice de ações da Bolsa de Xangai caiu 8,5%. Foi a maior queda em oito anos. Cerca de dois terços dos papéis listados nas bolsas caíram até o limite diário de 10%. Desde junho as companhias chinesas listadas em bolsa perderam cerca de US$ 3 trilhões de valor de mercado, mas a intervenção do governo, com injeção de US$ 120 bilhões, havia garantido alguma calma por várias semanas.

Com a nova queda na China, a tensão contaminou os mercados de todo o mundo e o recuo do Ibovespa, no pior momento, chegou a 1,18%. Na Europa, as bolsas fecharam no vermelh0, enquanto as americanas iniciavam a sessão em queda. Para atenuar a inquietação, o governo chinês acabou anunciando a intenção de manter o suporte às bolsas.

Rumores sobre o abandono dessa política haviam reforçado o nervosismo. Qualquer notícia negativa poderia desencadear uma nova corrida às vendas de papéis. O mercado chinês tornou-se particularmente inseguro com o aumento da participação de famílias de trabalhadores, estimuladas a investir em ações. Muitas se endividaram para entrar no jogo. Por isso, problemas sérios nas bolsas poderão afetar perigosamente outras áreas da economia.

A nova notícia ruim apareceu nas contas das grandes indústrias. Em junho seu lucro foi 0,3% menor que o de um ano antes. No mesmo tipo de comparação, os relatórios haviam mostrado aumentos de 2,6% em abril e 0,6% em maio. Na pior hipótese, esses números indicariam uma tendência de redução gradual dos ganhos industriais, mas há pouca base, por enquanto, para essa conclusão. Na primeira estimativa, o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre foi 7% maior que o de um ano antes. As estatísticas até agora conhecidas apontam uma economia ainda vigorosa, em acomodação gradual a um ritmo mais baixo de crescimento.

Essa mudança de ritmo é parte de um programa oficial de reformulação do estilo de crescimento. Pelas novas estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI), a economia chinesa deve crescer 6,8% em 2015 e 6,3% em 2016.

Mesmo com essa acomodação a China se manterá entre os países mais dinâmicos do mundo, perdendo a liderança, na Ásia, apenas para a Índia. Mas a mudança de ritmo da atividade chinesa poderá – apesar da preservação de invejável dinamismo – afetar o mercado global de matérias-primas e de produtos semielaborados. Isso terá um custo para os países acostumados, por muitos anos, a suprir a enorme demanda chinesa de insumos básicos. Brasil, Argentina, Austrália e vários sul-americanos compõem esse grupo. A redução da demanda chinesa afeta esses países diretamente – pelo volume de vendas – e indiretamente – pelo efeito depressivo sobre os preços.

A dependência brasileira do mercado chinês é particularmente grave. Neste ano, até junho, o Brasil exportou só US$ 597,55 milhões de manufaturados para a China, 3,23% do valor vendido para lá. Somados os semimanufaturados, chega-se ao total das vendas industriais: US$ 2,82 bilhões, 15,26% da soma total. As vendas de industrializados para os Estados Unidos, de US$ 8,97 bilhões, foram 75,18% do valor exportado para o mercado americano. Isso inclui US$ 6,85 bilhões de manufaturados. A China é um excelente mercado para muitos países. Para o Brasil, funciona como metrópole colonial. Isso torna muito assustador qualquer sinal de enfraquecimento do mercado chinês.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Notas e Informações – Terça-feira, 28 de julho de 2015 – Pg. A3 – Internet: clique aqui.

Entenda o tumulto chinês

The New York Times 
Operadores da Bolsa de Valores de Xangai (China) se desesperam diante da queda das ações
O colapso do mercado chinês de ações nas semanas mais recentes levou o governo do país a agir com agressividade para deter o declínio. Se o valor das ações continuar a cair, o resultado pode ser a erosão da confiança do consumidor na China, desacelerando ainda mais a já enfraquecida economia do país e trazendo possíveis implicações dolorosas para a economia global.

As ações chinesas tiveram alta quase ininterrupta, dobrando de valor no período de 12 meses encerrado em 12 de junho. Milhões de famílias de classe média e trabalhadora tinham apostado alto nas ações, frequentemente tomando empréstimos para fazê-lo e, com isso, estimulando a alta. Mas a valorização não tinha base nos fundamentos econômicos, despertando temores de uma bolha.

Enquanto estrangeiros e instituições domésticas compravam ações de empresas grandes de ramos relativamente estáveis, as famílias de classe média e trabalhadora compraram, principalmente, ações de preço mais baixo de empresas médias e pequenas e continuaram comprando ações desse tipo simplesmente porque estavam em alta.

Balanços patrimoniais fracos e problemas crônicos com a governança corporativa de muitas dessas empresas ficaram de lado.

Os investidores estão perdendo a fé. Após uma queda de mais de 7% nos mercados de Xangai e Shenzhen no dia 26 de junho, o banco central chinês respondeu no dia seguinte com um corte nos juros, dizendo agir para sustentar a economia. Um declínio generalizado nas ações se prosseguiu, levando o governo a agir com agressividade.

No dia 9 de julho, as ações tiveram alta após uma série de medidas de sustentação ao mercado serem anunciadas pelo governo. No dia 27 de julho, o principal índice de ações de Xangai teve queda de 8,5%, a maior queda vista num só dia em oito anos, trazendo novas dúvidas diante das medidas do governo para sustentar o preço das ações.

1. O que a China está fazendo com a venda em massa?

As lideranças do Partido Comunista da China estão tentando restaurar a confiança e estabilizar o mercado antes que as coisas fiquem feias demais em casa, introduzindo novas soluções quase todos os dias. Desde 25 de junho, o governo chinês tentou uma série de medidas econômicas para deter o declínio:
  • Os juros foram cortados,
  • mais crédito foi oferecido aos compradores de ações e
  • foram prometidas investigações contra suspeitos de envolvimento em manipulações do mercado.
  • As casas de corretagem receberam ordem de injetar bilhões de dólares no mercado.
  • E fundos lastreados pelo governo vão destinar bilhões para sustentar as ações de empresas em declínio.

Uma onda de medidas adicionais tem o objetivo de sustentar os preços:
  • As transações envolvendo ações foram cortadas.
  • Ofertas públicas iniciais foram suspensas.
  • E a autoridade regulatória da indústria atuarial chinesa tornou as regras mais flexíveis para que as seguradoras pudessem investir mais facilmente em ações.

No dia 8 de julho, o Ministério de Finanças da China prometeu “adotar medidas para proteger a estabilidade dos mercados de capitais”, principalmente nos empreendimentos financeiros de propriedade do governo.
A jogada indica que esse esforço amplo está sendo dirigido pelos mais altos escalões do Estado. E novas medidas podem ser anunciadas, conforme as autoridades tentam estimular a economia e impedir que o mercado sofra uma queda demasiadamente brusca.

2. Qual é o grau de exposição dos investidores estrangeiros?

Os mercados chineses só começaram a ser abertos para os investidores de fora recentemente, de modo que os participantes estrangeiros não estão muito expostos ao declínio.
Esses investidores [estrangeiros] são donos de cerca de 4% das ações chinesas. E suas propriedades se concentram bastante nas empresas maiores, cuja volatilidade é menor que a das empresas menores.
Mas o colapso no mercado de ações pode se alastrar rapidamente. O mercado de Hong Kong suportou rodadas anteriores de vendas generalizadas, mas teve queda no dia 6 de julho após as medidas anunciadas pelo governo chinês. E os estrangeiros investiram bastante no mercado de Hong Kong, funcionando muitas vezes como intermediário da China continental.

3. Será que os problemas do mercado de ações chinês vão afetar a economia global?

Possivelmente. A China possui a segunda maior economia do mundo. É a maior importadora de commodities [carne, soja, açúcar, minérios etc.], compradas de países como Austrália e Brasil. A China é também uma grande compradora de equipamento de fábrica e outros tipos de maquinário da Alemanha e de outros países.
Se o declínio no mercado de ações chinês afetar a confiança do consumidor, isso pode levar a uma desaceleração nessas compras. Se a fraqueza do mercado de ações contagiar a economia chinesa no longo prazo, talvez Pequim seja levada a reavaliar seus empréstimos e investimentos no exterior.
Muitos países, indústrias e empresas passaram a depender do dinheiro chinês para financiarem o próprio crescimento. Mas o investimento externo chinês ainda pode aumentar se empresas e indivíduos buscaram segurança no exterior.

Traduzido do inglês por Augusto Calil.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Economia – Terça-feira, 28 de julho de 2015 – Pg. B7 – Edição impressa.

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