Por que é difícil o Brasil dar certo?
Elites negam-se a dar sua contribuição para
resolver a crise econômica e social
Redação
Economista Marcio Pochmann* afirma que frente ao esgotamento
das políticas anticíclicas país precisa pensar em reformas estruturais, mas que
essas esbarram nos ricos e no Congresso dominado pelo capital
Marcio Pochmann - economista e cientista político |
As elites
brasileiras não aceitam fazer sua contribuição para resolver a situação de
crise do país, criticou hoje (29 de julho) o economista, professor e escritor
Marcio Pochmann em entrevista à Rádio Brasil Atual. “Os que mandam no país não aceitam pagar mais impostos”, afirmou,
destacando que o esgotamento de políticas anticíclicas, como as desonerações da
indústria para motivar o consumo, exige
que o país adote reformas mais profundas para continuar combatendo a pobreza.
“A
economia mundial continua extremamente frágil e o Brasil foi resistindo por
mais tempo possível nessa tentativa das políticas anticíclicas. Só que isso
acabou levando a uma incapacidade de o país continuar nesse rumo sem que
fizesse reformas mais profundas, como é o caso de angariar recursos para o
Estado através de uma reforma tributária
que onerasse mais os ricos, os poderosos. E isso se tornou difícil e um
problema político porque os que mandam no país não aceitam pagar mais
impostos”, afirmou.
Pochmann
também disse que o país vive “uma luta política em que o Estado tenta se
reorganizar, mas há de certa maneira um bloqueio que vem dos ricos, que não
aceitam fazer sua contribuição, e isso acaba sendo feito pelos mais pobres e
pela parte produtiva e não financeira”, disse. Ele destacou que o setor financeiro hoje opera com taxas de
juros extremamente elevadas, com ganhos "extraordinários".
"Esse é o problema político do Brasil, é como enfrentar aqueles que se
protegem e que mandam no país, em um momento difícil em que a política tem
ajudado muito pouco nesse enfrentamento."
Com
seu perfil conservador e dominado pelos ditames do capital, o Congresso Nacional também pouco tem feito
pouco para que o problema possa ser enfrentado. “O sofrimento da Nação
hoje, principalmente os mais pobres, deve-se à ausência de uma maioria política
que possa enxergar no país um outro caminho. Vamos lembrar, por exemplo, que o
Brasil é um país em que 86% de sua população vivem nas cidades. Os problemas do país são urbanos, é o
transporte, saúde, educação, no entanto, entre os eleitos em 2014, a maior
bancada parlamentar é formada por ruralistas. Quer dizer, os que estão no
Congresso representam interesses do campo e não das cidades. E os interesses das cidades não reverberam ou
se transformam em iniciativas que possam ter encaminhamento pelo Legislativo”.
Ouça a íntegra da entrevista de Pochmann
para a Rádio Brasil Atual, clicando aqui.
*
Marcio Pochmann, gaúcho de Venâncio Aires, formou-se em Economia pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em 1984. Entre 1985 e 1988
concluiu sua pós-graduação em Ciências Políticas e foi supervisor do Escritório
Regional do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos
Socioeconômicos (Dieese) no Distrito Federal, além de docente na Universidade
Católica de Brasília. Em 1989, mudou-se para o Estado de São Paulo, onde
iniciou seu doutorado – concluído em 1993 – em Ciência Econômica na
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), tornando-se pesquisador do Centro
de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit), do qual seria
diretor-executivo anos mais tarde, assim como membro do corpo docente da
Unicamp (Fonte: Wikipédia).
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