«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Desemprego não para de aumentar. Qual a saída?

João Sicsú
Economista

Quem paga muitos impostos são os pobres, os trabalhadores e a classe média.
Quem não paga ou é aliviado são os grandes empresários,
os latifundiários, os rentistas e os milionários.
O nível de desemprego ainda não pode ser considerado alarmante.
Mas a trajetória crescente é desesperadora!

Tudo acontece como o esperado. Mês após mês o desemprego sobe. E é sempre maior que o mesmo mês de 2014. E o rendimento médio real dos trabalhadores nas seis grandes regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE recuou 5,0% em relação a maio de 2014.

É verdade que o desemprego já foi muito maior do que é hoje. Em maio de 2003, era 12,9%. O nível de desemprego ainda não pode ser considerado alarmante. Mas a trajetória crescente é desesperadora. Associado a esse problema, vem outra dificuldade, evidente e muito grave. O emprego formal, com carteira assinada, também vem sofrendo queda acentuada. O saldo de geração de empregos formais no ano é negativo. Já foram fechados mais de 278 mil postos de trabalho com carteira assinada de janeiro a maio.

No Brasil da última década, o mais importante instrumento de inclusão social foi o acesso ao trabalho e, especialmente, o trabalho com carteira assinada. O emprego com carteira assinada concede direitos, de férias, de 13º salário, de seguro-desemprego etc. E oferece, além disso, a possibilidade da compra a crédito. Por exemplo, permite a compra de forma parcelada de uma máquina de lavar, que é essencial em uma casa, porque possibilita mais horas para o descanso, o lazer e para a família.

A atual exclusão social decorrente do desemprego é resultado da política de austeridade do governo que visa o chamado ajuste fiscal. O governo deseja reduzir o déficit nas contas públicas. E corta gastos e direitos trabalhistas e sociais.

Sim, é preciso reduzir o déficit do ano passado que foi de 6,7% do PIB. Tal déficit não foi produzido por uma “gastança” pública dirigida a programas sociais. Foi produzido devido à baixa arrecadação, já que o crescimento econômico foi pífio, e devido aos gastos do governo feitos para beneficiar empresários e rentistas. Aos empresários, foi feita uma transferência, na forma de desonerações, de mais de R$ 100 bilhões (2,1% do PIB). Aos rentistas [aqueles que possuem títulos do governo federal], foram pagos mais de R$ 300 bilhões (6,1% do PIB).

O país tem que voltar a crescer para gerar empregos, arrecadação tributária e melhorar suas contas públicas. É preciso gastar, e não cortar gastos públicos, para estimular o crescimento. É preciso gastar certo e com qualidade. Gastos públicos com pagamentos de juros e desonerações não geram empregos. É preciso gastar realizando obras na construção civil, que geram muitos empregos: ampliar o programa Minha Casa, Minha Vida, construir escolas, hospitais e infraestrutura urbana e rural.

Novos gastos públicos não devem ser financiados com mais déficit público. Não é preciso ser muito inteligente para perceber que há outras fontes de financiamento. Aliás, não é uma questão de inteligência, mas sim de escolha de projeto e de coragem política. As grandes empresas, bancos, latifundiários, ricos, milionários e bilionários poderiam começar a financiar o desenvolvimento brasileiro.
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Há no Brasil uma grande injustiça tributária. Quem paga muitos impostos são os pobres, os trabalhadores e a classe média. Quem não paga ou é aliviado são os grandes empresários, os latifundiários, os rentistas, os ricos, os milionários e os bilionários brasileiros.

Uma reforma que faça justiça tributária seria uma fonte imensa de recursos para garantir empregos e financiar os gastos públicos de um modelo de contínuo crescimento. Com uma reforma justa, a receita pública aumentaria e a economia seria dinamizada pelos gastos feitos por aqueles que ganham menos e que, portanto, gastam toda a sua renda disponível.

A justiça tributária poderia começar já, antes de uma reforma, com a cobrança efetiva daqueles que comprovadamente devem impostos e não pagaram (são devedores que estão inscritos na dívida ativa da União). Cabe à Procuradoria Geral da Fazenda fazer está cobrança ou execução.

Fica aqui um número estarrecedor: segundo a Procuradoria da Fazenda, comprovadamente são devidos ao governo federal UM TRILHÃO DE REAIS de impostos não pagos. Esse TRILHÃO DE REAIS não para de crescer – e o governo federal somente consegue recuperar 1,3% desse montante ao ano.

Fonte: Carta Capital – Economia – 06/07/2015 – 01h38 – Última modificação em 06/07/2015 às 15h12 – Internet: clique aqui.

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