16º Domingo do Tempo Comum – Ano B – Homilia
Evangelho:
Marcos 6,30-34
6,30 Os apóstolos voltaram para junto de Jesus e
contaram-lhe tudo o que haviam feito e ensinado.
31
Ele disse-lhes: "Vinde à parte, para algum lugar deserto, e descansai um
pouco". Porque eram muitos os que iam e vinham e nem tinham tempo para
comer.
32
Partiram na barca para um lugar solitário, à parte.
33
Mas viram-nos partir. Por isso, muitos deles perceberam para onde iam, e de
todas as cidades acorreram a pé para o lugar aonde se dirigiam, e chegaram
primeiro que eles.
34
Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e compadeceu-se dela, porque era
como ovelhas que não têm pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas.
JOSÉ ANTONIO
PAGOLA
COMO OVELHAS SEM PASTOR
Os
discípulos, enviados por Jesus para anunciar o seu Evangelho, voltam
entusiasmados. Falta-lhes tempo para contar ao seu Mestre tudo o que fizeram e
ensinaram. Pelo que parece, Jesus quer
escutá-los com calma e convida-os a retirar-se «a sós para um sítio tranquilo
para descansar um pouco».
As pessoas alteram todo o
plano. De
todas as aldeias correm a procurá-lo. Já não é possível aquela reunião
tranquila que tinha projetado Jesus a sós com os seus discípulos mais próximos.
Quando chegam ao lugar, a multidão invadiu tudo. Como reagirá Jesus?
O evangelista
descreve com detalhe a sua atitude. Jesus
nunca fica incomodado pelas pessoas. Fixa seu olhar na multidão. Sabe
olhar, não só às pessoas concretas e próximas, mas também a essa massa de gente
formada por homens e mulheres sem voz, sem rosto e sem importância especial. Em
seguida, desperta nele a compaixão.
Não o pode evitar. «Teve pena deles». Ele leva toda aquela gente bem dentro do seu
coração.
Nunca
os abandonará. Vê-os «como ovelhas sem pastor»: pessoas
sem guias para descobrir o caminho, sem profetas para escutar a voz de Deus.
Por isso, «começou a ensina-lhes com calma», dedicando-lhes tempo e
atenção para alimentá-los com a sua Palavra curadora.
Um dia teremos que rever diante
Jesus,
nosso único Senhor, como olhamos e
tratamos essas multidões que estão se afastando pouco a pouco da Igreja,
talvez porque não escutam entre nós o seu Evangelho e porque já não lhes diz
nada os nossos discursos, comunicados e declarações.
Pessoas simples e boas que
estamos decepcionando porque não veem em nós a compaixão de Jesus. Crentes que não sabem a
quem acudir nem que caminhos seguir para encontrar-se com um Deus mais humano do
que aquele que apercebem entre nós. Cristãos
que se calam porque sabem que a sua palavra não será levada em conta por
ninguém importante na Igreja.
Um
dia o rosto desta Igreja mudará. Aprenderá
a atuar com mais compaixão; esquecerá os seus próprios discursos e escutará
o sofrimento das pessoas. Jesus tem
força para transformar os nossos corações e renovar as nossas comunidades.
Traduzido do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.
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